É comum nos dias de hoje que muitas pessoas que não comungam dos ideais defendidos em vida pelo sindicalista Chico Mendes tentem gratuitamente desqualificar sua biografia, tachando-o de produto da mídia e até mesmo de seringueiro preguiçoso. Sempre que publico algo a respeito do herói que deu sua vida para salvar o Acre da sanha criminosa dos que queriam a todo custo acabar com a floresta, recebo comentários que procuram negar a Chico Mendes assim como alguns fanáticos tentam negar o holocausto.
Eis que o grande João Garrinha me envia um recorte de jornal com uma nota publicada no dia 10 de março de 1988 - 9 meses antes do assassinato de Chico - no jornal O Rio Branco, assinada pelo saudoso jornalista e advogado Aloísio Maia, que também não comungava dos ideiais do sindicalista, mas que sabia da importância do homem e da causa que ele rompeu fronteiras para defender. Vai, a seguir, a íntegra do texto que deixa claro que Chico Mendes não precisava ter morrido para ter reconhecida a sua importância para o Brasil.
Chico Mendes "super-star"
"Se o professor José Mastrângelo fizer uma pesquisa de opinião pública para sabermos qual o acreano mais importante nos dias de hoje, tenho certeza que o Chico Mendes ganhará disparado o primeiro lugar.
Temos acreanos importantes espalhados pelo Brasil e até mesmo pelo mundo afora, como o Dr. Adib Jatene, Dr. Miguel Ferrante, Senador Jarbas Passarinho, jornalista Armando Nogueira, idem Edílson Martins, o cantor e compositor Sérgio Souto, uma cantora na Europa - a Nazaré Pereira - e tantos outros, cujos nomes não me ocorrem no momento. Mas Chico Mendes é o nosso "super-star".
O nome de Francisco Mendes, seringueiro de Xapuri, um dos pioneiros na defesa dos direitos do homem do campo, das matas, dos índios e da ecologia, ganhou dimensão internacional. Jornais das Américas e da Europa divulgam o nome de Chico Mendes, com respeitosa referência aos trabalhos desenvolvidos por ele.
Organizações internacionais convidam o Chico Mendes para reuniões e simpósios, e no ano passado, o próprio asfaltamento da BR-364 (trecho Porto Velho-Rio Branco), poderia ter sido interrompido, com a suspensão dos repasses dos recursos estrangeiros, se o Chico Mendes botasse o dedo em cima.
E qual a arma, a força do Chico Mendes? Humildade, apenas humildade, alicerçada no devotado amor a uma causa. Um idealista autêntico.
Há cerca de 4 anos, na redação de O Rio Branco, encontrei os jornalistas Luiz Carlos Moreira Jorge e o escritor José Chalub Leite lendo uma carta assinada pelo Chico Mendes. Eles me mostraram a carta: "uma denúncia contra um fazendeiro que tinha proibido a passagem de burros de carga por um determinado varadouro. Um seringueiro não obedeceu e os empregados do fazendeiro impediram a passagem do seringueiro, espancando o burro!"
Eu perguntei: - Vocês vão publicar? Eles não responderam, mas no outro dia a notícia estava publicada com destaque no jornal.
Desde então passei a observar o Chico Mendes, chegando à conclusão que ele é um dos raríssimos "idealistas autênticos" que temos aqui. E se o professor Mastrângelo fizer a pesquisa, o Chico Mendes será o nosso "super-star".
Pessoalmente, não comungo dos ideais do Chico Mendes, mas, nos dias de hoje, com a institucionalização da corrupção, com a dignidade político-administrativa nos últimos arquejos - ele é ou não é um "super-star"?
Um comentário:
Ele realmente é um super star..por todo seu trabalho e tod a sua luta em defesa do nosso acre...ele é o CARA...
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