sábado, 13 de novembro de 2021

HQ reflete sobre a realidade dos seringueiros na Amazônia

Bruna Martins

Mapinguari, história em quadrinhos que tem como título a lendária criatura que protege a Floresta Amazônica dos caçadores, traz em um visual deslumbrante uma narrativa que reflete a realidade dos trabalhadores da floresta, os seringueiros. Além disso, a HQ, escrita por André Miranda e ilustrado por Gabriel Góes, também aborda questões como proteção ambiental, folclore e cultura indígena. A revista foi publicada pela FTD Educação em parceria inédita com o WWF-Brasil.

A trama é baseada no Seringal Santo Antônio, no interior do Acre, e gira ao redor do personagem José, filho do líder seringueiro que deixou sua comunidade para trabalhar na capital, Rio Branco. Uma história que aqueles que não moram em centros urbanos devem conhecer bem. 

José passa a trabalhar em uma empresa que atua na compra e venda de terras da comunidade em que cresceu e que assedia moradores de sua terra natal. Isso põe o protagonista em um dilema e conflito entre suas raízes e seu projeto de vida pessoal. Ao retornar para o seringal, José redescobre a história de sua família e os valores locais – o folclore, o movimento seringalista, a cultura indígena e as riquezas da floresta amazônica. Numa narrativa conduzida sobre a fina linha que separa realidade, mito e sonho, o ser lendário Mapinguari simboliza os mistérios incompreensíveis pela marcha do progresso que incendeia a mata.

“Desigualdade social no campo e na cidade, a devastação da Amazônia, as formas sustentáveis de economia, a relação do país com seus povos indígenas – em um enredo absolutamente literário, criação do roteirista de cinema André Miranda”, resume Bruno Rodrigues, editor de texto da FTD Educação.

Ele ainda acrescenta como a história desenvolve uma narrativa verdadeira e profunda, na qual os leitores podem se relacionar: “Brasil profundo não é mera expressão aqui; esta é uma história de raízes, desenraizamentos e novos enraizamentos. No coração da Amazônia acontece a história do protagonista José, que vive um dilema com o qual o leitor pode se identificar e aprender”.

Bruna Martins é jornalista em formação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Fonte: O Eco

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Jornalista diz que o Acre deixou passar com antecedência a boiada do desmatamento

Em artigo publicado pelo site de jornalismo ambiental ((o))eco, nesta segunda-feira (27), o jornalista acreano Fabio Pontes afirma que o Acre, que por 20 anos exerceu certo protagonismo na preservação de sua cobertura florestal, hoje é referência naquilo que há de pior em termos de política ambiental.

De acordo com Pontes, o ritmo sem precedentes de devastação da Amazônia no Acre, que foi o terceiro estado que mais desmatou no mês de agosto deste ano, é consequência tanto do desmonte das políticas de proteção do meio ambiente promovida pelo governo federal quanto pelo local. 

“Por aqui, a estratégia de deixar a boiada passar foi adotada com muito mais antecedência pelo governo de Gladson Cameli (PP) do que aquela exposta por Ricardo Salles diante de um país assustado com a pandemia da Covid-19”.

O jornalista diz ainda que durante sua campanha para governador, Cameli tinha como promessa fazer do agronegócio o carro-chefe da economia acreana. Para isso, ele garantiu desburocratizar e flexibilizar as normas ambientais do Estado e tirar a fiscalização do pescoço de quem queria produzir.

“A principal missão de Gladson Cameli ao assumir o governo do Acre, em janeiro de 2019, era destruir todo o arcabouço institucional de proteção da Amazônia construído durante as duas décadas de governos do PT. Tal política gestada durante o chamado governo da floresta de Jorge Viana (1999-2006), conhecida como Florestania, passou a ser o inimigo público número um de Gladson Cameli”.

Em agosto de 2021, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) detectou 1.606 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 7% em relação a agosto de 2020, quando o desmatamento somou 1.499 quilômetros quadrados.

É a maior taxa para o mês em 10 anos. Com isso, o acumulado desde janeiro também foi o pior da década. O desmatamento detectado em agosto de 2021 ocorreu no Pará (40%), Amazonas (26%), Acre (15%), Rondônia (10%) e Mato Grosso (9%).

O que disse o governo

Por meio da Agência de Notícias do Acre, o Governo do Estado argumentou, também com base nos dados do Imazon, que os números mostram que o estado apresentou uma redução de 12% no desmatamento no mês de agosto de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado.

“Mesmo não sendo uma fonte considerada oficial, a redução demonstra que as ações adotadas pelo governo do Estado têm sido fundamentais para conter o avanço do desmatamento”, disse a agência estatal.

O governo também citou um dado do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Deter/Inpe), órgão oficial de promoção de informação de dados sobre desmatamento, que afirma que o Acre teve uma redução da extensão de alertas de desmatamento de 35,3% no mês de agosto em relação a 2020.

A diretora executiva da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Ambientais (Semapi), Vera Reis Brown, explicou que os dados de desmatamento devem ser analisados com critério.

“É um assunto complexo que exige a adoção de metodologia que permita comparação dos dados ao longo da série histórica. No entanto, as informações geradas pelo Imazon, MapBiomas, entre outras, têm sido fundamentais na complementação dos dados gerados pelo Inpe e pelo Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental, o Cigma”.

O jornalista acreano Fabio Pontes escreve há mais de uma década sobre Amazônia, cobrindo meio ambiente, povos indígenas e comunidades extrativistas, crises migratórias, mudanças climáticas e a política regional para veículos de imprensa do Acre e do país.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Enquanto a ponte não vem

O governador Gladson Cameli esteve em Xapuri mais uma vez nesta segunda-feira, 16. Na bagagem ele trouxe mais uma balsa, além de máquinas para recuperar ramais no interior do município. 

Inevitavelmente, foi cobrado pela Ponte da Sibéria, promessa que mantém desde a sua eleição. Com bom humor, reafirmou que a ponte é uma realidade, que vai fazer, e desafiou com musiquinha quem transpareceu duvidar.

"Pula, pula, pula e passe a acreditar", disse parodiando uma musiquinha muito usada em campanhas eleitorais. Muita gente realmente acredita na construção da ponte, mas há também aqueles que começam a perder as esperanças. É que já viram muitos "pula, pula" sem qualquer resultado. Mas enquanto a tão esperada ponte não vem, as balsas e catraias - bem ou mal - vão fazendo o seu papel.

sábado, 14 de agosto de 2021

“Ponte da Sibéria”, a redenção ilusória de uma Xapuri maltratada pelo tempo e pela política

Há mais de duas décadas, um movimento que tem origem em uma pequena comunidade acreana chamada Sibéria, no lado oposto do rio Acre, em Xapuri, intercala momentos de ebulição e de hibernação, mas se mantém vivo no anseio de estimados dois milhares de moradores da região e compartilhado por um outro bom tanto de habitantes do município.

