Tenho lido algumas reportagens sobre os riscos de contaminação pelo parasita que transmite a doença de Chagas - o protozoário Trypanosoma cruzi - e conversando com algumas pessoas sobre o assunto fiquei preocupado com o grau de desinformação que atinge a população local a respeito do problema.
Em cidades como Xapuri é comum comprar o açaí na porta de casa, pronto para ser consumido, e sem que o consumidor tenha o menor conhecimento da procedência e da maneira como o produto foi preparado. Se foi foi devidamente lavado ou se a água utilizada na sua preparação era limpa.
Leio também na internet que a contaminação oral da doença de Chagas não é novidade. O primeiro surto de infecção humana por via oral foi relatado em 1968, em uma escola agrícola do município de Estrela (RS), onde 17 alunos apresentaram um quadro agudo da doença de Chagas e seis morreram. A fonte exata de contaminação não foi esclarecida, suspeitando-se de que tenha sido algum alimento contaminado. Outro surto semelhante ocorreu mais tarde em Catolé do Rocha (PB), atingindo 26 pessoas, com uma morte.
No entanto, o caso que mais chamou a atenção da mídia para o problema ocorreu em Santa Catarina, em março 2005. Neste caso um surto de doença de Chagas aguda atingiu 25 pessoas, resultando em três mortes. Aqui a contaminação ocorreu após a ingestão de caldo de cana contaminado com fezes do barbeiro, mosquito que é o hospedeiro natural do Trypanosoma cruzi.
É importante deixar claro que os riscos não estão diretamente ligados ao caldo de cana ou ao suco de açaí, alimentos que fazem parte da cultura dos acreanos, mas sim à forma com que os mesmos são preparados. Segundo os reponsáveis por um estudo liderado pela Unicamp (leia aqui), a correta higienização dos produtos antes de seu preparo ainda é o método mais importante de prevenção.
O que causa estranheza é que diante perigo de contaminação, uma vez que informação recente dá conta de que exemplares do barbeiro foram encontrados recentemente em Rio Branco, até agora não exista nenhum tipo de trabalho informativo por parte da Saúde sobre os riscos de contaminação via oral. Dessa forma, muita gente está consumindo açaí fabricado artesanalmente, sem se dar conta do risco que pode estar correndo.
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