sábado, 17 de maio de 2025
O Mago da Banda de Música
domingo, 11 de maio de 2025
O tempo que cura silêncios
A vida, às vezes, nos costura com linhas tortas, pontos soltos, arremates incertos — e, ainda assim, forma algo belo. Como quem acompanha minhas publicações já está cansado de saber, não fui criado por minha mãe biológica, e essa ausência, esse vácuo de origem, cavaram em mim marcas profundas.
Minha segunda mãe — essa mulher de alma imensa — me deu tudo o que pôde. Com ela aprendi o que é segurança, o valor do abraço que permanece mesmo quando o mundo parece ruir. Mas havia em mim uma mágoa muda, uma pergunta sem resposta, um espinho fincado na carne da memória: por que fui deixado?
Obrigado, mães. Por tudo.
quinta-feira, 1 de maio de 2025
O comércio do Acre em 1915
No início do século XX, a cidade de Xapuri, situada no coração do Território Federal do Acre, era uma das principais sedes urbanas da região, marcada pelo dinamismo do ciclo da borracha e pelas transformações sociais que este proporcionava. As edições de junho e outubro de 1915 do jornal o Commercio do Acre revelam um panorama expressivo da atividade comercial local, destacando comerciantes, produtos, serviços e até mesmo o surgimento de iniciativas fabris que começavam a moldar o perfil urbano da cidade.
O comércio xapuriense em 1915 mostrava-se diversificado e abastecido, com casas comerciais que ofereciam desde tecidos e calçados até gêneros alimentícios importados e artigos de luxo. O estabelecimento Bon Marché se destacava pela variedade de produtos anunciados: oferecia calçados para todas as idades e gêneros, além de uma ampla gama de tecidos e miudezas. Este tipo de casa comercial funcionava como verdadeiro armazém geral, atendendo às mais variadas necessidades da população urbana e dos seringais da região.
Outro exemplo notável é o espólio do comerciante Bartholomeu Girão, levado a praça judicial, cuja extensa lista de mercadorias revela o perfil do comércio local. Entre os bens estavam charutos, cigarros, fitas de seda, tecidos nacionais e importados, sabonetes, bebidas alcoólicas finas (como vinho do Porto e uísque), produtos alimentícios (bolachas, sardinhas, arroz, banha, leite condensado) e até munições e material de pesca. Essa diversidade de itens evidencia a complexa rede de abastecimento da cidade, sustentada pelas vias fluviais e pela intensa circulação de mercadorias entre os centros urbanos e os seringais.
O comércio também mantinha conexões regionais e interestaduais. O comerciante Antonio Alves, filho, representava a firma Ferreira & Jobin, de Capatará, e o nome de Bellarmino Freire, atuante em Paraguassú, aparece entre os visitantes comerciais da cidade, ilustrando o fluxo constante de agentes de negócios. O Capitão Júlio Mascarenhas, além de atuar como responsável pela propaganda do jornal, esteve envolvido com o recenseamento da população, demonstrando a sobreposição frequente entre as esferas administrativa e comercial.
Entre as iniciativas de destaque, merece especial atenção a Fábrica Aurora, que se revelava como um empreendimento multifuncional, símbolo de um novo perfil urbano e fabril da cidade. Em 1915, a Aurora não apenas produzia bolachas de água e sal e soda, mas também ampliava significativamente sua atuação: fabricação de cigarros e gelo; torrefação de cafés, oferecendo café moído de fabricação própria; grande variedade de marcas de vinhos para mesa, sobremesas e licores, indicando um público consumidor com gostos refinados; jogos de bilhar e entretenimento no local, revelando que o espaço também servia como ponto de encontro e lazer; e uma menção especial serviços de iluminação elétrica pública e particular ato notável numa época em que tal infraestrutura era limitada, o que reforça o caráter moderno e inovador do estabelecimento.
A Fábrica Aurora ia, portanto, além da produção: representava um espaço de sociabilidade e consumo, com múltiplas funções comerciais, industriais e recreativas. Isso a tornava um verdadeiro marco na vida cotidiana de Xapuri, antecipando os moldes de empresas urbanas multifacetadas.
Outro aspecto relevante da vida na cidade era a presença de serviços médicos qualificados. O Dr. Luiz Abinader, médico-cirurgião com formação e prática nos hospitais de Beirute e Paris, atendia à população com especialização em moléstias nervosas, doenças internas e da pele. Notavelmente, oferecia atendimento gratuito aos pobres, uma postura humanitária rara e digna de registro, que demonstra a complexidade social de Xapuri naquela época.