A aspiração dos moradores da Sibéria acreana é pela construção de uma ponte sobre o rio Acre, ligando o hoje bairro à área central da cidade. A histórica dificuldade da travessia, antes feita apenas pelas tradicionais catraias e atualmente reforçada por uma pequena e precária balsa metálica mantida pelo governo do estado, por meio do Deracre, cresce a cada dia e enerva os usuários.

A ponte é hoje, ao mesmo tempo, a maior reivindicação do município e a maior promessa do governo para Xapuri. Já teve investimentos anunciados em ato oficial e o governador já disse, na cidade, que se não fizer a obra ou pelo menos não a iniciar no atual mandato muda de nome. Apesar disso, o ânimo dos xapurienses vem arrefecendo com o passar dos anos.

Ocorre que nem de longe, apesar de sua inegável importância, a sonhada ponte sobre o rio Acre representa o que Xapuri mais precisa. Ela é, em verdade, a ilusória redenção de uma cidade que segue sendo extremamente maltratada pelo tempo, que é implacável, e pela política, que ao contrário do que deveria fazer, a tem mantido entre a estagnação e a decadência.

A terra de Chico Mendes sofre hoje duas grandes deficiências, além de outras tantas que são comuns aos demais municípios do interior acreano. A primeira é a falta de um hospital com estrutura mínima para atender a demanda de um município de 20 mil habitantes e a segunda a ausência de uma rede de esgotamento sanitário que sane os problemas decorrentes dessa grave necessidade.

O “além de outras tantas” citado acima, no caso de Xapuri se refere a muita coisa, no que tange às necessidades mais básicas negligenciadas por todas as esferas administrativas - da displicência com a oferta de medicamentos aos mais necessitados, passando pela péssima coleta e destinação do lixo à falta de investimentos de peso na infraestrutura local.

Se a ponte da Sibéria não for entendida como mera parte de um processo longo e contínuo de investimentos públicos que possam, pouco a pouco, mudar a cara da cidade e melhorar a vida de seus moradores, seguiremos nessa estafante rotina de ilusão e de promessas vazias que se renovam a cada eleição, alimentado um ciclo vicioso de bajulação e pajelança.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Juntos e misturados

Deixando as diferenças momentaneamente de lado, prefeito e vereadores de Xapuri foram bater à porta do governador Gladson Cameli em busca de ajuda para o município. 

Junto com Bira Vasconcelos, foram oito vereadores dos nove que compõem a Câmara Municipal. Só faltou Ronaldo Ferraz, do MDB, que estava acometido de  gripe. 

Na pauta, pedidos de ajuda ao município em várias áreas. Saúde, Educação, Segurança Pública, ramais e até a folclórica ponte que sob Cameli tem promessas firmes de concretização. Mas enquanto a obra não sai, os pedidos foram de extensão do horário de funcionamento da balsa que faz a travessia do Rio Acre.

Bira Vasconcelos propôs assinatura de convênio para aquisição de combustível e requereu uma patrol para auxiliar na reabertura de 600 km de ramais na região. 

“Temos quase mil e duzentos quilômetros de ramais e sozinho a gente não tem como dar conta. O governador tem nos ajudado desde o nosso primeiro mandato sem nunca olhar para essa questão de partido. Sou grato por todo apoio e espero que essa parceria seja mantida”, disse o prefeito.

Gladson prometeu ajudar e garantiu que fará investimentos. Disse que entregará uma nova ambulância (não ficou claro se é do Samu) ao município e prometeu pedir à Secretaria de Segurança Pública que reforce o contingente da Polícia Militar no município.

“É muito importante ouvir os vereadores, porque eles são quem de fato estão onde os problemas existem. Eu não faço nada sozinho, e sempre vou está aberto para críticas e sugestões. Quando as queixas chegam pra gente dessa forma, respeitosas e necessárias, não posso ficar de braços cruzados. Já acionei todos os setores responsáveis por cada problema aqui colocado e vamos agir, ajudar, resolver, porque nosso compromisso é cuidar de vidas, da nossa gente”.

Resta aguardar.

Saneamento mais próximo dos pequenos municípios

Ricardo Lazzari Mendes (*)

Os gargalos do saneamento estão presentes em municípios de todos os portes. A falta de abastecimento de água potável ainda é um problema para 35 milhões de brasileiros e aqueles que vivem sem acesso à rede de esgoto somam 100 milhões de pessoas.

Porém, a população dos municípios menores tem maior dificuldade para acesso aos serviços de infraestrutura básica de saneamento. A escassez de recursos financeiros e a falta de mão de obra qualificada para atender às demandas de empreendimentos do setor são alguns dos fatores determinantes desse atraso.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2017, divulgada em 2020, mostra maior presença de rede de coleta de esgoto nas cidades mais populosas, alcançando 97,6% entre aquelas com mais de 500 mil habitantes. Nos municípios com população com 100 mil a 500 mil, o serviço de coleta de esgoto aparece em 92,9%.

Na outra ponta, cidades com população até 5 mil habitantes, 57,6% contam com esses serviços. Na faixa intermediária, entre 5 mil a 10 mil habitantes, 50,2% dispõem de empreendimentos de sistemas de esgoto contra 56,4% entre as localidade entre 10 mil a 20 mil habitantes.

O Novo Marco Legal do Saneamento traz um novo modelo de organização dos municípios capaz de atender às demandas das cidades menores. A nova legislação determina que os Estados devem criar unidades regionais de saneamento básico, que são agrupamentos de municípios, não necessariamente limítrofes.

Apesar da participação facultativa nas prestações regionalizadas, os municípios só contarão com recursos federais se integrarem esses blocos. A proposta de operações regionalizadas é alcançar o subsídio cruzado, seja por cidades de uma mesma região, bacia hidrográfica ou região administrativa. O modelo permite ampliar a escala com a prestação de serviço e construção de empreendimentos reunindo essas localidades. Com o aumento da produtividade das prestadoras de serviço, há potenciais ganhos de eficiência. Assim, a modelagem de blocos e operações regionalizadas devem possibilitar às companhias estaduais deficitárias e também aos municípios menores, sem recursos suficientes para investimentos em saneamento, soluções mais adequadas e de melhor eficiência.

