Pode ter entrado água na intenção do governador Gladson
Cameli de trazer para o Acre uma ponte de ferro histórica que atravessa o Rio
Pardo entre os municípios de Ribeirão Preto e Jardinópolis, no interior de São
Paulo.
Em agosto passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transporte (DNIT) divulgou a cessão de três pontes ferroviárias para o Acre.
As estruturas faziam parte de trechos de linhas férreas, localizadas nos
estados da Bahia, São Paulo e Paraná.
O objetivo anunciado pelo governo acreano era o de instalar
essas pontes sobre o Rio Acre entre Brasiléia e Epitaciolândia, ao lado da que
lá já existe, em Xapuri, ligando o centro da cidade ao bairro Sibéria, e sobre
o Rio Iaco, em Sena Madureira.
No caso de uma das pontes, a do Rio Pardo, o Ministério
Público Federal em São Paulo pediu a imediata paralisação do processo de desmontagem
e doação da estrutura, segundo reportagem do UOL publicada nesta quarta-feira,
30.
A ponte faz parte da Linha do Rio Grande, único segmento
ainda existente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. O trecho, que teve a
presença da comitiva do imperador Dom Pedro II durante sua inauguração, em
1886, fazia parte de um projeto para o desenvolvimento de áreas centrais do
país e para a interligação dos portos de Santos (SP) e Belém.
O Ministério Público argumenta que além de ignorar a
relevância histórica da via, o processo de remoção da estrutura sobre o Rio
Pardo prejudica projetos turísticos que estão em implementação no entorno, como
o parque linear em Jardinópolis.
O órgão ainda diz que a ponte deverá integrar as atividades
de um futuro museu em Ribeirão Preto, do Instituto História do Trem, entidade
que denunciou o caso ao MPF.
No caso de Xapuri, a construção de uma ponte sobre o Rio
Acre é uma antiga reivindicação que se transformou, no correr dos anos, em
eterna promessa de alguns políticos e permanente desilusão da população.
No começo de seu mandato, em uma comemoração da recente
vitória, Cameli bateu no ombro de seu “futuro prefeito de Xapuri”, o empresário
Aílson Mendonça, filho do deputado Antônio Pedro, e disse que a construção da
ponte na cidade era coisa certa.
Passados dois anos, o que surgiu de concreto foi a notícia
da cessão das seculares pontes. E por falta de algo mais substancial, a
intenção de Mendonça de voltar a concorrer à prefeitura foi rio abaixo dada a
enorme rejeição ao seu nome.
O possível freio do MPF pode não impedir que uma dessas
estruturas cheguem a Xapuri, uma vez que são três a que teriam sido cedidas,
mas, ao que parece, não a tempo de impulsionar a candidatura da substituta de
Aílson, a sua madrasta Carla.
O UOL disse que procurou o DNIT e o governo do Acre, que não haviam respondido até o fechamento da matéria.
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