Em síntese, o comércio de Xapuri em 1915 reflete não apenas uma economia extrativista, mas uma sociedade em transição, aberta à modernização e às novidades do mundo urbano. O dinamismo comercial, a presença de agentes regionais, os primeiros sinais de industrialização e os compromissos sociais de figuras como o Dr. Abinader e os empreendedores da Fábrica Aurora compõem um quadro vibrante de uma cidade amazônica que, mesmo isolada, pulsava com o desejo de progresso e sofisticação.
Fonte: Commercio do Acre, jornal publicado em Xapuri. O ano é 1915. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
sexta-feira, 18 de abril de 2025
O dia em que Xapuri vestiu as suas melhores cores - Uma crônica que nunca foi escrita
Naquela manhã de domingo, Xapuri acordou mais cedo. A alvorada parecia diferente. O canto dos pássaros, mais afinado; o perfume da mata, mais doce. As crianças já sabiam de cor o hino, e os operários, orgulhosos, davam os últimos retoques na sede que, com muito suor e sacrifício, haviam ajudado a erguer. Era dia de festa. Um dia em que a pequena cidade do Acre se enchia de grandeza.
Era 1948, e Xapuri vivia um de seus momentos mais simbólicos. O novo prédio do Grupo Escolar “Plácido de Castro” seria inaugurado com toda a pompa possível. Um edifício imponente, erguido com perseverança ao longo de anos, em meio a promessas, pausas e retomadas. Um símbolo do que a educação representa: paciência, esforço, esperança.
A cidade parou para receber o governador José Guiomard dos Santos e sua comitiva. Um povo simples, de fala mansa e espírito forte, fez da recepção um espetáculo de civismo. Bandeiras tremulando, fogos estalando, e no coração de cada xapuriense, a certeza de que algo importante estava acontecendo.
Teve missa campal, discursos inflamados, saudações escolares. A menina Maria Angelina Fecuri, em sua voz pequena mas firme, entregou simbolicamente a chave do novo educandário. Era mais que uma cerimônia: era o gesto de uma geração que entregava à outra o futuro sonhado.
O Centro Operário também teve seu brilho. Seus membros homenagearam o governador com o título de sócio benemérito. A fala do operário Clovis Barros França, simples e emocionada, soou como poesia nas paredes recém-construídas da sede. Era a força do povo reconhecendo quem estendia a mão — e pedindo, com respeito, que a ajuda continuasse.
Naquela tarde, as palavras foram mais que formalidades. Elas eram sementes. “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”, disseram alguns. Outros, mais diretos, apenas agradeceram pelas máquinas, pelas escolas, pelas estradas. Todos, no entanto, sabiam: aquele dia era um marco.
E, de fato, foi.
Porque ali, naquele chão de histórias e seringais, uma cidade que já havia escrito capítulos de coragem voltava a reafirmar sua vocação para a liberdade, para a educação, para o futuro.
Xapuri, naquele domingo, vestiu suas melhores cores.
E sorriu.
A inauguração do Grupo Escolar “Plácido de Castro” em 1948
A cidade de Xapuri testemunhou em maio de 1948 um dos momentos mais simbólicos de sua história cívica e educacional: a inauguração do novo prédio do Grupo Escolar “Plácido de Castro”. Mais do que um evento oficial, a solenidade marcou o fortalecimento de uma identidade construída com luta, esperança e o desejo coletivo de ver a cidade crescer pelo caminho do saber.
Com a presença do então Governador do Território do Acre, major José Guiomard dos Santos, e de diversas autoridades, Xapuri viveu um domingo inesquecível. Desde o hasteamento da bandeira ao som do Hino Nacional, até a missa campal celebrada pelo padre Felipe Galerani, tudo foi preparado com esmero e emoção. Alunos, professores, religiosos, comerciantes, operários e donas de casa tomaram conta da praça Barão do Rio Branco para saudar o futuro.
A menina Maria Angelina Fecuri, aluna do Grupo Escolar, protagonizou um gesto que simbolizou toda uma geração: entregou ao governador a chave do novo prédio, em nome de todas as crianças xapurienses que sonhavam com uma escola digna. Era a representação viva de que a educação não é apenas uma política pública — é um pacto social.
Um prédio, muitas histórias
O novo grupo escolar foi projetado em 1942, ainda no governo do coronel Luis Silvestre Gomes Coelho, e sua construção levou anos até ser concluída. Passou por administrações e reformas, enfrentou escassez de recursos, mas nunca perdeu o apoio da comunidade. O edifício recebeu o nome de “Plácido de Castro”, em justa homenagem ao herói da Revolução Acreana, reafirmando os laços históricos e afetivos da cidade com sua própria origem.
Ao discursar na cerimônia, o prefeito Minervino Bastos emocionou os presentes ao destacar que aquele prédio era uma “maravilha para a cidade, nestes confins do Oeste do Brasil”. Um edifício que simbolizava o esforço de todos — do operário ao engenheiro, do aluno ao administrador público — na construção de um território mais justo e alfabetizado.
