Dercy: denúncias de irregularidades e complô para tirá-la do Sindicato
Polêmico e conturbado desde o nascedouro, o processo eleitoral para escolha próxima diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, realizado no último dia 30 de maio, vem rendendo muita confusão e deve terminar em breve sobre a mesa de um juiz. É que o candidato perdedor, Assiz Monteiro, pediu a anulação da eleição alegando a ocorrência de diversas irregularidades cometidas pela atual presidente do Sindicato e candidata à reeleição, Dercy Teles de Carvalho Cunha.
Assiz Monteiro acusa a atual diretoria do Sindicato de promover uma farra de filiações nos dias que antecederam a eleição, associando pessoas que não possuem nenhuma ligação com a categoria dos trabalhadores rurais, entre elas fazendeiros, taxistas, professores radicados na zona urbana e até uma vereadora, Maria Luceni, do PV, partido ao qual Dercy Cunha é filiada. A comissão responsável pela eleição acatou o pedido e considerou sem efeito o resultado do certame eleitoral.
“Fazendeiros e moradores urbanos foram sindicalizados de última hora pela atual gestão, garantindo um número enorme de eleitores sem nenhum vínculo com a atividade de trabalhador rural, que é a essência da existência do nosso sindicato”, denuncia, em nota divulgada na imprensa, Assiz Monteiro, que é um antigo militante petista e parceiro de Chico Mendes na época em que os seringueiros de Xapuri se organizaram contra os fazendeiros que devastavam a floresta.
“Só o fato de fazendeiros votarem nesta eleição já é um absurdo sem tamanho. O STRX nasceu exatamente para se contrapor ao acelerado processo expulsão do trabalhador rural de seu ambiente natural na década de 1980, capitaneado pelos pecuaristas de Xapuri. Se hoje existe uma convivência pacífica, ela não significa que estas categorias de trabalhadores sejam as mesmas, os interesses continuam sendo conflitantes e é preciso que as identidades sejam preservadas”, concluiu.
Dercy Cunha, que venceu a eleição por apenas 6 votos de diferença, garantiu que vai recorrer à justiça para assegurar o resultado vitorioso na assembléia e acusou Assiz Monteiro de engendrar uma manobra política para tornar ilegítima a sua eleição. Dias antes da assembléia, uma ação cautelar impetrada junto à Justiça do Trabalho por Assiz Monteiro já havia quebrado a rotina de somente ser permitido o voto dos associados que estivessem em dias com suas contribuições sindicais.
No dia da eleição, por força da decisão judicial, associados adimplentes e inadimplentes votaram, mas em urnas separadas e somente os primeiros receberam crachás de identificação. Dercy venceu em ambas as urnas e denunciou a utilização, pela chapa derrotada, de um aparato financiado pelo governo do Estado e prefeitura de Xapuri. Sobre as denúncias de irregularidades, principalmente sobre o fato de fazendeiros constarem na relação de votantes, ela afirma que a coisa é antiga.
“Com relação aos fazendeiros a quem Assiz se refere, ressaltamos que os mesmos só estão sendo questionados agora, porque deixaram de fazer parte da sigla partidária do candidato. Todos esses fazendeiros filiaram-se ao sindicato quando o mesmo era gerido pelo grupo ao qual o candidato derrotado pertence, que administrou a organização por 17 anos - não somente o sindicato, mas as entidades de Xapuri, inclusive a prefeitura, sendo que todas ficaram falidas”.
Intimamente ligado com o PT desde a fundação do partido no Acre, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, criado em 1977, se afastou da agremiação a partir da desfiliação de Dercy Cunha, que trocou o Partido dos Trabalhadores pelo PV, junto com outros antigos militantes petistas. Iniciou-se aí uma disputa política acirrada sem precedentes na história do Sindicato, que culminou com essa grande polêmica na atual eleição, que ainda parece estar longe de ter um ponto final.
“Sindicato Cartorial”
Quartel General de Chico Mendes nas lutas contra a devastação da floresta e expulsão dos seringueiros de suas terras, o Sindicato de Xapuri tornou-se símbolo da resistência dos trabalhadores rurais na região. Criado com a finalidade de fortalecer a luta dos trabalhadores, sua importância extrapolou, no passar dos anos, a condição de simples organização sindical e se tornou objeto de interesses políticos partidários, tendo servido, nos últimos 20 anos, mais ao segundo objetivo que ao primeiro.
Na eleição do último dia 30 de maio, o que se viu foi uma grande movimentação de políticos locais diretamente ligados às últimas eleições e certamente participantes da próxima, como foi o caso dos ex-candidatos à prefeitura de Xapuri, Márcio Miranda, do PSDB, e Manoel Moraes, do PSB, representado por sua mulher Maria Moraes. Outros ex-candidatos, como Márcio Bittar (PPS) – ao governo do Acre em 2006 - e Ermício Sena (PT) – a deputado estadual na mesma eleição – também estiveram em Xapuri manifestando a esta ou aquela chapa.
Outra característica que marca o Sindicato de Xapuri na atualidade é a condição de entidade que muitas vezes é procurada apenas para expedir certidões e outros documentos para fins de benefício pessoal. A grande maioria dos associados não participa da vida sindical da instituição. De acordo com atual diretoria do STRX, a entidade possui mais de 3 mil associados inscritos. Destes, apenas cerca de 400 pagam regularmente suas contribuições. Mesmo com a decisão da justiça que deu direito de votos a associados inadimplentes, apenas 656 compareceram à eleição do último dia 30 de maio.
2 comentários:
Eles querem ganhar no tapetão mesmo, se isso acontecer será o fim da picada.
Eu acredito que o velho PT de guerra não vai aceitar essa tentativa de ganhar no tapetão, pois o tiro vai sair pela culatra e não vai haver unidade ano que vem, tem um pessoal conhecido em Xapuri como o G8, são os donos do PT de Local, só eles estão certos eles são a raça ariana os puros, os outros partidos como PSB,PC do B e PV na visão deles não servem pra nada, basta tomar o sindicato no tapetão que em 2012 que não esta muito longe vamos ter surpresa lembram que a diferença do bira foi so de 500 votos.
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