Carlos Estevão Pereira Castelo
Estive em Xapuri recentemente e constatei que a nova administração municipal está sob fogo cerrado (tiros de todos os lados - inclusive fogo amigo). Tive oportunidade de presenciar falatórios, fuxicos, críticas e etc. e tal em todos os cantos que perambulei na terrinha, de botecos a salas vips. Acho que não tem razão para tanto, ainda. Inclusive, minha opinião é que Xapuri está prestes a presenciar uma grande administração, é só esperar. Em outras palavras, é necessário ter paciência histórica.
O falatório, pelo que pude perceber, se concentra basicamente na não resolução dos problemas de infraestrutura que a cidade enfrenta (ruas com buracos, iluminação deficiente, etc). Pareceu-me, nas conversas que tive em Xapuri, que existia uma expectativa grande “de que tudo seria resolvido, rapidamente, principalmente porque a Prefeitura teria o apoio do governador e do presidente”. Outra crítica que pude presenciar, e que possui relação com a primeira, foi sobre uma tal “pobreza técnica da equipe de Secretários”. A coisa é mais ou menos assim: “como pode uma prefeitura administrada pelo mesmo partido do governador e do presidente, em três meses de administração não ter conseguido tapar sequer os buracos em frente da casa de Chico Mendes? É muita incompetência técnica”.
O burburinho que vi em Xapuri não foi surpresa, era de se esperar. A população anseia por resultados. E tem mais, os xapurienses observam os outros municípios crescendo. Até “Capixaba possui uma via expressa” afirmou uma das pessoas com quem conversei. Outro aspecto, que pode ter relação com as críticas, é que o prefeito foi eleito com 33% dos votos, isso significa que 67% dos eleitores votaram na oposição. Então, é “deitar falação” mesmo. Neste rápido texto, portanto, exponho algumas reflexões que reforçam (ou não), a afirmação inicial de que Xapuri está prestes a presenciar uma grande administração. O argumento central, relaciona-se com uma crença que tenho na capacidade realizadora do ser humano (vide Carl Rogers).
Acho que as coisas melhorarão em Xapuri, e muito, principalmente porque o prefeito Bira está acompanhado de gente de qualidade e disposta a trabalhar (muito disposta). Contrariamente a opinião daqueles que falam sobre “pobreza técnica” da equipe da prefeitura (secretários para ser mais específico), minha opinião é que se o sucesso da administração municipal acontecer estará vinculado diretamente às pessoas escolhidas pelo prefeito para ajudá-lo (a equipe é de primeira). É isso ai, se a nova administração tiver sucesso (e certamente terá), será razão direta do comportamento das pessoas que, atualmente, estão construindo a mesma. Atrevo-me a dizer que o comportamento da equipe que está hoje em Xapuri será mais importante do que o fato do governante municipal ser do mesmo partido do governante estadual e do Federal.
Quando avalio que a equipe escolhida pelo prefeito é de primeira, é obvio que não estou falando do ponto de vista técnico. Mais quem precisa de técnica quando se têm pessoas querendo aprender visando acertar? O que vi em Xapuri é um pessoal com grande capacidade de trabalho, muita humildade e vontade de querer aprender, e isso, para mim, é muito mais importante do que especialistas. A supervalorização da técnica como variável decisiva para o alcance de resultados é muito comum, é legitimo, eu até aceito, mais não concordo. Para mim, o comportamento antecede a técnica. Então, iniciativa e acabativa, comprometimento, capacidade de não desistir diante de obstáculos significativos ou de resultados inicialmente desanimadores, capacidade de correr riscos calculados, etc., são atributos mais interessantes do que o dito conhecimento técnico. E pelo que pude ver em Xapuri, grande parte do pessoal parece possuir esses atributos. Então, é só esperar. E tem mais, se precisarem de técnica, ou aprenderão com a prática ou, se necessário, solicitarão a ajuda de especialistas. É simples.
Olhando “de fora” avalio que os três primeiros meses foram de aprendizagem intensa, para todos da prefeitura. Só quem está com a mão na massa é que sabe o quanto precisa rebolar para, por exemplo, prestar contas de um convênio qualquer, firmado em gestões anteriores, onde nenhum documento é possível encontrar. É sempre assim em todo inicio de gestão. O negócio é ir arrumando a casa devagar, para depois decolar. Todo primeiro ano é sempre mais difícil. Trabalha-se com o orçamento do gestor anterior, a casa quase sempre está desarrumada, e por ai vai. Então, a experiência indica que se deve, no primeiro ano, planejar o futuro e, principalmente, trabalhar na captação de recursos.
◙ Carlos Castelo, o "Baratinha" é xapuriense, botafoguense, professor de Economia da Universidade Federal do Acre e entusiasta da administração "Todos por Xapuri". Também escreve num blog. Leia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário