Já fui repreendido por dedicar tantas postagens à obra-prima da administração do ex-prefeito Vanderley Viana, o polêmico portal de entrada da cidade, que nasceu em meio a denúncias de irregularidades e questionamentos quanto à sua importância e agora ameaça sucumbir depois de ter sido atingido pela carga de uma carreta que transportava máquinas da usina termelétrica da empresa Guascor do Brasil, desativada em Xapuri há alguns meses.
Prometi não mais tocar no assunto, mas depois de ler o que escreveu o jornalista Jairo Carioca em seu blog - e também no Ac24horas, do jornalista Roberto Vaz - não consegui me conter. Carioca exagera afirmando que “os moradores do município de Xapuri estão revoltados com o descaso da atual administração com a obra do Portal de Entrada da cidade que há cinco meses encontra-se em ruínas”, depois do acidente acima mencionado.
Famílias tradicionais estariam com seus sentimentos mexidos pela possibilidade do “cartão-postal” de Xapuri ser “implodido” pela prefeitura e construído em outro lugar. Grupos extremistas católicos estariam inconformados com a mudança de local da obra que tem fixadas em seu alto as imagens de São Sebastião (Padroeiro do município) e de São Cristóvão (protetor dos motoristas). Para eles, “o Portal tornou-se um símbolo de respeito e de bênçãos aos que visitam Xapuri”.
Grupos extremistas católicos? Estaríamos nós na velha Irlanda do IRA, grupo terrorista que atormentava a vida de políticos e protestantes ingleses até pouco tempo? Em Xapuri, nos confins da Amazônia, desconheço a existência de tais criaturas, apesar de, aqui e acolá, testemunhar manifestações de preconceito entre uma e outra das muitas denominação que vemos surgir a cada dia.
A verdade é que a população de Xapuri não dá a mínima para o futuro do monumento. Tem mais com o que se preocupar. Os problemas da cidade são muitos e bem diversificados. O tal portal é apenas mais um deles. Consumiu dinheiro público de maneira obscura e só trouxe problemas para a cidade desde então. O acidente que lhe condenou à provável demolição é sinal da forma estapafúrdia e mal projetada como o mesmo foi erguido.
Nada contra a família do homenageado, Augusto Castelo Branco de Figueiredo, muito contrário, os que conheço eu estimo demais, principalmente uma das grandes professoras que tive, Wanda Hadad, esposa do ex-prefeito Jorgito Hadad, mas acredito que a obra, pela forma irregular como foi construída, mais ofende que homenageia a figura ilustre de um nordestino de valor que, como tantos outros, dedicou sua vida ao Acre e a Xapuri.
Se realmente for demolido, como recomendou o engenheiro Tadeu Ferreira Castelo, responsável pela primeira vistoria que apontou risco de desabamento, sou contra a sua reconstrução pelo simples fato de que acarretará mais dispêndio dos parcos recursos do município, que precisam ser aplicados em problemas mais prioritários. Creio eu que a administração do prefeito Bira Vasconcelos deve encontrar uma outra maneira para manter a justa homenagem a Augusto Castelo Branco de Figueiredo.
A prefeitura aguarda o resultado de uma segunda vistoria, solicitada ao Crea – Conselho Regional de Engenharia do Acre – para decidir se o portal vai mesmo ao chão ou se será restaurado. Se for recuperado, que pelo menos se retire dali as imagens católicas de São Sebastião e São Cristovão. A cidade tem uma grande população de protestantes e as estátuas postas no alto do portal ferem, em minha opinião, o princípio constitucional da laicidade do Estado. Não, não sou evangélico, sou católico mesmo.
7 comentários:
É incrível cara Sr. Raimari, quando se trata do atual prefeito, você o defende com garras e dentes... E o que ele fez até agora? Quais seus objetivos para essa pequena cidade? Para que possamos viver um ambiente em que todos se orgulhem da nossa princesinha. Não querendo defender o ex-prefeito, mas mostrar a população a realidade que enfrentamos.
Concordo plenamente que em Xapuri tem coisas mais importantes pra se cuida que o portal, que tal cuidarmos da limpesa da cidade. Que estar um lixo só? E o pior é sermos todos os dias recepcionados pelos urubus no telhado. Cidade limpa não atrai tal espécie.
Tá doido (a)?
Raimari,
Estive em Xapuri, terra que tanto amo, no final de semana passado
(21/22 de novembro). A cidade continua como sempre. Ou melhor, as pessoas.....Muitas críticas, reclamações, fuxicos, e coisa e tal.
Uma ótima que ouvi foi: “agora, o Governador vai fazer as coisas sozinho, pois o Prefeito não faz....ele esteve aqui... provocado por uma denuncia daquele rapaz da Federal, o Éden....” Será que se referia ao texto de Éden publicado por você recentemente?
Pois bem, o portal continua na mesma, o buraco em frente da casa de Chico também, uma rua foi asfaltada (a do IBAMA) e estão construindo algo onde já reinou “A Limitada”. É a OCA. Sobre a obra, ouvi alguns questionamentos tipo: “...mais de 1 milhão para centralizar atendimentos de órgãos da administração pública”?
Então, amigo, escrevo-te para reafirmar o que já coloquei em textos anteriores: o problema de Xapuri é único: falta de protagonismo da população. Só isso. É simples de resolver mais não é fácil. A cada ida minha até a velha princesa fico mais convencido disso. Resumo em uma frase: As pessoas perderam a capacidade de se articular, de cooperar, no sentido de, elas próprias, resolverem seus problemas. Parece que chamam isso de capital social.
Entretanto, depois do que um tal de João Maciel afirmou no seu blog, de que os xapurienses que moram fora, apenas ficam explorando em seus textos o grave quadro sociocultural com críticas vazias e oportunistas...sei lá.
Grande abraço
Carlos Estevão Ferreira Castelo
Falando em ruínas,
eu sugiro uma postagem sobre o movimento arte na ruína. No dia 29 agora o documentário "Arte na Ruína" vai ao ar pelo canal futura as 21hs no programa revelando os brasis, e já tem dialogo sobre a preservação do prédio para ser um palco teatral, Palto este construido pelo descaso e pela boa vontade.
Hoje o espaço se tornou história do teatro acreano quando se trata de intervenção teatral. bem é isso, fica sugerido, acho q temos mais informações.
Bom trabalho.
Falando em ruínas,
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Falando em ruínas,
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