Continuo a ser esculhambado por imortal de uma academia xapuriense de letras e artes cujo endereço nesta cidade me é desconhecido. O letrado me xinga de apedeuta ao mesmo tempo em que grafa mal gosto, erro bisonho para quem ostenta um diploma de curso superior. Menos grave, mas igualmente constrangedor para quem exerce a nobre missão de educar, é confundir o significado da formalíssima locução não obstante, cujo verdadeiro sentido é: apesar de, ou a despeito de, com o equivocado se não fosse bastante.
Longe de mim a pretensão de ser sumidade na gramática – já fui muitas vezes corrigido e isso só contribuiu para melhorar minha ainda precária escrita. Também não vejo elegância em apontar os erros alheios com a miúda intenção de ridicularizar o semelhante. Mas ser chamado de burro por quem não demonstra o menor entrosamento com o idioma que utiliza como ferramenta de trabalho, e ainda arrota a arrogância que lhe sobra e o conteúdo que lhe falta, confesso que é algo que não consigo aceitar passivamente.
Como já me foi ensinado certa vez, quem escreve mal, pensa pior ainda. E quem pensa mal não pode presumir como verdadeiras as opiniões que reserva ao próximo, muito menos como justas as ofensas que atira contra os adversários. E digo-lhe ainda, como imortal que se diz de tal academia, que poderia gastar algum tempo a folhear a gramática. Ela ensina que o idioma tem regras, sobretudo para quem tem a presunção de se fazer convincente por meio da palavra escrita.
E se não for bastante, que recorra também ao pai dos burros para conhecer o real significado dos rebuscados vocábulos que adora utilizar como forma de exibir uma intelectualidade que facilmente se percebe que não possui. Ou então que aprenda com Caetano: “Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto. É que Narciso acha feio o que não é espelho”. E como gosta de finalizar os seus textos o dito cujo:
Tenho dito.
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