quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O objetivo do Carnaval

Recebo email do capitão Denílson Lopes, comandante da Companhia de Policiamento Ambiental de Xapuri, cujo título é: Qual o objetivo do Carnaval? Gerar alegria ou encher presídios?‏ O oficial se refere a comentário meu, publicado neste blog, onde critico suposta intenção da Polícia Militar em encerrar os bailes carnavalescos às 3h00m da manhã sob a argumentação de que a partir deste horário aumentam as ocorrências policiais. Ele reclama, com certa razão, do fato de eu não haver consultado a versão da polícia antes de abrir o bico, atribuindo a mim, nas entrelinhas, ato de parcialidade jornalística.

Mas, como diz o dito popular, antes tarde do que nunca, vamos às explicações do comandante. O capitão Denílson esclarece que nos últimos anos o pedido da polícia é para que os bailes sejam encerrados às 3 horas da manhã nas três primeiras noites – já que em Xapuri ocorre a chamada quadra carnavalesca – e às 4 horas na última noite. Neste ano, em que os bailes foram encerrados às 03h30m da manhã nas primeiras noites e 06h30m na última, o número de ocorrências, segundo ele, disparou com relação ao ano passado.

Num comparativo simples, o comandante informa que em 2008, na última noite de Carnaval – encerrada às 4h00m da manhã – houve o registro de apenas 5 prisões contra 27 em 2009. No total foram 68 prisões durante o Carnaval. Esse raciocínio me leva a entender que para o capitão Denílson existe uma relação direta entre a ampliação do horário dos bailes com o aumento das ocorrências policiais e que o remédio para isso é encurtar o tempo de diversão dos brincantes. O Carnaval é o culpado e o folião paga a conta em nome daqueles que saem de casa com a intenção de causar problemas.

Então, fica claro que o que eu critiquei foi esse raciocínio, que pode fazer algum sentido do ponto de vista do senso comum, mas em minha opinião ilógico em uma observação mais apurada. A sociedade não pode viver refém da violência e dos criminosos, vândalos e outros tipos de imbecis que se empenham em perturbar a ordem pública. Não vejo problemas no fato de a delegacia amanhecer o dia lotada, isso significa que a polícia agiu com rigor e eficácia. Ruim é quando se registra mortes ou tentativas de homicídio, o que não ocorreu nesse Carnaval.

Sou da opinião de que os horários de encerramento dos bailes carnavalescos devem ser discutidos previamente pelos organizadores, polícia, justiça, et cetera. Uma vez definidos os horários, que sejam cumpridos e ponto. O folião já sairá de casa sabendo quando a folia termina. Só não concordo com a posição de conformismo diante da violência, atribuindo-se a este ou aquele fator as razões para sua ocorrência deixando-se de lado o diuturno empenho no seu combate e coibição.

Reconheço o empenho da Polícia Militar de Xapuri no combate à criminalidade, bem como os bons resultados obtidos nos últimos tempos em razão dessa determinação. Agora, acho que existe um despreparo em lidar com a crítica, instrumento tão salutar dentro do estado de direito em que vivemos. Não posso ser tachado de parcial pelo simples fato de expressar um pensamento divergente de qualquer outro. Não sou obrigado a consultar ninguém antes de fazer uma crítica a uma posição já tida como pública, como foi o caso desta, confirmada pelo comandante.


Não vivemos, felizmente, debaixo de nenhuma ditadura – muito menos da informação. Aliás, a informação, a crítica, o bom debate de ideias, é que nos tiram das trevas do pensamento retrógrado. A liberdade de pensamento e de expressão são das poucas coisas realmente úteis que nos garante a Constituição. Estou aberto para esse debate, sempre deixando claro que este espaço é amplamente democrático e está à disposição de todos que desejarem expor aqui o que pensam ou o que acham deste ou daquele tema. É só clicar aí embaixo e comentar.

4 comentários:

Rubens disse...

Percebo a preocupação do comandante da PM, pois quando durmo no boteco da Valteísa,em todas as madrugadas de final semana, sou acordado por ruídos de brigas e confusões - coisa de pegar ripa, sacar peixeira. Normalmente o policiamento comparece e põe fim à balbúrdia. Portanto, menos tempo na folia; menos tempo para se ultrapassar o limite do razoável etilismo. (Se é que isto existe!)

haroldo sarkis disse...

O comando da Pm realmente tem se preocupado com a segurança, já os subordinados "graduados" a tempo de serviços, parecem preocupar-se mais com as divisas do que com a boa prestação de serviço a sociedade e a imparcialidade. Vários fatores devem ser observados, um deles que posso ressaltar é como por exemplo, o número de foliões que prestigiaram o carnaval deste ano, que aos meus olhos talvez o dobro do ano passado, ao que se vê em Rio Branco não muito longe daqui a PM posiciona-se dentro do evento popular, a olhos de qualquer empura-empura para fazer seu trabalho preventivo ou repressivo, e não escorados em viaturas aguardando a ação de seguranças particulares que agem a bel prazer. E o que falar das vias de fatos e relatos de pessoas usando entorpecentes nas festas todos os finais de semana nas ruas de nossa cidade, talvez fiquemos mais assustados com esses números, é um trabalho preventivo, deve-se ter uma regularidade nas fiscalizações de bares, festas e ruas. Devemos aprender com os erros e nós todos temos que saber disseminar isso e fazermos justo o salário que recebemos para desenvolver nossos trabalhos e prestarmos bom serviço a população. Nada contra o comandante da Pm, aliás admiro muito sua pessoa e tenho uma consideração muito grande por ele, é apenas uma discordância dos números apresentados por ele e a comparação com o carnaval.
Muitos ainda virão e festas populares de qualidade como esta que acabamos de ter e esperamos poder ter segurança e não comparativos de dados.

haroldo sarkis disse...

Caro Raimari, gostaria de reiterar o comentário que fiz nesta matéria "O objetivo do carnaval". Quando me refiro a "Graduados" a tempo de serviço, de maneira nenhuma venho a inferiorizar ou mesmo desmerecer ou desqualificar ,o profissional militar e sim mostrar a quanto tempo estão nesta corporação e experiências que vêem acumulando a todos esses anos. Tenho muito respeito pela Polícia militar até porque já fui um, e tenho muitos amigos lá. A quem servir a crítica, desculpe-me e aceite-a como um incentivo para realização de um bom trabalho e um bom serviço prestado a população que tanto confia nesta corporação.

haroldo sarkis disse...

Caro Raimari, gostaria de reiterar o comentário que fiz nesta matéria "O objetivo do carnaval". Quando me refiro a "Graduados" a tempo de serviço, de maneira nenhuma venho a inferiorizar ou mesmo desmerecer ou desqualificar ,o profissional militar e sim mostrar a quanto tempo estão nesta corporação e experiências que vêem acumulando a todos esses anos. Tenho muito respeito pela Polícia militar até porque já fui um, e tenho muitos amigos lá. A quem servir a crítica, desculpe-me e aceite-a como um incentivo para realização de um bom trabalho e um bom serviço prestado a população que tanto confia nesta corporação.