Vinicius Torres Freire
O senador Flávio Arns (PT-PR) diz que, se a Justiça der sinal verde, sai do partido, dado o vexame de ontem, de cumplicidade no livramento de Sarney ("tenho vergonha de estar no PT").
A senadora Marina Silva (PT-AC) anunciou justamente ontem que sai do PT.
Goste-se ou não do que pensam, os dois não dançam em quadrilhas nem marcham em tropas de choque do cangaço político, de que somos reféns. Com a cobertura de Lula, fomos sequestrados pelos patronos da miséria e da opressão nos Estados mais desgraçados do Brasil.
Foi um dia de vexame sinistro para o PT, para o petismo-lulismo, para o governo Lula e para Lula. Foi um dia de crime de consciência. Crime a mando de Lula, que fez os senadores do PT votarem por Sarney. Senadores que, por sua vez, aceitaram a tese da "obediência devida", de história também sinistra.
Parêntese: tudo isso ocorre um dia depois de Lula colocar no mesmo saco a história de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e Fernando Collor. A mixórdia sinistra que Lula faz da história do país equivale à mixórdia que promove na política partidária.
Aloizio Mercadante (PT-SP), com cara de coveiro em tempo de epidemia, tentou limpar sua barra. Colocou à disposição o cargo de líder da bancada. Mas vai tentar a reeleição vestido com a mortalha do bloco do Sarney e Renan Calheiros. Assim como Ideli Salvatti (PT-SC), Delcídio Amaral (PT-MS) e João Pedro (PT-AM), da milícia de Sarney, que votaram por Sarney no Conselho de Ética. Salvatti, ressalte-se, fez parte da milícia que resgatou Calheiros da lata de lixo da história. Se Mercadante quiser começar a limpar a sua ficha, terá também de sair do PT.
E o mal que o PT fez à ideia de esquerda no Brasil vai durar gerações. Se não é uma peste terminal.
Vinicius Torres Freire é colunista da Folha de São Paulo.
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