O esforço para cumprir os objetivos de universalizar o abastecimento de água e chegar a 90% de atendimento do esgotamento sanitário, até 2033, deve ser de todos os entes da federação. O novo marco legal do saneamento é apenas o pontapé inicial de uma mudança significativa na qualidade de vida da população brasileira, que deve ser implantado com planejamento e acompanhamento das agências reguladoras.

(*) Ricardo Lazzari Mendes é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), engenheiro pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP e doutor em engenharia hidráulica e sanitária pela Escola Politécnica da USP.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Projeto de rodovia deixa em risco área intocada da Amazônia

No Acre, propostas para conectar ‘municípios isolados’ a estradas principais tendem a avançar desmatamento já em alta para regiões intactas do bioma; após o Alto Juruá, o Alto Purus é o alvo de políticos

No momento em que a Amazônia registra taxas recordes de desmatamento impulsionado, principalmente, pelo desmonte da política de proteção ambiental promovida pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), lideranças locais se articulam para tirar do papel projetos de infraestrutura que colocam, ainda mais em risco, a preservação do bioma. É o que acontece, por exemplo, no Acre, com articulações políticas para abrir estradas em regiões hoje intocadas pela ação humana. 

Após o projeto da rodovia entre as cidades de Cruzeiro do Sul, no extremo oeste do estado, e Pucallpa, no Peru, na bacia do rio Juruá – que concentra uma das maiores biodiversidades do mundo – agora começam as tratativas para construir uma estrada na região do Alto Rio Purus. A proposta é fazer a conexão rodoviária entre os municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus. 

Leia reportagem do jornalista Fábio Pontes, no site ((o))eco

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Política ambiental é decisiva para o País

João Guilherme Sabino Ometto

A mudança de discurso do presidente Jair Bolsonaro quanto à política ambiental brasileira, na recente Cúpula do Clima promovida por seu colega norte-americano, Joe Biden, foi positiva para o Brasil. Ao anunciar mais verbas para fiscalização, antecipação em dez anos, para 2050, da meta de neutralidade na emissão de dióxido de carbono e erradicação até 2030 do desmatamento ilegal, sinalizou uma nova atitude do País num tema crucial para a humanidade.

Contudo, o ceticismo referente à postura brasileira somente será reduzido se ações concretas confirmarem o teor do pronunciamento de Bolsonaro. Temos boa oportunidade de apresentar uma nova política ambiental até a 26ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (COP 26), em novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia. Cabe-nos demonstrar, na prática, o comprometimento com o combate às mudanças climáticas e, principalmente, a proteção das florestas, revertendo o aumento do desmatamento e queimadas na Amazônia verificado nos últimos dois anos.

O Brasil precisa inserir-se novamente como protagonista na agenda global do meio ambiente. Não pode mais ser excluído de eventos importantes, como ocorreu, em dezembro último, na reunião Climate Ambition Summit, preparatória à COP 26, pois está à frente de muitas nações desenvolvidas na redução da emissão de carbono e é estratégico nessa questão, considerando suas hidrelétricas, biocombustíveis e as energias eólica e solar. Liderou o debate do clima, apresentando o renovável etanol na ECO-92 e, na Rio + 20, levantou bandeiras contra o aquecimento global, ao contrário de países hipócritas, que nunca mexeram uma palha nesse assunto, praticando a diplomacia do faz de conta.

O fato é que o Brasil precisa de uma nova atitude referente à Região Amazônica e medidas concretas para conter o desmatamento ilegal, sem o que ficará isolado e perderá recursos e negócios. Não me refiro apenas a eventuais sanções oficiais de governos, mas também às decisões de investimentos produtivos. Para os detentores do dinheiro, os princípios de ESG (do inglês Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança) são cada vez mais decisivos.

Além do discurso, precisamos de ações congruentes com a importância do País para a sustentabilidade global, considerando suas dimensões, clima, biodiversidade, reservas hídricas e potencial como produtor de alimentos e energia limpa. A política ambiental também precisa fazer justiça à postura avançada da agropecuária, que conservar imensa área de matas nativas e mananciais fluviais.

Sessenta e um por cento da cobertura vegetal nativa do Brasil estão preservados, sendo que 11% do total encontram-se dentro das 5,07 milhões de propriedades rurais do País. Apenas 9% do nosso território são ocupados por lavouras e 38,7% correspondem à produção agrícola, pastagens e florestas. Na nossa matriz energética, 42,9%, contra 13,8% na média mundial, provêm de fontes renováveis, sendo 17% referentes ao setor sucroenergético.

Temos muito o que mostrar e dispomos de kow how sobre como trabalhar a terra de modo sustentável. Estamos dispostos a compartilhar esse conhecimento com outros povos. Porém, não é prudente - e nem justo com os agropecuaristas e trabalhadores do campo - esconder tudo isso sob a fuligem das queimadas amazônicas.

Seria um grande avanço do Brasil, na agenda global da década que se inicia, adotar uma postura transparente, corajosa e sinérgica com os esforços das nações civilizadas, encarando de frente a questão amazônica, que não é nova, demonstrando o que sabemos fazer em termos de preservação e que estamos dispostos a enfrentar o problema. Com certeza, os produtores rurais estarão ao lado do governo nessa causa. Agindo assim, inauguraríamos uma etapa construtiva nas relações internacionais, atrairíamos mais investimentos e, sem dúvida, preservaríamos nossa floresta e, claro, nossa soberania.

João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).

sábado, 16 de janeiro de 2021

Colapso da saúde no Amazonas

A Associação Médica Brasileira (AMB) emitiu nota pública nesta sexta-feira, 15, manifestando a sua solidariedade com a população, os médicos e demais profissionais de saúde de Manaus e de todo o estado do Amazonas, onde o sistema de saúde está em colapso e com gravíssimos problemas, como falta de leitos, de cilindros de oxigênio e de equipamentos imprescindíveis ao tratamento dos pacientes com Covid-19.

De acordo com a entidade, no intervalo de uma semana, a média móvel de casos aumentou 85,3% em Manaus, sendo que apenas nas últimas 24 horas houve a confirmação de 3.816 novos casos no estado. Só na capital amazonense foram 2.516 novas infecções. Números recordes desde o início da pandemia, que já matou quase 6 mil pessoas em todo o estado desde o início da pandemia, das quais quase 4 mil apenas em Manaus.

