Um seringueiro no céu

Nascido no Seringal Santa Fé, em Xapuri, órfão de mãe, o terceiro dos mais novos de uma prole de 11 filhos, José Batista era analfabeto até aos 13 anos de idade e hoje, aos 50, comanda um dos aviões mais modernos no mundo em rotas internacionais, o Airbus 350, pela empresa aérea TAM.

Foto: Evandro Derze/Ascom/Prefeitura de Rio Branco

Comandante Batista: de ex-seringueiro a comandante de Airbus

Tião Maia

Para chegar a isso, o ex-seringueiro disse nunca ter desistido de seus sonhos. Entrou para o Exército aos 18 anos, em Rio Branco, submeteu-se a um curso de cabo em Manaus (AM) e, como tinha vaga assegurada num curso de sargento graças às notas do curso anterior, parecia que seguiria a carreira militar. “Quando eu comuniquei a meus amigos que iria sair do Exército para perseguir meu sonho de ser piloto, alguém me disse: pior para você. Mas fui em frente”, contou.

Batista mudou-se inicialmente para Brasília, onde se tornou dono de um pequeno restaurante. “Cheguei a trabalhar até 18 horas por dia para poder pagar as aulas no aeroclube”, contou. Uma vez, o filho de um deputado, ao encontrá-lo com o uniforme dos alunos-pilotos, perguntou: “como é que você, um reles dono de restaurante pode fazer um curso para piloto e eu, filho de deputado, não posso?”. A resposta de Batista: “você não consegue porque você é você e eu, sou eu”.

De Brasília, após experiências até em garimpos como piloto privado, Batista seguiu para a Europa e Israel para aperfeiçoar o inglês. Para aprender francês, em Paris chegou a trabalhar como empregado doméstico na casa de uma cidadã alcoólatra. De volta ao Brasil, candidatou-se a uma vaga de piloto na China e retornou ao Brasil em 2007.

Na última semana, o comandante viajou ao Acre, onde participou, a convite do governador Jorge Viana, da aula inaugural da Escola Municipal de Governo em Rio Branco e contou a sua história de ascensão na vida. Na manhã desta sexta-feira, antes de voar para Brasília, com uma história de vida singular, acabou por dar uma autêntica aula de perseverança.

Fonte: agazeta.net