A força dos operários e o civismo da juventude
O dia também foi marcado por homenagens ao governador. O Centro Operário de Xapuri lhe conferiu o título de “sócio benemérito”, em reconhecimento ao apoio dado à entidade. O discurso emocionado do presidente Clovis Barros França, homem simples e de fala humilde, deu o tom da cerimônia: “Para o Centro Operário de Xapuri, o dia de hoje representa a maior data de sua história”.
Outro momento marcante ocorreu no Instituto Divina Providência, onde alunas se apresentaram em números de canto e dança, e onde o governador foi saudado com flores e versos pelas crianças da instituição dirigida por irmãs religiosas. A festa mostrou que educação, fé, cultura e cidadania caminham juntas na formação das futuras gerações.
Um legado que inspira
Setenta e cinco anos depois, o registro desse episódio nos permite mais do que recordar. Ele nos convida a refletir sobre o papel da escola pública, da união entre poder público e comunidade, e da importância de valorizar a memória de nossa terra. A inauguração daquele grupo escolar não foi apenas a entrega de uma obra — foi a reafirmação de que Xapuri acredita na educação como caminho de transformação social.
Num tempo em que o Acre ainda dava seus primeiros passos institucionais, Xapuri mostrou, mais uma vez, que é feita de coragem, coletividade e visão de futuro.
E, como dizia o jornal O Acre, na edição de 30 de maio de 1948:
“Era o povo todo em festa, saudando o novo tempo que chegava pelas portas de uma escola”.
quinta-feira, 10 de abril de 2025
De forasteiro a guardião da memória: Xapuri recorda o legado do "Prezado" Antônio Zaine
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Tesouro sonoro do início do Século XX em Xapuri
Esta relíquia pertence ao acervo de João Mendes, o Garrinha, e está em exposição no relicário instalado na Pousada Chapurys, de sua propriedade. Apaixonado pela história de Xapuri, Garrinha se dedica a resgatar objetos valiosos que muitas vezes se encontram esquecidos em velhos depósitos e fundos de quintal. É reconhecido como uma espécie de guardião da memória da cidade, mantendo viva a conexão entre o passado e o presente.
A peça rara é um fonógrafo original da marca Victrola, fabricado pela Victor Talking Machine Company, fabricado entre 1904 e 1907, nos Estados Unidos. Com sua imponente corneta externa dourada e base de madeira esculpida, representa uma das primeiras formas de reprodução sonora mecânica doméstica — muito antes da era do rádio e dos tocadores eletrônicos.
O logotipo com o famoso cão "Nipper" ouvindo a voz do dono no gramofone — registrado em 3 de fevereiro de 1904 — é um símbolo clássico da história da música gravada, conhecido como "His Master's Voice".
Com base no estilo da corneta, no braço de reprodução e na base de madeira, o aparelho é muito provavelmente um dos modelos do tipo Victor Monarch ou Victor Type M, fabricados por volta de 1904 a 1907. O logo na placa com o cão “Nipper” e a inscrição “3 de Febrero 1904” também confirma que é um aparelho desse período.
As fotos mostram um fonógrafo com corneta externa grande de metal dourado, montado sobre uma base de madeira esculpida. Isso indica que não é uma Victrola tradicional (com corneta embutida), mas sim um modelo mais antigo da própria Victor Talking Machine Co., ou até anterior ao nome “Victrola” ser usado comercialmente (em 1906). Sem nenhuma dúvida, uma raridade histórica.
Mais do que um equipamento, este fonógrafo é um testemunho vivo do início da indústria fonográfica e da magia do som no século passado. Uma verdadeira joia da memória musical — que passou a fazer parte, também, da história de Xapuri.
'Xapuri Agora!' resiste ao tempo
sábado, 13 de novembro de 2021
HQ reflete sobre a realidade dos seringueiros na Amazônia
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
Jornalista diz que o Acre deixou passar com antecedência a boiada do desmatamento
Em artigo publicado pelo site de jornalismo ambiental ((o))eco, nesta segunda-feira (27), o jornalista acreano Fabio Pontes afirma que o Acre, que por 20 anos exerceu certo protagonismo na preservação de sua cobertura florestal, hoje é referência naquilo que há de pior em termos de política ambiental.
De acordo com Pontes, o ritmo sem precedentes de devastação
da Amazônia no Acre, que foi o terceiro estado que mais desmatou no mês de
agosto deste ano, é consequência tanto do desmonte das políticas de proteção do
meio ambiente promovida pelo governo federal quanto pelo local.
“Por aqui, a estratégia de deixar a boiada passar foi
adotada com muito mais antecedência pelo governo de Gladson Cameli (PP) do que
aquela exposta por Ricardo Salles diante de um país assustado com a pandemia da
Covid-19”.