A AMB afirma na nota que está acompanhando com atenção e muita preocupação o andamento da trágica situação dos amazonenses. 

“Entendemos ser nosso dever orientar os médicos a se pautarem pelas melhores evidências científicas e para que não adotem, mesmo nesta situação desesperadora, tratamentos que não tenham a devida comprovação científica até presente momento”, diz um trecho da publicação.

A Associação Médica Brasileira conclamou os cidadãos amazonenses a se unir à classe médica, que desde o princípio da pandemia está na linha de frente colocando muitas vezes a própria vida em risco para garantir assistência à população, mas também cobrou dos governantes legalmente constituídos e as autoridades públicas de saúde que assumam sua responsabilidade na grave crise sanitária.

A entidade exigiu que sejam disponibilizados imediatamente para hospitais os cilindros de oxigênio, conforme solicitam em ação já ajuizada o MPF (Ministério Público Federal), a DPU (Defensoria Pública da União), o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Ministério Público de Contas do Estado do Amazonas.

“Conclamamos por providências urgentes com aumento de leitos, com hospitais de campanha e com a garantia de todos as demais necessidades que se façam obrigatórias para o tratamento da Covid-19”, diz outro trecho da nota.

Por fim, a AMB convocou a população do Amazonas a aderir à programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que reduzem a transmissão do novo coronavírus.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Nesta eleição, nem tudo foram flores

O prefeito de Epitaciolândia, Tião Flores, que trocou o PSB, partido que o elegeu em 2016, pelo PP, como forma de angariar o apoio logístico e eleitoral do recém-eleito governador Gladson Cameli para as eleições deste ano, terminou a corrida eleitoral como um dos maiores derrotados do pleito em todo o estado do Acre.

Dos 4.068 votos obtidos há quatro anos, Flores manteve inacreditáveis 741 nesta eleição, encolhendo de 47,07% dos votos válidos daquela ocasião para meros 8,20% desta. Um resultado decepcionante para um candidato que teve nas mãos a máquina administrativa por um mandato.

Fontes no município dizem que o desfecho da eleição para o prefeito era previsível. Deixar o PSB, dando as costas ao grupo que o ajudou a se eleger, foi considerado como uma manobra fatal. Sua rejeição passou a ser gigantesca e até assessores o criticavam abertamente nas redes sociais.

Nos últimos momentos da campanha eleitoral, ele tentou reverter a situação com a realização de algumas obras, com destaque para o asfaltamento de última hora de algumas ruas, o que não adiantou. Sua popularidade ruiu tal qual a cobertura de um ginásio coberto que pensou em inaugurar antes da eleição.

Ao contrário da maioria dos candidatos derrotados nestas eleições, Tião não se manifestou nas redes sociais sobre o resultado do processo. No entanto, a espirituosidade da internet não o perdoou. Os memes, que foram uma das boas marcas dessas eleições, lhe deram posição de destaque na folclórica balsa para Manacapuru. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Alguns esclarecimentos

Tenho sido alvo de alguns ataques em lugares incertos da internet em razão de duas matérias assinadas por mim e veiculadas pelo jornal ac24horas que tratam da averiguação de uma denúncia feita contra o médico Antônio Costa dos Santos, que mesmo tendo contrato com a Sesacre para prestar serviços em Xapuri não comparecia ao trabalho há mais de seis meses.

O médico pagava uma colega para substituí-lo nos seus dias de plantão e, assim como ela, afirmou que não havia nada de errado na situação que tinha o objetivo de permitir que ele se capacitasse fora do estado sem perder o vínculo empregatício. Ainda segundo ele, seu caso não era isolado, uma vez que outro médico, Jean Alércio, havia feito isso por três anos “sem ninguém reclamar”.

Esse preâmbulo visa situar no assunto as pessoas que lerem esse esclarecimento, que não se destina nem se dispõe a perder tempo respondendo a quem me acusa levianamente de ser o responsável pelo encerramento do contrato do clínico feito pela Sesacre ao tomar conhecimento do fato. O propósito do texto é atender a quem realmente tenha o interesse de entender o que ocorreu. Quem faz barulho atoa com o fato apenas politiza uma questão que não tem a ver com política, mas com suposta irregularidade. 

Já as críticas que tenham como base os fatos e a sua relação com a legalidade, a ética e o bom senso eu não apenas as aceito com boa vontade como me ponho à disposição para discuti-las democraticamente desde que com alicerce na civilidade e no respeito. Para quem disso não entende, opto por mandar à lata do lixo suas inúteis e mal elaboradas reclamações.

Então, vamos aos fatos

Informado da situação, procurei o gerente do hospital, o enfermeiro Josimar dos Santos, e o questionei sobre o que ocorria. Respondeu confirmando a transação entre os dois médicos e afirmando que a Sesacre já havia sido comunicada e que o contrato de Antônio Costa seria cancelado, apesar de, segundo ele, não existir prejuízo ao hospital em decorrência do combinado entre os profissionais.

Em seguida, entrei em contato com os dois médicos que confirmaram o acordo que celebraram informalmente e afirmaram que não existia nenhuma irregularidade no procedimento, uma vez que os plantões estavam sendo “cobertos”. Ocorre que a Sesacre não foi consultada previamente ou mesmo informada posteriormente do que ocorria.

Contatada por meio da Assessoria de Comunicação, a Diretoria de Assistência em Saúde da Sesacre afirmou que a Secretaria não tinha conhecimento do caso relatado e disse que iria apurar a denúncia e tomar as providências para corrigir eventuais irregularidades. Dois dias depois veio a informação do encerramento do contrato do médico.

Algumas perguntas para reflexão

Se não havia irregularidade, por que o fato era escondido da Sesacre? Por que a Secretaria encerrou o vínculo do médico ao tomar conhecimento da situação? E se outros profissionais desejassem gozar do mesmo privilégio, como a direção do hospital resolveria a questão? E, por fim, por qual razão a imprensa não deveria dar publicidade ao caso?

Apoio popular

Muita gente foi às redes sociais prestar solidariedade ao médico e criticar a quem publicitou o fato. Alguns argumentaram que ele é um bom profissional e que, por isso, não deveria ser incomodado quanto ao acordo espúrio feito à revelia do órgão público que o contratou para trabalhar e não para estudar. Encorajado por isso, me enviou mensagens nada elegantes e me xingando de “sínico”.

