sábado, 1 de agosto de 2020

Do que somos capazes?

O palanque ensandecido das redes sociais, que deu voz às massas, me impulsiona a uma série de questionamentos para os quais, certamente, não há prontas respostas. O que somos? no que nos tornamos? Do que somos capazes? São algumas das matutações que me pego a fazer.

Deparo-me, subitamente, com uma inexplicável idolatria a um homem que mandou matar, retalhar e oferecer aos cães a mãe do próprio filho. Paralelamente, assisto a uma avalanche de ódio e preconceito contra a condição de pai obtida por um transsexual.

Chegam-me, inevitavelmente, outros questionamentos. Que mundo é este onde aquele que quer ser pai, independentemente de sua orientação sexual, vale menos que o que matou para não ser? Como encontrar resquício de racionalidade nisso?

Não estou apto a discorrer sobre homossexualidade ou transexualidade. Discuto apenas a questão de humanidade. Antes de ser homem ou mulher, Thammy é gente. Não matou, não feriu e não ofende, com a sua condição, nenhum regramento do Estado de Direito em que vivemos.

Também não sou competente para entrar na seara que trata da homofobia, da transfobia ou de outras maneiras de se ultrajar um semelhante. Reduzo-me a seguir questionando a natureza humana, cada vez mais alimentada por uma cultura de odiar, muitas vezes até mesmo sem saber por quê.

O Bruno? Ah, o Bruno também é gente, sim. Gente que matou, ofendeu e feriu de morte o regramento do estado de direito. Toda a repulsa que a ele é reservada se justifica. As inúmeras alegações em sua defesa e manifestações de afeição, essas não se justificam, principalmente vindas de mulheres.

Mas, talvez seja até mais doentia que o crime cometido por Bruno a cruel perseguição a que os mesmos que absolvem o goleiro da morte submetem o filho da Gretchen. Eliza Samúdio foi assassinada e esquartejada, mas “descansou”, como diz o eufemismo. Thammy, mesmo que fale que nada sente, sofre um martírio em vida, como consequência do que somos ou do que nos tornamos.

Do que somos capazes?

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