quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Não escrevo para quem se resume a ler títulos

A candidata à prefeitura de Xapuri, Carla Mendonça (PP), me acusa de ser tendencioso ao intitular uma matéria que noticia o fato de ela ser alvo de um mandado de condução coercitiva, expedido pelo juiz Luís Alcalde Pinto, por ter faltado sem justificar o motivo a uma audiência judicial para a qual foi devidamente intimada.

“Hoje, enquanto estava em mais uma de minhas caminhadas nos bairros, fui informada sobre essa matéria que possui um título muito tendencioso. Em um processo onde EU SOU A VÍTIMA o modo com que o jornalista intitula a matéria me põe como uma fugitiva da lei”, ela diz em sua página do Facebook.

Ora, o título diz de maneira clara e objetiva: “Carla Mendonça falta audiência e juiz expede condução coercitiva”. Foi esse o fato. O título não explica se ela é vítima ou ré. Ele não se presta a isso e nem pode. Deve ser curto e tem o objetivo de atrair o leitor para a leitura da notícia. Essa sim, deve ser explicativa e esclarecedora.

Não fosse a “politização” do momento, o fato, certamente, nem seria notícia. Seria hipocrisia negar que a condução coercitiva desse caso apenas ganha uma manchete por se tratar o alvo do mandado de uma candidata a prefeita. A notícia deu a ela a chance de se fazer de vítima de um ataque ilusório.

Apesar de ser vital que se esclareça que ela é vítima no processo, o evento que origina a matéria não é esse, mas sim o mandado de condução coercitiva expedido em razão da sua ausência injustificada à audiência, o que trouxe danos ao trâmite do procedimento judicial. Como servidora da justiça, ela sabe disso melhor que eu.

No mais, ao censurar o livro pela capa, a candidata tergiversou e não elucidou, como pessoa pública a que se propõe ser, o real motivo de não haver comparecido à audiência de um processo também público em que figura, sim, como vítima de uma ação criminosa pela qual lhe sou solidário.  

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