Como não sou chinês, creio que ele quis me chamar de cínico, o que não é, exatamente, um elogio. Respondo-lhe que a mim não interessa o quão bom ele seja ou o quanto seja admirado pela população. No exercício da função de jornalista, que exerço de maneira legítima e fora do meu horário de serviço como funcionário público, atenho-me apenas à tríade legalidade, ética e bom senso.

Há previsão de legalidade na prática de um servidor público pagar a um colega para substituí-lo por meses a fio, mesmo que o regime seja de plantões? É ético que se faça uma negociata dessa natureza sem a anuência ou autorização do órgão empregador? Há bom senso de ambas as partes – uma de renunciar a responsabilidade própria e outra de assumir a alheia?

Postas as questões, que cada um se aposse daquilo que lhes cabe, assim como eu assumo a responsabilidade por aquilo que publico. Transferir aos outros o encargo dos seus próprios equívocos é peculiar aos que se escondem por trás da falta de caráter e de decência. Já as indiretas e ofensas vazias pela internet partem de gente vadia que desperdiça o tempo em bajular os patrões.

sábado, 31 de outubro de 2020

Eleições, obsessão e desvarios em tempos de pandemia

Não possuo elementos concretos para afirmar que o início da campanha eleitoral é o grande responsável pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus no estado, especialmente na regional do Alto Acre, onde a classificação de risco regrediu da Bandeira Amarela para a Laranja, o que significa um sinal de alerta.

É inegável, no entanto, que com a abertura da temporada de caça aos votos, o eleitor passou a ser alvo das investidas dos concorrentes diversos, acompanhados de seus asseclas e capachos, que começaram a percorrer todas as grotas, becos e barrancos em busca da única coisa que do povo lhes interessa.

Resultado da caçada ao pobre ou não, a verdade é que após os fazedores da política enfiarem o pé na jaca com suas insanas aglomerações a situação começou a ficar complicada novamente e espaços que haviam voltado a funcionar terão que tornar a fechar as portas colocando em xeque os poucos empregos que geram.

E cabe a quem a culpa de uma suposta contribuição para a recaída da pandemia? Penso que a todos, de maneira geral. Da falta de sensibilidade de candidatos, partidos e coligações, passando pela leniência das autoridades responsáveis por fazer cumprir as normas, à despreocupação e falta de zelo da própria população em não se resguardar.

Como diziam os antigos com sua hoje desprezada sabedoria, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Entretanto, a paixão política e a necessidade de muitos de seguir o fluxo do sazonal interesse político pelas demandas populares faz com que o medo da pandemia seja secundarizado em favor das campanhas partidárias.

E o risco de contágio não se dá apenas pelo vírus dito chinês. Também se veem os participantes das carreatas, cicleatas, outras 'atas' e bandeiraços sob o perigo de serem infectados pelo vetor do ódio, da discórdia, da calúnia e da difamação. Tudo isso a troco de defenderem cegamente àquilo ou àqueles que nada lhe garantirão de certo.

E assim segue-se nessa demência coletiva que coloca os partidos na condição de times de futebol e atribui aos candidatos o status de estrelas ou de ídolos. A sanha por ver vencedor aquele que escolheu defender faz com que o indivíduo perca a razão e se atire raivosamente contra parentes e amigos que têm opção diversa.

Alguns assim agem por pura convicção e fé inabalável naqueles que seguem. Outros, e esses aparentam ser maioria, se comportam com cães famintos embaixo de uma mesa farta. Posicionam-se em pontos estratégicos para abocanhar as sobras do banquete, mas podem mudar de posição segundo as conveniências.  

Após as eleições, dividido o butim, virá o conhecido choque de realidade. Não há sobras para todos. Alguns, já acostumados, se aquiescem. Outros, tanto pasmos quanto revoltados, esperneiam e estrebucham feito meninos birrentos ou bezerros desmamados. Aí, resta chorar na cama que é lugar quente. 

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Denúncias contra prefeito de Xapuri são vazias e têm claro objetivo de fraudar eleição

Se a averiguação preliminar que a Delegacia de Combate a Crimes de Corrupção e Contra a Ordem Tributária e Financeira (Decor) faz com relação a denúncias anônimas formuladas contra o prefeito de Xapuri, Ubiracy Vasconcelos (PT), não trouxer à tona alguma evidência mais consistente do que as que têm sido repercutidas na internet nas últimas semanas, se tornará comprovado aquilo o que é quase certo.

O enredo contra Bira, que é candidato à reeleição, se baseia em boatos de que ele manteria duas amantes como “funcionárias fantasmas”, ou seja, essas mulheres estariam nomeadas em cargos comissionados da prefeitura sem que lá jamais houvessem comparecido para trabalhar. Já está claro que existe calúnia e difamação contra as moças, pois ambas exercem, de fato, as funções para as quais foram contratadas.

Ainda com relação às duas servidoras, envolvê-las em insinuações de manter casos amorosos com quem quer seja, mesmo no caso de uma pessoa pública como o prefeito, não passa de promoção de fofoca barata, de maledicência e de uma condenação prévia e criminosa de pessoas que têm por trás de si filhos, pais, mães e irmãos. Uma covardia sem tamanho que parte de gente que não possui o menor escrúpulo quando o assunto diz respeito a poder político e dinheiro.

Numa segunda acusação sem qualquer fundamento, um motorista da Secretaria Municipal de Agricultura é acusado de estudar medicina na Bolívia enquanto recebe salário da prefeitura sem exercer a função. A própria vítima da armação foi a público, para dizer que não se trata dele a pessoa mostrada em uma foto com colegas no país boliviano. E mesmo o estudante que aparece na imagem não possui qualquer vínculo com a prefeitura.

Na última quinta-feira, 29, o delegado que cuida do caso, Pedro Resende, ouviu os secretários das pastas onde os servidores acusados de serem “fantasmas” estão lotados e colheu documentos relativos à frequência destes, como folhas de ponto e escalas de plantões estabelecidas em razão da pandemia. Nos próximos dias, deve sair posicionamento oficial da Decor sobre o caso.

Chama a atenção que em uma matéria divulgada pelo site acjornal e compartilhada efusivamente pela internet por correligionários das candidaturas de oposição aparece um "print" com fotografias que mostram a falsa presença do motorista da prefeitura em uma reunião de estudantes na Bolívia. Neste print, a redação do jornal esqueceu de cortar o nome de quem enviou um conjunto de 11 imagens ao site: Diego Xapuri.