O jornalista diz ainda que durante sua campanha para governador,
Cameli tinha como promessa fazer do agronegócio o carro-chefe da economia
acreana. Para isso, ele garantiu desburocratizar e flexibilizar as normas
ambientais do Estado e tirar a fiscalização do pescoço de quem queria produzir.
“A principal missão de Gladson Cameli ao assumir o governo
do Acre, em janeiro de 2019, era destruir todo o arcabouço institucional de
proteção da Amazônia construído durante as duas décadas de governos do PT. Tal
política gestada durante o chamado governo da floresta de Jorge Viana
(1999-2006), conhecida como Florestania, passou a ser o inimigo público número
um de Gladson Cameli”.
Em agosto de 2021, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD),
do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) detectou 1.606 quilômetros
quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 7% em relação a
agosto de 2020, quando o desmatamento somou 1.499 quilômetros quadrados.
É a maior taxa para o mês em 10 anos. Com isso, o acumulado
desde janeiro também foi o pior da década. O desmatamento detectado em agosto
de 2021 ocorreu no Pará (40%), Amazonas (26%), Acre (15%), Rondônia (10%) e
Mato Grosso (9%).
O que disse o governo
Por meio da Agência de Notícias do Acre, o Governo do
Estado argumentou, também com base nos dados do Imazon, que os números mostram
que o estado apresentou uma redução de 12% no desmatamento no mês de agosto de
2021, em relação ao mesmo período do ano passado.
“Mesmo não sendo uma fonte considerada oficial, a redução
demonstra que as ações adotadas pelo governo do Estado têm sido fundamentais
para conter o avanço do desmatamento”, disse a agência estatal.
O governo também citou um dado do Sistema de Detecção de
Desmatamento em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Deter/Inpe),
órgão oficial de promoção de informação de dados sobre desmatamento, que afirma
que o Acre teve uma redução da extensão de alertas de desmatamento de 35,3% no
mês de agosto em relação a 2020.
A diretora executiva da Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e das Políticas Ambientais (Semapi), Vera Reis Brown, explicou que os dados de
desmatamento devem ser analisados com critério.
“É um assunto complexo que exige a adoção de metodologia
que permita comparação dos dados ao longo da série histórica. No entanto, as
informações geradas pelo Imazon, MapBiomas, entre outras, têm sido fundamentais
na complementação dos dados gerados pelo Inpe e pelo Centro Integrado de
Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental, o Cigma”.
O jornalista acreano Fabio Pontes escreve há mais de uma década sobre Amazônia, cobrindo meio ambiente, povos indígenas e comunidades extrativistas, crises migratórias, mudanças climáticas e a política regional para veículos de imprensa do Acre e do país.
terça-feira, 17 de agosto de 2021
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Enquanto a ponte não vem
Inevitavelmente, foi cobrado pela Ponte da Sibéria, promessa que mantém desde a sua eleição. Com bom humor, reafirmou que a ponte é uma realidade, que vai fazer, e desafiou com musiquinha quem transpareceu duvidar.
"Pula, pula, pula e passe a acreditar", disse parodiando uma musiquinha muito usada em campanhas eleitorais. Muita gente realmente acredita na construção da ponte, mas há também aqueles que começam a perder as esperanças. É que já viram muitos "pula, pula" sem qualquer resultado. Mas enquanto a tão esperada ponte não vem, as balsas e catraias - bem ou mal - vão fazendo o seu papel.
domingo, 15 de agosto de 2021
sábado, 14 de agosto de 2021
“Ponte da Sibéria”, a redenção ilusória de uma Xapuri maltratada pelo tempo e pela política
Há mais de duas décadas, um movimento que tem origem em uma pequena comunidade acreana chamada Sibéria, no lado oposto do rio Acre, em Xapuri, intercala momentos de ebulição e de hibernação, mas se mantém vivo no anseio de estimados dois milhares de moradores da região e compartilhado por um outro bom tanto de habitantes do município.
A aspiração dos moradores da Sibéria acreana é pela
construção de uma ponte sobre o rio Acre, ligando o hoje bairro à área central
da cidade. A histórica dificuldade da travessia, antes feita apenas pelas
tradicionais catraias e atualmente reforçada por uma pequena e precária balsa metálica
mantida pelo governo do estado, por meio do Deracre, cresce a cada dia e enerva
os usuários.
A ponte é hoje, ao mesmo tempo, a maior reivindicação do
município e a maior promessa do governo para Xapuri. Já teve investimentos
anunciados em ato oficial e o governador já disse, na cidade, que se não fizer
a obra ou pelo menos não a iniciar no atual mandato muda de nome. Apesar disso,
o ânimo dos xapurienses vem arrefecendo com o passar dos anos.
