quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Ponte inaugurada por Dom Pedro II pode não vir mais para o Acre

Pode ter entrado água na intenção do governador Gladson Cameli de trazer para o Acre uma ponte de ferro histórica que atravessa o Rio Pardo entre os municípios de Ribeirão Preto e Jardinópolis, no interior de São Paulo.

Em agosto passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) divulgou a cessão de três pontes ferroviárias para o Acre. As estruturas faziam parte de trechos de linhas férreas, localizadas nos estados da Bahia, São Paulo e Paraná.

O objetivo anunciado pelo governo acreano era o de instalar essas pontes sobre o Rio Acre entre Brasiléia e Epitaciolândia, ao lado da que lá já existe, em Xapuri, ligando o centro da cidade ao bairro Sibéria, e sobre o Rio Iaco, em Sena Madureira.

No caso de uma das pontes, a do Rio Pardo, o Ministério Público Federal em São Paulo pediu a imediata paralisação do processo de desmontagem e doação da estrutura, segundo reportagem do UOL publicada nesta quarta-feira, 30.

A ponte faz parte da Linha do Rio Grande, único segmento ainda existente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. O trecho, que teve a presença da comitiva do imperador Dom Pedro II durante sua inauguração, em 1886, fazia parte de um projeto para o desenvolvimento de áreas centrais do país e para a interligação dos portos de Santos (SP) e Belém.

O Ministério Público argumenta que além de ignorar a relevância histórica da via, o processo de remoção da estrutura sobre o Rio Pardo prejudica projetos turísticos que estão em implementação no entorno, como o parque linear em Jardinópolis.

O órgão ainda diz que a ponte deverá integrar as atividades de um futuro museu em Ribeirão Preto, do Instituto História do Trem, entidade que denunciou o caso ao MPF.

No caso de Xapuri, a construção de uma ponte sobre o Rio Acre é uma antiga reivindicação que se transformou, no correr dos anos, em eterna promessa de alguns políticos e permanente desilusão da população.

No começo de seu mandato, em uma comemoração da recente vitória, Cameli bateu no ombro de seu “futuro prefeito de Xapuri”, o empresário Aílson Mendonça, filho do deputado Antônio Pedro, e disse que a construção da ponte na cidade era coisa certa.

Passados dois anos, o que surgiu de concreto foi a notícia da cessão das seculares pontes. E por falta de algo mais substancial, a intenção de Mendonça de voltar a concorrer à prefeitura foi rio abaixo dada a enorme rejeição ao seu nome.

O possível freio do MPF pode não impedir que uma dessas estruturas cheguem a Xapuri, uma vez que são três a que teriam sido cedidas, mas, ao que parece, não a tempo de impulsionar a candidatura da substituta de Aílson, a sua madrasta Carla.

O UOL disse que procurou o DNIT e o governo do Acre, que não haviam respondido até o fechamento da matéria.

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