Com uma riqueza natural sem proporção, a Amazônia preserva uma história de milhões de anos. Ainda assim, detalhes sobre quem viveu nessa área, o que comiam e o que faziam os ancestrais do atual povo amazônico até chegarmos aos dias atuais não são fatos totalmente conhecidos. Neste sábado, 5 de setembro, está sendo comemorado o dia da Amazônia, a maior floresta do mundo, que abrange os estados Acre, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia, Amazonas, Tocantins, Maranhão e parte do Mato Grosso. Parte dela se estende em terras da Venezuela, Guianas, Suriname, Bolívia, Colômbia, Peru e Equador. No total, a área da floresta corresponde a dois quintos da América do Sul.
O Amazonas, maior estado do país em termos territoriais, ainda guarda segredos nunca antes estudados. Em Eirunepé, no sul do estado, por exemplo, fósseis de animais gigantes, que viveram há milhares de anos na região, viraram enfeites exóticos em casas de ribeirinhos e de comunitários. Possivelmente, a falta de pesquisas e de orientações sobre o que essas peças representam, deixaram muitos desses objetos sem a devida importância histórica.
Entre os megafósseis encontrados no Amazonas, estão os do Toxodon - um gigante herbívoro, similar ao atual hipopótamo-, e os do crocodilo Purussaurus - que segundo cientistas, podia chegar a 18 metros de comprimento. A responsável pelo laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Amazonas, Rosemery Silveira, explicou que é considerado fóssil todo e qualquer vestígio de ser vivo preservado em rocha, ou seja, petrificado, e com idade superior a 11 mil anos.
- Ainda falta entender melhor como esses grupos de vertebrados evoluíram na América do Sul e por isso as pesquisas no campo da paleontologia são fundamentais - destacou.
Outras pesquisas revelam que a maior riqueza de fósseis no Amazonas está na área do Rio Juruá. Essas águas seguem justamente até o estado vizinho do Acre, onde já foram identificados mais de 200 geoglifos - sítios arqueológicos construídos há pelo menos 2 mil anos.
Outras pesquisas revelam que a maior riqueza de fósseis no Amazonas está na área do Rio Juruá. Essas águas seguem justamente até o estado vizinho do Acre, onde já foram identificados mais de 200 geoglifos - sítios arqueológicos construídos há pelo menos 2 mil anos.
Em julho passado, os pesquisadores Alceu Ranzi e Denise Schaan anunciaram a identificação de vinte novos geoglifos no Vale do Acre, elevando para 250 o número de estrutura catalogadas em Senador Guiomard, Rio Branco, Xapuri, Plácido de Castro, Acrelândia e Epitaciolândia.
Um geoglifo é uma marca na terra que, por suas dimensões, só é percebida se vista do alto. O desenho impresso no solo mede de 100 a 300 metros de diâmetro. Essas estruturas de terra se apresentam em formato de círculos, retângulos e outros.
Um geoglifo é uma marca na terra que, por suas dimensões, só é percebida se vista do alto. O desenho impresso no solo mede de 100 a 300 metros de diâmetro. Essas estruturas de terra se apresentam em formato de círculos, retângulos e outros.
Os geoglifos já fazem parte de uma lista do Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - o Iphan - que recomenda à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o tombamento dessas estruturas. Assim como as pirâmides do Egito e as ruínas de Machu Picchu, no Peru, os geoglifos do Acre poderão se tornar patrimônio cultural da humanidade. Para a arqueóloga do Museu da Amazônia Helena Lima, as curiosidades aqui citadas são apenas alguns exemplos de que a Amazônia concentra muitas informações que precisam ser melhor divulgadas.
- Precisamos descobrir, estudar e pesquisar muitas coisas, mas o mais importante é divulgar esse conhecimento. Tudo isso precisa chegar nas escolas e nas comunidades para que se possa de fato aprender as lições que essa história tem para nos ensinar - resumiu.
Parte da história da ocupação da Amazônia também passa pela África, como comprova pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco. O estudo descobriu que uma das colônias africanas mais ricas, criada pelos portugueses - a vila de Mazagão, no Marrocos - foi transferida para a Amazônia. Isso aconteceu por ordem do rei de Portugal, no século 18, para pôr fim às constantes invasões e saques que a vila de Mazagão sofria de outros povos interessados na riqueza desses marroquinos.
A escolha pela Amazônia foi uma estratégia e aliou a necessidade de impedir os conflitos constantes com o desejo da Coroa portuguesa de garantir a posse e o domínio da Amazônia brasileira. Depois de um tempo de pesquisa, a localização de restos da primitiva igreja e vestígios de outras unidades funcionais comprovaram a existência da Vila de Mazagão Velho exatamente onde hoje está o estado do Amapá.
Estudar a história da Amazônia poderá contribuir, por exemplo, para entender melhor como se processaram as mudanças climáticas na região, a contar do período pré-histórico até os dias atuais. Além disso, o país pode descobrir se a floresta sempre foi detentora da vasta riqueza biológica tão cobiçada atualmente.
Fonte: Agência Brasil.
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