Como Diego não é um nome muito incomum e existem muitas pessoas na cidade com essa denominação, talvez não se possa afirmar com precisão quem é o responsável pela onda de denúncias infundadas contra o prefeito e por ordem e pagamento de quem elas estão sendo disseminadas, mas fica claro que parte de algum lugar de Xapuri e não de investigação própria do jornal a divulgação das supostas irregularidades.

Quanto aos supostos casos amorosos, tanto o prefeito quanto as mulheres vítimas da difamação negam veementemente as acusações. Evidente que essa parte não diz respeito à polícia, pois se refere a pessoas adultas e donas de suas vidas. Óbvio também que não seria ético da parte de um gestor público esse tipo de coisa, mas ninguém pode ser acusado de tal ato meramente com base em boatos e fofocas de fim puramente eleitoreiro.

As eleições e a demência brasileira

Leonardo Torres

O Brasil está cada vez mais demente: presidente com sentimento persecutório e contra vacina, senador fugitivo escondendo o dinheiro nas nádegas, candidatos canastrões que fazem estripulias para chamar atenção e conquistar votos. Enquanto isso, a fome e a miséria aumentam, as matas são incendiadas e as mortes pelo COVID-19 não cessam. E ainda, a aprovação do presidente cresce, por ter implementado um auxílio emergencial que não foi ele quem planejou.

Nem mesmo Kafka, Huxley, Saramago ou Shakespeare sequer imaginariam escrever um romance comparável ao que nosso país passa neste momento. Não somente porque os personagens que atuam no palco político são peculiares, mas também porque o público que os assiste atuar - os eleitores - também estão cada vez mais dementes.

A palavra "demente" provém "da-mente". Aqui exclui-se qualquer conotação pejorativa da palavra. Vale lembrar Edgar Morin quando afirma que o ser humano é Sapiens e Demens, ou seja, pautado tanto pela racionalidade quanto pelas emoções e pela mente.

Apesar da neurociência já ter provado que é impossível separar a racionalidade das emoções, temos que tomar cuidado para não cair em racionalismos. De acordo com E. Morin, o racionalismo é uma razão tendenciosa, autoritária e paranoica, ou seja, são aquelas justificativas simples e fáceis de se entender que normalmente elegem e projetam suas emoções em um inimigo. Por exemplo: as fake news nas últimas eleições para presidente promoveram em grande parte da população brasileira um contágio desses racionalismos e suas emoções projetadas.

É possível escapar desse circo? Não, mas é possível e importante incluir nesta equação a variável da consciência e da racionalidade (sem ismos). Estas são responsáveis pela reflexão crítica dos acontecimentos atuais. E aquela frase de C. Jung: "até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino", coloca a responsabilidade desse circo demente de eleitos e eleitores nas mãos dos cidadãos. Nós, brasileiros, devemos saber se vamos continuar batendo palmas e incentivando os eleitos a dançar ou se usaremos nossas mãos para votar corretamente.

Leonardo Torres, 30 anos, é psicoterapeuta junguiano e palestrante.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Bira denuncia “gabinete do ódio” em Xapuri e pede que poupem sua família

A três semanas das eleições municipais, o clima da campanha eleitoral em Xapuri se tornou tenso e foi tomado por uma onda de ataques e denúncias que tem tido como alvo o atual prefeito e candidato à reeleição Bira Vasconcelos, do Partido dos Trabalhadores (PT).

Publicadas por um jornal online estabelecido em Rio Branco e compartilhadas massivamente nas redes sociais, uma série de matérias imputam ao candidato petista as acusações de manter casos amorosos com duas mulheres que seriam funcionárias fantasmas da prefeitura.

O prefeito ainda é acusado de manter em folha de pagamento pelo menos quatro cargos comissionados que seriam estudantes de medicina na Bolívia, o que também significaria que esses funcionários estariam recebendo seus vencimentos salariais sem prestar serviço nas funções para as quais foram supostamente contratados.

As matérias, sempre baseadas em fontes não identificadas pelo veículo, também relatam que os fatos narrados fazem parte de um inquérito policial instaurado pela Delegacia de Combate a Crimes de Corrupção e aos Crimes contra a Ordem Tributária e Financeira (Decor).

O blog manteve contato com o delegado Pedro Henrique Resende Teixeira Campos, da Decor, que confirmou haver, realmente, uma denúncia dessa natureza que chegou recentemente à delegacia, mas disse não poder prestar nenhuma informação adicional sobre o objeto da investigação.

A reportagem procurou também o prefeito, que negou todas as acusações e atribuiu as denúncias a uma campanha de difamação que, segundo ele, tem por objetivo interferir de maneira ilegal no processo eleitoral em que aparece como favorito. Bira afirmou que existe um “gabinete do ódio” atuando em Xapuri.

“É estranho que essas histórias apareçam justamente agora, a poucas semanas da eleição. É perceptível que existe um desespero dos nossos adversários para mudar a realidade do processo eleitoral que se mostra favorável à nossa campanha e às nossas propostas de seguir fazendo o melhor para Xapuri”, afirmou.

O blog também buscou informações a respeito da situação funcional das duas servidoras citadas nas denúncias. Ana Carla Oliveira Caetano e Atila Ferreira de Araújo exercem cargos em comissão na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sematur) e no Gabinete da Vice-Prefeita Maria Auxiliadora, respectivamente.

A reportagem obteve informações junto a funcionários da prefeitura de que ambas comparecem regularmente ao trabalho, o que foi, também, confirmado pelo secretário da Sematur, Juscelino Facundo, onde atua Ana Carla, e pela vice-prefeita Maria Auxiliadora, de quem Atila Ferreira é secretária.

Por telefone, Ana Carla afirmou que sempre trabalhou regularmente e garantiu não existir nenhuma razão para que alguém a acuse de ser funcionária fantasma. Ela disse que sua residência é em Xapuri, de onde sai apenas nos feriados e fins de semana para ficar na casa do namorado, que mora em Epitaciolândia.

“Eu trabalho normalmente, apesar de que agora, em razão da pandemia, estamos em horário reduzido. Só que nos dias de folga eu vou para Epitaciolândia ficar na casa do meu namorado e retorno para Xapuri nos meus dias de trabalho, conforme a escala”, explicou.

O blog não fez questionamentos relacionados aos supostos casos amorosos citados pelas matérias divulgadas pelo jornal que propagou as denúncias contra o prefeito por entender que o assunto não diz respeito ao interesse público, além de causar constrangimento às pessoas envolvidas.