Ocorre que nem de longe, apesar de sua inegável
importância, a sonhada ponte sobre o rio Acre representa o que Xapuri mais
precisa. Ela é, em verdade, a ilusória redenção de uma cidade que segue sendo
extremamente maltratada pelo tempo, que é implacável, e pela política, que ao
contrário do que deveria fazer, a tem mantido entre a estagnação e a
decadência.
A terra de Chico Mendes sofre hoje duas grandes deficiências,
além de outras tantas que são comuns aos demais municípios do interior acreano.
A primeira é a falta de um hospital com estrutura mínima para atender a demanda
de um município de 20 mil habitantes e a segunda a ausência de uma rede de
esgotamento sanitário que sane os problemas decorrentes dessa grave
necessidade.
O “além de outras tantas” citado acima, no caso de Xapuri
se refere a muita coisa, no que tange às necessidades mais básicas negligenciadas
por todas as esferas administrativas - da displicência com a oferta de
medicamentos aos mais necessitados, passando pela péssima coleta e destinação
do lixo à falta de investimentos de peso na infraestrutura local.
Se a ponte da Sibéria não for entendida como mera parte de um processo longo e contínuo de investimentos públicos que possam, pouco a pouco, mudar a cara da cidade e melhorar a vida de seus moradores, seguiremos nessa estafante rotina de ilusão e de promessas vazias que se renovam a cada eleição, alimentado um ciclo vicioso de bajulação e pajelança.
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
Juntos e misturados
Junto com Bira Vasconcelos, foram oito vereadores dos nove que compõem a Câmara Municipal. Só faltou Ronaldo Ferraz, do MDB, que estava acometido de gripe.
Na pauta, pedidos de ajuda ao município em várias áreas. Saúde, Educação, Segurança Pública, ramais e até a folclórica ponte que sob Cameli tem promessas firmes de concretização. Mas enquanto a obra não sai, os pedidos foram de extensão do horário de funcionamento da balsa que faz a travessia do Rio Acre.
Bira Vasconcelos propôs assinatura de convênio para aquisição de combustível e requereu uma patrol para auxiliar na reabertura de 600 km de ramais na região.
“Temos quase mil e duzentos quilômetros de ramais e sozinho a gente não tem como dar conta. O governador tem nos ajudado desde o nosso primeiro mandato sem nunca olhar para essa questão de partido. Sou grato por todo apoio e espero que essa parceria seja mantida”, disse o prefeito.
Gladson prometeu ajudar e garantiu que fará investimentos. Disse que entregará uma nova ambulância (não ficou claro se é do Samu) ao município e prometeu pedir à Secretaria de Segurança Pública que reforce o contingente da Polícia Militar no município.
“É muito importante ouvir os vereadores, porque eles são quem de fato estão onde os problemas existem. Eu não faço nada sozinho, e sempre vou está aberto para críticas e sugestões. Quando as queixas chegam pra gente dessa forma, respeitosas e necessárias, não posso ficar de braços cruzados. Já acionei todos os setores responsáveis por cada problema aqui colocado e vamos agir, ajudar, resolver, porque nosso compromisso é cuidar de vidas, da nossa gente”.
Resta aguardar.
Saneamento mais próximo dos pequenos municípios
Os gargalos do saneamento estão presentes em municípios de todos os portes. A falta de abastecimento de água potável ainda é um problema para 35 milhões de brasileiros e aqueles que vivem sem acesso à rede de esgoto somam 100 milhões de pessoas.
Porém, a população dos municípios menores tem maior dificuldade para acesso aos serviços de infraestrutura básica de saneamento. A escassez de recursos financeiros e a falta de mão de obra qualificada para atender às demandas de empreendimentos do setor são alguns dos fatores determinantes desse atraso.
Na outra ponta, cidades com população até 5 mil habitantes, 57,6% contam com esses serviços. Na faixa intermediária, entre 5 mil a 10 mil habitantes, 50,2% dispõem de empreendimentos de sistemas de esgoto contra 56,4% entre as localidade entre 10 mil a 20 mil habitantes.
O Novo Marco Legal do Saneamento traz um novo modelo de organização dos municípios capaz de atender às demandas das cidades menores. A nova legislação determina que os Estados devem criar unidades regionais de saneamento básico, que são agrupamentos de municípios, não necessariamente limítrofes.
Apesar da participação facultativa nas prestações regionalizadas, os municípios só contarão com recursos federais se integrarem esses blocos. A proposta de operações regionalizadas é alcançar o subsídio cruzado, seja por cidades de uma mesma região, bacia hidrográfica ou região administrativa. O modelo permite ampliar a escala com a prestação de serviço e construção de empreendimentos reunindo essas localidades. Com o aumento da produtividade das prestadoras de serviço, há potenciais ganhos de eficiência. Assim, a modelagem de blocos e operações regionalizadas devem possibilitar às companhias estaduais deficitárias e também aos municípios menores, sem recursos suficientes para investimentos em saneamento, soluções mais adequadas e de melhor eficiência.
