Nayanne Santana
Ex-ministra do Meio Ambiente e senadora pelo Acre, Marina Silva concedeu entrevista coletiva aos jornalistas do Estado. Acompanhada da presidente do PV no Acre, Shirley Torres, e do médico Júlio Eduardo, o Julinho, que também faz parte da direção do partido, a ex-ministra acriana falou sobre sua saída do PT e sua filiação ao Partido Verde.
Marina também falou sobre a necessidade urgente que há dos países, empresas e agremiações devem discutir e implementar políticas ligadas ao desenvolvimento sustentável e, por fim, declarou que o candidato de sua preferência ao senado seria o governador Binho Marques (PT).
Filiação no PV
“A executiva nacional já havia pedido ao Dr. Julinho que me fizesse o pedido para ir para o Partido Verde, mas ele sempre me respeitou. O PV organizou uma reunião há uns dois meses e eu me dispus a ouvi-los. Foi uma conversa de quatro horas, em que eu mais ouvi do que falei. Eles trouxeram uma pesquisa, foi uma pesquisa feita por telefone, e eu disse que eu não ia me ater a pesquisas e que não ia doutrinar a minha decisão, a priori, a candidatura até porque se eu tivesse entrado no PT para ser candidata eu nunca teria sido candidata. Se tivesse que ter sido candidata por causa de pesquisas, nunca teria sido”, declarou. A senadora explicou que segue para o PV porque é um partido que está disposto a partir para o debate sobre a sustentabilidade de forma voluntária.
Saída do PT
“Nos últimos quatro ou oito anos, aprendi a não ter mais essa ilusão de que o PT seria um partido perfeito. O PT é um partido que tem problemas e que uma minoria cometeu erros e que uma grande maioria são pessoas de bem que dá contribuição para este país, inclusive o presidente Lula.
Discutir o desenvolvimento sustentável fora do PT
“Marina disse que muita gente chegou a questioná-la sobre os motivos pelo quais ela não entrava nesse embate de discutir o desenvolvimento sustentável dentro do PT. “Eu cheguei à conclusão que não se tratava de fazer um embate para ter que convencer o PT, mas que se tratava de promover um encontro com aqueles que estão se dispondo a colocar essa questão como prioridade. Tendo a clareza de que nem um partido vai hegemonizar esse tem. Esse tema deve está em todos os partidos.
Decisão difícil
Não foi uma decisão fácil, foi difícil. Eu não tenho uma postura de desconstruir tudo o que construímos juntos e tenho dito que não se trata de negar os frutos no celeiro das coisas que plantamos e que colhemos. Trata-se tão somente de jogar a semente em uma outra seara e é isso que eu estou me dispondo a fazer. Eu funciono muito com metáforas. Eu tive que fazer uma metáfora para que esse processo seja menos doloroso quando eu penso no Binho, no Jorge, na Júlia, no Lhé. O fato de você sair ara construir outra casa não significa romper com aquele povo que você morou durante tanto tempo na casa. Significa que você está agora numa outra rua, num outro bairro, numa outra vizinhança, mas a gente continua juntos. A nossa casa nunca foi tão comum, porque é essa casa chamada planeta”.
Candidatura
“Não sou, a priori, candidata. Eu disse isso para o PV. Eu estou em processo de transição para uma filiação, que está sendo construída para o dia 30 com a direção do PV. Sei dos desafios, sei das dificuldades e a decisão de candidatura é em 2010.
Agradecimentos
“Me sinto honrada em ter sido convidada como candidata prioritária do Partido Verde e me sinto honrada também pelas manifestações de respeito que o Brasil tem enviado, particularmente o apoio que o povo do Acre tem dado a mim, a própria Frente Popular”.
Nascente de água boa
Marina disse que o Acre embora seja um Estado pequeno parece uma nascente de água boa porque daqui saiu uma ministra e quase foram dois ministros. Também saiu um candidato à presidência do Senado. “Eu vejo essa água boa brotando não só da Frente Popular. Brotando do coração de todos os homens e mulheres”.
Chico Mendes
Ao falar sobre o companheiro de embates, que tanto a ensinou sobre o amor que ela tem pela Amazônia, Marina se emocionou e dirigiu seu pronunciamento a filha do líder seringueiro, Elenira Mendes. “Talvez, Deus, de alguma forma, me faz agora fazer esse gesto, também, para que eu possa devolver para a filha do Chico Mendes aquilo que ele me deu. O teu pai foi um professor [disse Marina a Elenira]. Ele me ensinou muitas coisas e quem sabe agora eu não tenho a oportunidade de nos meus 51 anos também te ensinar, porque tu és herdeira deste nome, dessa trajetória e o Acre, ainda vai se orgulhar muito de você que tem agora 25 anos”.
Dilma
“A ministra Dilma tem a visão dela, as posições dela, ocupa uma função. Eu tenho as minhas opiniões e visões. Eu não vou me colocar no lugar de vítima. Acredito o que defendo e defendo o que acredito e, a ministra defende o que ela acredita. Os brasileiros é que têm que fazer o julgamento do que é melhor para o Brasil”.
Apoio a FPA
“Sendo ou não candidata à Presidência, eu vou apoiar a Frente Popular no Acre”.
Binho senador
“Eu tenho que falar com muito cuidado, porque o Binho ficou chateado comigo na época da eleição para o governo do Estado porque o Tião não poderia ser candidato, o Jorge não poderia e eu que teria que ser a candidata, eu estava no ministério e achava que deveria continuar ajudando o governo com as políticas estruturantes e o Binho deveria ser o candidato e o Binho resistia. Graças a Deus ele foi candidato e está fazendo um excelente governo. E agora eu preciso ser muito cuidadosa porque eu não quero perder o amigo. Obviamente que se o Binho for candidato ao Senado pra mim seria uma benção e eu vou votar nele e fazer campanha pra ele”.
Fonte: A Tribuna.
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