“Onde estás rio Acre?
Por que rio Acre
se suas águas são doces como "alfinim"
no mapa de minha infância?”
Sinfonia da infância:
rumor de chuva no telhado de zinco,
tão bom para dormir!
- rumor de chuva na floresta, besourada distante,
rumor das águas escachoando nas ruas,
caindo das calhas nas barricas cheias,
(que banho gostoso!)
- sinfonia da infância!
Música da banda passando na rua: do grande trombone
rebrilhante, caramujo de cobre
gorda espiral soprando rolos de "dobrados"
que eu ouvia embevecido e curioso, trepado no gradil
do coreto da praça.
Sinfonia da infância:
- o apito das "chatas" na curva da cadeia, rompendo a madorra
dos dias parados, iguais;
o tchá-tchá dos remos das catraias
chapinhando na água do rio, ritmados dentro da noite,
indo e vindo, Penápolis-Empresa, - Empresa, do outro lado
as luzes tremendo em fieiras nas águas do rio, -
(ó meus barcos de sonho, em rios de sombra
que ainda hoje correm sem margens, no tempo).
Onde estás
rio Acre, de Rio Branco,
rio vermelho que o tempo azulou,
que corres para a distância
e que foges de mim?
Rio Acre da minha infância
que sempre vais
de onde vim...”
Trecho do “Poema Acre-Doce”, de J. G. de Araujo Jorge
in " O Poder da Flor " – 1969.
PS.: As fotos são do Rio Acre em frente a Xapuri, tiradas por este blogueiro.
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