terça-feira, 30 de junho de 2020

O asfaltamento da Variante: promessa ou realidade?

A rodovia estadual também conhecida como Estrada do Café, uma das duas ligações que a cidade de Xapuri possui com a BR-317 - a outra é a asfaltada Estrada da Borracha -, mais uma vez entra na pauta política do estado.

A assessoria do senador Marcio Bittar (MDB) informou, no começo desta semana, que o representante acreano pediu recentemente à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, celeridade na liberação de R$ 23 milhões destinados à reconstrução e asfaltamento da importante via de acesso.

Em dezembro do ano passado, Bittar anunciou a aprovação dos recursos no Orçamento Geral da União (OGU) para este ano junto como o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado e do Congresso Nacional, que acabara de visitar o Acre. De lá para cá, pouco se falou sobre o assunto e, mais ainda com a chegada da pandemia, nada aconteceu de concreto a respeito do começo das obras. 

O asfaltamento da estrada é um sonho antigo da população de Xapuri, especialmente dos que vivem e produzem ao longo de seu curso. Tendo passado por diversas obras de recuperação ao longo dos últimos anos, em nenhuma ocasião os serviços tiveram qualidade suficiente para que a rodovia voltasse a ter tráfego normal como ocorria há cerca de 20 anos. Em determinados momentos, ela foi a via de acesso a Xapuri mais usada por quem tinha como destino a cidade.

Com cerca de 18 quilômetros, a estrada corta um dos mais antigos projetos de assentamento do INCRA, o loteamento Aquidaban, um pedaço de terra de mais de 7.500 hectares, que pertencia ao Estado. A região foi repassada ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária, em 23 de outubro de 1974, pelo então governador Francisco Wanderley Dantas, através do decreto nº 554 de 23/10/74.

A estrada dá acesso a diversas comunidades rurais do município, entre elas o Polo Agroflorestal da Variante, um projeto que destinou um pedaço de terra para famílias que viviam na periferia da cidade, numa tentativa de inverter o êxodo rural. É por ela que os produtores de duas comunidades importantes escoam seus produtos até a cidade: Morro Branco e Ribeiracre. 

Além disso, a Variante também é usada como corredor para os extrativista da Resex Chico Mendes que saem dos seringais Albrácia e Palmari. A única alternativa existente para essas populações chegarem até Xapuri é a navegação pelo rio Acre, solução hoje adotada apenas em casos de extrema necessidade, em razão da distância e dificuldade oferecidas pela viagem de barco.

A rodovia começou a perder atenção do governo estadual depois do asfaltamento da antiga estrada do Entroncamento, rebatizada de Estrada da Borracha e inaugurada pelo governo Jorge Viana. Com esse advento, a velha Variante deixou de ser usada como entrada e saída de Xapuri, perdendo até mesmo o status de estrada para se tornar mero ramal. 

Há quem esteja dizendo que a nova informação da assessoria do senador relacionada à liberação dos recursos para a obra seja eleitoreira, o que eu não acredito, com base na informação de dezembro, de Bittar e Alcolumbre, de que a verba já estaria aprovada no OGU desse ano. Assim como a também muito sonhada Ponte da Sibéria, o asfaltamento da Estrada da Variante são aspirações do povo de Xapuri que não merecem menos que o empenho e a dedicação dos nossos representantes.

Discordo da opinião de que a concretização de uma grande obra signifique imperiosamente que o eleitor tenha que votar nesse ou naquele político, ou em quem ele mandar. A boa gestão dos recursos públicos em benefício das necessidades essenciais da população é mera obrigação dos representantes políticos em geral, o que não impede que a eles seja atribuído o devido crédito. Mas para-se por aí. 

O voto é um instrumento sagrado e muito mais representativo do que um simples agradecimento ou pagamento de favor. Não é objeto de troca, mas de afirmação da cidadania e da maturidade de quem sabe escolher o que é melhor para si e para os seus. Como entusiasta do desenvolvimento e de tempos cada vez melhores para quem vive em Xapuri, nego-me ao ceticismo de que a iniciativa do senador seja apenas uma promessa.

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