Luís Angelo Vilela Tannus
Cuidado bicudo, cuidado arara, cuidado azulão!
O homem que pega, que fere e escraviza chegou.
Cuidado canário, cuidado sanhaço, voa gavião;
O homem que prende, que mata e que vende te olhou.
Cuidado na mata, senão ele mata.
Cuidado no chão, senão ele pisa.
Cuidado na água, senão ele fisga.
Cuidado no ar, senão ele mira
E atira...
Cuidado no rio, no mar, no canal,
Cuidado na terra, no campo, na fonte;
Aos carrapateiros que limpam curral,
Cuidado na cerca, no gado e no monte.
Cuidado dobrado, tenham no arrozal.
Cuidado também ao pousar na roseira.
Cuidado graúna, cuidado pardal,
E o pica-pau, que tem asa ligeira.
Cuidado araponga, inhambu e tiziu,
Cuidado pombinha, mantenha-se alerta,
A sanha do homem é pior que o fuzil,
Te olha, te mira, te atira, te acerta.
Cuidado perdiz, cuidado andorinha,
Cuidado ararinha, cuidado falcão;
Cuidado tesoura, cuidado rolinha,
Cuidado com o tiro, a pedrada, o alçapão.
Cuidado gaivota, cuidado marreco.
Avise ao jacu, ao tucano e à mulata.
Cuidado que o homem te dá um peteleco,
Te prende, te humilha, te fere e te mata...
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