Outro servidor enredado nas denúncias e acusado se ser funcionário fantasma é Marco Aurélio de Amorim Maia, apontado como um estudante de medicina na Bolívia que receberia sem comparecer ao trabalho. Ele chega a ser mostrado em uma foto entre estudantes na Bolívia, mas nega que a imagem seja sua.

Em um áudio divulgado em um grupo de whatsapp, ele diz que quem aparece na foto divulgada pelo jornal é outra pessoa, que foi exonerada da prefeitura ainda em 2016. Marco, que é funcionário da Secretaria de Agricultura, diz que vai buscar na justiça a reparação pela acusação que recebeu.

“Pessoal, eu sou o Marco Aurélio. Esse pessoal do jornal tá tentando me prejudicar, sou eu. Não sou nenhum funcionário fantasma, sou funcionário da agricultura. O Márcio, que é o estudante de medicina que eles estão falando foi exonerado desde 2016. Vou procurar os meus direitos, pois isso é uma bandidagem”, afirmou em um trecho do áudio.

Na noite desta segunda-feira, 26, o prefeito Ubiracy Vasconcelos divulgou um vídeo na sua página de campanha no Facebook. Ele disse que tomará todas as medidas judiciais contra os envolvidos nas denúncias que chamou de fake news e voltou a afirmar que existe um “gabinete do ódio” operando em Xapuri.

“Peço aos meus adversários que se limitem a falar da administração, que não foi feito isso ou aquilo, mas deixem a minha vida pessoal e a minha família em paz. Nós representaremos todas essas difamações e publicações mentirosas na Justiça Eleitoral. Existe um gabinete do ódio também em Xapuri”, concluiu.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Rio abaixo

Muita gente em Xapuri ficou cabreira com a notícia de que o Ministério Público Federal tenta impedir que uma ponte ferroviária inaugurada em 1886, pelo imperador Dom Pedro II, seja desmontada e trazida ao Acre.

É que essa poderá ser a ponte prometida pelo governador Gladson Cameli para ligar o centro da cidade ao bairro Sibéria. O temor é que depois de tanta luta e reivindicação, a população seja presenteada com uma estrutura de 134 anos.

Se a sucata histórica aportar em Xapuri e for montada entre os dois barrancos do Rio Acre, adeus ao sonho de uma ponte moderna como essas que o Jorge Viana construiu em vários lugares do estado. Pelo menos é assim que pensam alguns matutos na terra de Chico Mendes.

No começo de seu mandato, com um braço em uma tipoia e o outro no ombro do empresário Aílson Mendonça, seu pretenso futuro prefeito de Xapuri, Cameli prometeu a la Odorico Paraguaçu a certa construção da ponte e vaticinou a eleição do rebento do deputado Antônio Pedro.  

Dois anos passados, a prometida ponte não saiu do papel e a candidatura de Aílson desceu o rio feito um balseiro em enchente. Dias atrás, Gladson gravou um vídeo de apoio à substituta do ex-futuro prefeito, a madrasta Carla Mendonça. Para não perder a prática, voltou a prometer a bendita ponte.

Mais uma descida de rio à vista.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Não escrevo para quem se resume a ler títulos

A candidata à prefeitura de Xapuri, Carla Mendonça (PP), me acusa de ser tendencioso ao intitular uma matéria que noticia o fato de ela ser alvo de um mandado de condução coercitiva, expedido pelo juiz Luís Alcalde Pinto, por ter faltado sem justificar o motivo a uma audiência judicial para a qual foi devidamente intimada.

“Hoje, enquanto estava em mais uma de minhas caminhadas nos bairros, fui informada sobre essa matéria que possui um título muito tendencioso. Em um processo onde EU SOU A VÍTIMA o modo com que o jornalista intitula a matéria me põe como uma fugitiva da lei”, ela diz em sua página do Facebook.

Ora, o título diz de maneira clara e objetiva: “Carla Mendonça falta audiência e juiz expede condução coercitiva”. Foi esse o fato. O título não explica se ela é vítima ou ré. Ele não se presta a isso e nem pode. Deve ser curto e tem o objetivo de atrair o leitor para a leitura da notícia. Essa sim, deve ser explicativa e esclarecedora.

Não fosse a “politização” do momento, o fato, certamente, nem seria notícia. Seria hipocrisia negar que a condução coercitiva desse caso apenas ganha uma manchete por se tratar o alvo do mandado de uma candidata a prefeita. A notícia deu a ela a chance de se fazer de vítima de um ataque ilusório.

Apesar de ser vital que se esclareça que ela é vítima no processo, o evento que origina a matéria não é esse, mas sim o mandado de condução coercitiva expedido em razão da sua ausência injustificada à audiência, o que trouxe danos ao trâmite do procedimento judicial. Como servidora da justiça, ela sabe disso melhor que eu.

No mais, ao censurar o livro pela capa, a candidata tergiversou e não elucidou, como pessoa pública a que se propõe ser, o real motivo de não haver comparecido à audiência de um processo também público em que figura, sim, como vítima de uma ação criminosa pela qual lhe sou solidário.  

Ponte inaugurada por Dom Pedro II pode não vir mais para o Acre

Pode ter entrado água na intenção do governador Gladson Cameli de trazer para o Acre uma ponte de ferro histórica que atravessa o Rio Pardo entre os municípios de Ribeirão Preto e Jardinópolis, no interior de São Paulo.

Em agosto passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) divulgou a cessão de três pontes ferroviárias para o Acre. As estruturas faziam parte de trechos de linhas férreas, localizadas nos estados da Bahia, São Paulo e Paraná.

O objetivo anunciado pelo governo acreano era o de instalar essas pontes sobre o Rio Acre entre Brasiléia e Epitaciolândia, ao lado da que lá já existe, em Xapuri, ligando o centro da cidade ao bairro Sibéria, e sobre o Rio Iaco, em Sena Madureira.

No caso de uma das pontes, a do Rio Pardo, o Ministério Público Federal em São Paulo pediu a imediata paralisação do processo de desmontagem e doação da estrutura, segundo reportagem do UOL publicada nesta quarta-feira, 30.

A ponte faz parte da Linha do Rio Grande, único segmento ainda existente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. O trecho, que teve a presença da comitiva do imperador Dom Pedro II durante sua inauguração, em 1886, fazia parte de um projeto para o desenvolvimento de áreas centrais do país e para a interligação dos portos de Santos (SP) e Belém.