O esforço para cumprir os objetivos de universalizar o abastecimento de água e chegar a 90% de atendimento do esgotamento sanitário, até 2033, deve ser de todos os entes da federação. O novo marco legal do saneamento é apenas o pontapé inicial de uma mudança significativa na qualidade de vida da população brasileira, que deve ser implantado com planejamento e acompanhamento das agências reguladoras.
(*) Ricardo Lazzari Mendes é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), engenheiro pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP e doutor em engenharia hidráulica e sanitária pela Escola Politécnica da USP.
quinta-feira, 10 de junho de 2021
Projeto de rodovia deixa em risco área intocada da Amazônia
No momento em que a Amazônia registra taxas recordes de desmatamento impulsionado, principalmente, pelo desmonte da política de proteção ambiental promovida pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), lideranças locais se articulam para tirar do papel projetos de infraestrutura que colocam, ainda mais em risco, a preservação do bioma. É o que acontece, por exemplo, no Acre, com articulações políticas para abrir estradas em regiões hoje intocadas pela ação humana.
Após o projeto da rodovia entre as cidades de Cruzeiro do Sul, no extremo oeste do estado, e Pucallpa, no Peru, na bacia do rio Juruá – que concentra uma das maiores biodiversidades do mundo – agora começam as tratativas para construir uma estrada na região do Alto Rio Purus. A proposta é fazer a conexão rodoviária entre os municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus.
Leia reportagem do jornalista Fábio Pontes, no site ((o))eco.
quinta-feira, 13 de maio de 2021
Política ambiental é decisiva para o País
João Guilherme Sabino Ometto
A mudança de discurso do presidente Jair Bolsonaro quanto à política ambiental brasileira, na recente Cúpula do Clima promovida por seu colega norte-americano, Joe Biden, foi positiva para o Brasil. Ao anunciar mais verbas para fiscalização, antecipação em dez anos, para 2050, da meta de neutralidade na emissão de dióxido de carbono e erradicação até 2030 do desmatamento ilegal, sinalizou uma nova atitude do País num tema crucial para a humanidade.
Contudo, o ceticismo referente à postura brasileira somente será reduzido se ações concretas confirmarem o teor do pronunciamento de Bolsonaro. Temos boa oportunidade de apresentar uma nova política ambiental até a 26ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (COP 26), em novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia. Cabe-nos demonstrar, na prática, o comprometimento com o combate às mudanças climáticas e, principalmente, a proteção das florestas, revertendo o aumento do desmatamento e queimadas na Amazônia verificado nos últimos dois anos.
O Brasil precisa inserir-se novamente como protagonista na agenda global do meio ambiente. Não pode mais ser excluído de eventos importantes, como ocorreu, em dezembro último, na reunião Climate Ambition Summit, preparatória à COP 26, pois está à frente de muitas nações desenvolvidas na redução da emissão de carbono e é estratégico nessa questão, considerando suas hidrelétricas, biocombustíveis e as energias eólica e solar. Liderou o debate do clima, apresentando o renovável etanol na ECO-92 e, na Rio + 20, levantou bandeiras contra o aquecimento global, ao contrário de países hipócritas, que nunca mexeram uma palha nesse assunto, praticando a diplomacia do faz de conta.
O fato é que o Brasil precisa de uma nova atitude referente à Região Amazônica e medidas concretas para conter o desmatamento ilegal, sem o que ficará isolado e perderá recursos e negócios. Não me refiro apenas a eventuais sanções oficiais de governos, mas também às decisões de investimentos produtivos. Para os detentores do dinheiro, os princípios de ESG (do inglês Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança) são cada vez mais decisivos.
Além do discurso, precisamos de ações congruentes com a importância do País para a sustentabilidade global, considerando suas dimensões, clima, biodiversidade, reservas hídricas e potencial como produtor de alimentos e energia limpa. A política ambiental também precisa fazer justiça à postura avançada da agropecuária, que conservar imensa área de matas nativas e mananciais fluviais.
Sessenta e um por cento da cobertura vegetal nativa do Brasil estão preservados, sendo que 11% do total encontram-se dentro das 5,07 milhões de propriedades rurais do País. Apenas 9% do nosso território são ocupados por lavouras e 38,7% correspondem à produção agrícola, pastagens e florestas. Na nossa matriz energética, 42,9%, contra 13,8% na média mundial, provêm de fontes renováveis, sendo 17% referentes ao setor sucroenergético.
