terça-feira, 9 de setembro de 2008

Látex de Xapuri, terra de Chico Mendes



Tatiana Campos

Não é à toa que a matéria-prima utilizada na fabricação de preservativos masculinos vem de seringais nativos. A região abriga a Reserva Extrativista Chico Mendes, onde centenas de famílias vivem de produtos da floresta. Um dos objetivos do Governo do Estado ao planejar o investimento na fábrica de camisinhas era fomentar o desenvolvimento em bases sustentáveis.

A usina de centrifugação, primeira certificada pela ISO 9001:2000, é responsável por receber, centrifugar e armazenar o látex utilizado na produção de preservativos. A usina faz parte da fábrica e é necessária porque a matéria-prima é retirada diretamente da floresta e precisa ser processada, ao contrário das demais fábricas de preservativos brasileiras, que utilizam matéria-prima importada.

“Nosso objetivo é viabilizar a economia extrativista da borracha natural, através da diversificação da industrialização no Acre, contribuindo para o desenvolvimento econômico de Xapuri, além de internalizar e desenvolver tecnologia para aumentar a competitividade de produtos da floresta amazônica e melhorar a qualidade de vida do seringueiro”, avaliou o presidente da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre, Funtac, César Dotto.

Os estudos de viabilidade técnica e econômica, iniciados em 2000 pelo Governo do Estado e Governo Federal, apontaram a produção de látex in natura para a fábrica como uma alternativa econômica para os povos da floresta. Dezenas de seringueiros que abandonaram os seringais e migraram para a cidade com a decadência da borracha retornaram às suas terras para reativar a extração de látex das seringueiras.

A Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri – Natex, é fruto de empenho e investimentos do Governo do Estado do Acre, que buscou parceiras com o Ministério da Saúde, Suframa, Ministério da Integração Nacional, Unesco/DST/Aids e Funasa para implementar a planta industrial e todos os investimentos necessários, da capacitação técnica dos seringueiros para a nova forma de extrair o látex – dentro dos padrões de qualidade exigidos – e melhorias sanitárias domiciliares nas casas dos povos da floresta à construção da infra-estrutura necessária para a instalação da fábrica.

“Essa fábrica é a esperança de que os seringueiros vão continuar existindo, de que não é necessário abandonar a floresta e que as colocações, as estradas de seringa, tudo vai permanecer. O preço do látex melhorou, a vida melhorou. Eu tive que fazer empate para manter a floresta em pé, fui preso, ameaçado e num momento como esse a gente percebe a importância das políticas de governo, porque essa fábrica é uma política de governo pra garantir condições aos povos da floresta”, disse o seringueiro Assis Oliveira, que hoje trabalha mobilizando a comunidade para a produção de látex.

Leia a reportagem especial da repórter Tatiana Campos sobre a certificação ISO 9001 da fábrica Preservativos Natex de Xapuri na Agência de Notícias do Acre.

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