Temos muito o que mostrar e dispomos de kow how sobre como trabalhar a terra de modo sustentável. Estamos dispostos a compartilhar esse conhecimento com outros povos. Porém, não é prudente - e nem justo com os agropecuaristas e trabalhadores do campo - esconder tudo isso sob a fuligem das queimadas amazônicas.
Seria um grande avanço do Brasil, na agenda global da década que se inicia, adotar uma postura transparente, corajosa e sinérgica com os esforços das nações civilizadas, encarando de frente a questão amazônica, que não é nova, demonstrando o que sabemos fazer em termos de preservação e que estamos dispostos a enfrentar o problema. Com certeza, os produtores rurais estarão ao lado do governo nessa causa. Agindo assim, inauguraríamos uma etapa construtiva nas relações internacionais, atrairíamos mais investimentos e, sem dúvida, preservaríamos nossa floresta e, claro, nossa soberania.
João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).
sábado, 16 de janeiro de 2021
Colapso da saúde no Amazonas
A Associação Médica Brasileira (AMB) emitiu nota pública
nesta sexta-feira, 15, manifestando a sua solidariedade com a população, os
médicos e demais profissionais de saúde de Manaus e de todo o estado do
Amazonas, onde o sistema de saúde está em colapso e com gravíssimos problemas,
como falta de leitos, de cilindros de oxigênio e de equipamentos
imprescindíveis ao tratamento dos pacientes com Covid-19.
De acordo com a entidade, no intervalo de uma semana, a
média móvel de casos aumentou 85,3% em Manaus, sendo que apenas nas últimas 24
horas houve a confirmação de 3.816 novos casos no estado. Só na capital
amazonense foram 2.516 novas infecções. Números recordes desde o início da
pandemia, que já matou quase 6 mil pessoas em todo o estado desde o início da
pandemia, das quais quase 4 mil apenas em Manaus.
A AMB afirma na nota que está acompanhando com atenção e muita preocupação o andamento da trágica situação dos amazonenses.
“Entendemos
ser nosso dever orientar os médicos a se pautarem pelas melhores evidências
científicas e para que não adotem, mesmo nesta situação desesperadora,
tratamentos que não tenham a devida comprovação científica até presente momento”,
diz um trecho da publicação.
A Associação Médica Brasileira conclamou os cidadãos
amazonenses a se unir à classe médica, que desde o princípio da pandemia está
na linha de frente colocando muitas vezes a própria vida em risco para
garantir assistência à população, mas também cobrou dos governantes legalmente
constituídos e as autoridades públicas de saúde que assumam sua
responsabilidade na grave crise sanitária.
A entidade exigiu que sejam disponibilizados imediatamente
para hospitais os cilindros de oxigênio, conforme solicitam em ação já ajuizada
o MPF (Ministério Público Federal), a DPU (Defensoria Pública da União), o
Ministério Público, a Defensoria Pública e o Ministério Público de Contas do
Estado do Amazonas.
“Conclamamos por providências urgentes com aumento de
leitos, com hospitais de campanha e com a garantia de todos as demais
necessidades que se façam obrigatórias para o tratamento da Covid-19”, diz
outro trecho da nota.
Por fim, a AMB convocou a população do Amazonas a aderir à programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que reduzem a transmissão do novo coronavírus.
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Nesta eleição, nem tudo foram flores
O prefeito de Epitaciolândia, Tião Flores, que trocou o
PSB, partido que o elegeu em 2016, pelo PP, como forma de angariar o apoio
logístico e eleitoral do recém-eleito governador Gladson Cameli para as eleições deste ano,
terminou a corrida eleitoral como um dos maiores derrotados do pleito em todo o
estado do Acre.
Dos 4.068 votos obtidos há quatro anos, Flores manteve
inacreditáveis 741 nesta eleição, encolhendo de 47,07% dos votos válidos
daquela ocasião para meros 8,20% desta. Um resultado decepcionante para um
candidato que teve nas mãos a máquina administrativa por um mandato.
Fontes no município dizem que o desfecho da eleição para o
prefeito era previsível. Deixar o PSB, dando as costas ao grupo que o ajudou a
se eleger, foi considerado como uma manobra fatal. Sua rejeição passou a ser
gigantesca e até assessores o criticavam abertamente nas redes sociais.
Nos últimos momentos da campanha eleitoral, ele tentou
reverter a situação com a realização de algumas obras, com destaque para o
asfaltamento de última hora de algumas ruas, o que não adiantou. Sua popularidade
ruiu tal qual a cobertura de um ginásio coberto que pensou em inaugurar antes
da eleição.
Ao contrário da maioria dos candidatos derrotados nestas eleições, Tião não se manifestou nas redes sociais sobre o resultado do processo. No entanto, a espirituosidade da internet não o perdoou. Os memes, que foram uma das boas marcas dessas eleições, lhe deram posição de destaque na folclórica balsa para Manacapuru.
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
Alguns esclarecimentos
Tenho sido alvo de alguns ataques em lugares incertos da internet em razão de duas matérias assinadas por mim e veiculadas pelo jornal ac24horas que tratam da averiguação de uma denúncia feita contra o médico Antônio Costa dos Santos, que mesmo tendo contrato com a Sesacre para prestar serviços em Xapuri não comparecia ao trabalho há mais de seis meses.
O médico pagava uma colega para substituí-lo nos seus dias
de plantão e, assim como ela, afirmou que não havia nada de errado na situação
que tinha o objetivo de permitir que ele se capacitasse fora do estado sem
perder o vínculo empregatício. Ainda segundo ele, seu caso não era isolado, uma
vez que outro médico, Jean Alércio, havia feito isso por três anos “sem ninguém
reclamar”.
Esse preâmbulo visa situar no assunto as pessoas que lerem esse esclarecimento, que não se destina nem se dispõe a perder tempo respondendo a quem me acusa levianamente de ser o responsável pelo encerramento do contrato do clínico feito pela Sesacre ao tomar conhecimento do fato. O propósito do texto é atender a quem realmente tenha o interesse de entender o que ocorreu. Quem faz barulho atoa com o fato apenas politiza uma questão que não tem a ver com política, mas com suposta irregularidade.
Já as críticas que tenham como base os fatos e a sua
relação com a legalidade, a ética e o bom senso eu não apenas as aceito com boa
vontade como me ponho à disposição para discuti-las democraticamente desde que
com alicerce na civilidade e no respeito. Para quem disso não entende, opto por
mandar à lata do lixo suas inúteis e mal elaboradas reclamações.
Então, vamos aos fatos
Informado da situação, procurei o gerente do hospital, o
enfermeiro Josimar dos Santos, e o questionei sobre o que ocorria. Respondeu confirmando
a transação entre os dois médicos e afirmando que a Sesacre já havia sido
comunicada e que o contrato de Antônio Costa seria cancelado, apesar de,
segundo ele, não existir prejuízo ao hospital em decorrência do combinado entre
os profissionais.
Em seguida, entrei em contato com os dois médicos que
confirmaram o acordo que celebraram informalmente e afirmaram que não existia
nenhuma irregularidade no procedimento, uma vez que os plantões estavam sendo “cobertos”.
Ocorre que a Sesacre não foi consultada previamente ou mesmo informada
posteriormente do que ocorria.
Contatada por meio da Assessoria de Comunicação, a Diretoria
de Assistência em Saúde da Sesacre afirmou que a Secretaria não tinha
conhecimento do caso relatado e disse que iria apurar a denúncia e tomar as
providências para corrigir eventuais irregularidades. Dois dias depois veio a
informação do encerramento do contrato do médico.
Algumas perguntas para reflexão
Se não havia irregularidade, por que o fato era escondido
da Sesacre? Por que a Secretaria encerrou o vínculo do médico ao tomar conhecimento
da situação? E se outros profissionais desejassem gozar do mesmo privilégio,
como a direção do hospital resolveria a questão? E, por fim, por qual razão a imprensa
não deveria dar publicidade ao caso?
Apoio popular
Muita gente foi às redes sociais prestar solidariedade ao
médico e criticar a quem publicitou o fato. Alguns argumentaram que ele é um
bom profissional e que, por isso, não deveria ser incomodado quanto ao acordo
espúrio feito à revelia do órgão público que o contratou para trabalhar e não
para estudar. Encorajado por isso, me enviou mensagens nada elegantes e me
xingando de “sínico”.
Como não sou chinês, creio que ele quis me chamar de cínico,
o que não é, exatamente, um elogio. Respondo-lhe que a mim não interessa o quão
bom ele seja ou o quanto seja admirado pela população. No exercício da função
de jornalista, que exerço de maneira legítima e fora do meu horário de serviço
como funcionário público, atenho-me apenas à tríade legalidade, ética e bom
senso.
Há previsão de legalidade na prática de um servidor público
pagar a um colega para substituí-lo por meses a fio, mesmo que o regime seja de
plantões? É ético que se faça uma negociata dessa natureza sem a anuência ou
autorização do órgão empregador? Há bom senso de ambas as partes – uma de
renunciar a responsabilidade própria e outra de assumir a alheia?
Postas as questões, que cada um se aposse daquilo que lhes cabe, assim como eu assumo a responsabilidade por aquilo que publico. Transferir aos outros o encargo dos seus próprios equívocos é peculiar aos que se escondem por trás da falta de caráter e de decência. Já as indiretas e ofensas vazias pela internet partem de gente vadia que desperdiça o tempo em bajular os patrões.