O Ministério Público argumenta que além de ignorar a relevância histórica da via, o processo de remoção da estrutura sobre o Rio Pardo prejudica projetos turísticos que estão em implementação no entorno, como o parque linear em Jardinópolis.

O órgão ainda diz que a ponte deverá integrar as atividades de um futuro museu em Ribeirão Preto, do Instituto História do Trem, entidade que denunciou o caso ao MPF.

No caso de Xapuri, a construção de uma ponte sobre o Rio Acre é uma antiga reivindicação que se transformou, no correr dos anos, em eterna promessa de alguns políticos e permanente desilusão da população.

No começo de seu mandato, em uma comemoração da recente vitória, Cameli bateu no ombro de seu “futuro prefeito de Xapuri”, o empresário Aílson Mendonça, filho do deputado Antônio Pedro, e disse que a construção da ponte na cidade era coisa certa.

Passados dois anos, o que surgiu de concreto foi a notícia da cessão das seculares pontes. E por falta de algo mais substancial, a intenção de Mendonça de voltar a concorrer à prefeitura foi rio abaixo dada a enorme rejeição ao seu nome.

O possível freio do MPF pode não impedir que uma dessas estruturas cheguem a Xapuri, uma vez que são três a que teriam sido cedidas, mas, ao que parece, não a tempo de impulsionar a candidatura da substituta de Aílson, a sua madrasta Carla.

O UOL disse que procurou o DNIT e o governo do Acre, que não haviam respondido até o fechamento da matéria.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

A covid-19 e as eleições municipais

Doacir Gonçalves de Quadros

Em julho, estávamos atentos para saber sobre os impasses causados pela covid-19 nas eleições municipais deste ano. Acertadamente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em conjunto com o Congresso Nacional, tornaram oficial o adiamento das eleições para o dia 15 de novembro. Cabe a nós brasileiros, nesse momento, ficarmos atentos para as possíveis modificações que a pandemia e a quarentena trarão sobre a dinâmica da campanha eleitoral que se avizinha e que poderá interferir na nossa escolha.

Os estudos sobre o comportamento do eleitor mostram que as eleições para prefeito e vereadores tendem mobilizar e sensibilizar mais a atenção do eleitor do que as eleições estaduais e federais. O que está em disputa nas eleições municipais é a resolução dos problemas do município e ninguém é melhor do que o próprio eleitor para saber quais são os problemas a serem solucionados já que ele é morador e convive com os problemas de transporte, segurança, saneamento básico, educação, etc.

É para a resolução destes problemas que iremos às urnas. Iremos escolher quem ocupará o cargo de prefeito, autoridade máxima do Poder Executivo municipal e que tem a função, segundo a nossa Constituição Federal de 1988, programar em quais setores serão aplicados os recursos tributados no município e as verbas que recebe do Executivo estadual e federal. O prefeito deve respeitar à Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n° 101/2000) e gastar aquilo que está estabelecido na lei orçamentária anual do município que foi elaborada pelo próprio prefeito no início de seu mandato e votado pelos vereadores, que representam o Poder Legislativo municipal.

Escolheremos também os vereadores e a Constituição Federal, a Lei Orgânica do Município e o Regimento Interno da Câmara Municipal determinam que o vereador tem a função Legislativa que o habilita a elaborar as leis que serão aplicadas no município. A função Fiscalizadora no uso do dinheiro público pelo prefeito, secretários e pelos próprios vereadores. E, também a função Julgadora que permite que o vereador julgue o prefeito, o vice-prefeito e vereadores se cometerem infrações político-administrativas definidas em lei.

Meu caro leitor, estrategicamente numa eleição municipal “normal” caberia aos candidatos a prefeitos e vereadores irem até o eleitor, fazer o corpo a corpo para saber do próprio eleitor quais são os problemas que deverão ser destrinchados. Mas em uma situação como estamos vivendo, naturalmente que não haverá nas ruas o corpo a corpo e aglomerações entre eleitores e candidatos, é o que recomenda o protocolo com medidas preventivas. Esta é a modificação mais sensível da covid-19 sobre as eleições de 2020.

Mas, por consequência, os meios que facilitam a interação sem o corpo a corpo, serão a prioridade dos candidatos: a propaganda política no rádio e televisão, as redes sociais e mídias sociais como Facebook, Twitter, Whatsapp, Instagram, etc. O corpo a corpo nas ruas com restrições fará com que os eleitores olhem para os meios digitais para se informar e, é aí que mora o perigo. As Fake News tenderão a correr soltas nas eleições sem uma legislação eficiente para vetar as mentiras divulgadas na internet e desaba sobre o eleitor a responsabilidade em evitá-las e denunciá-las.

Doacir Gonçalves de Quadros é professor do curso de Ciência Política e do mestrado acadêmico em Direito do Centro Universitário Internacional Uninter.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O rato roeu a roupa do rei de Roma

Ricardo Viveiros

Se ele roeu mesmo, ninguém sabe. Mas que a fonoaudiologia usa a palavra para trabalhar a fala das pessoas que têm problemas com a pronúncia da letra "R", isso é verdade. Como também é certo que ninguém gosta de ser chamado de "rato", sinônimo de ladrão. E da pior espécie, pequeno e furtivo, que ataca de noite.

Por outro lado, se você é conhecido como "rato de livraria", isso já significa um outro status. Condição sofisticada, atraente, que remete à intelectualidade. Camundongo, ratazana, rato-preto, rato-de-esgoto, rato-branco o que importa o tipo? São, todos, ratos que assustam até mesmo os elefantes, um dos maiores animais do planeta.

Quando, entretanto, estamos falando de Mickey Mouse, da dupla Bernardo e Bianca, do Remy (do "Ratatouille"), de Little Stuart ou, até mesmo, do Topo Gigio (lembra dele?), tudo se torna mais inteligente, terno, afetuoso e engraçado. São alguns dos ratos que, sem entrar em considerações sobre as agruras causadas por sua espécie, tornaram-se famosos e queridos em todo o mundo.

Os ratos, segundo os limites da ciência, são originários da Ásia e há mais de 1.700 espécies. O rato-preto, por exemplo, invadiu a Europa à época das Cruzadas. A ratazana, por sua vez, apareceu nas cortes do Velho Mundo apenas no século XVIII. Todos trazendo muitos males, graves enfermidades ao homem: peste bubônica, tifo, leptospirose, febre do rato, hantavirose e por aí vão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ratos podem transmitir aproximadamente 200 doenças.

Em contrapartida, o rato-branco (uma variedade albina) e os ratos cinzas já velhos têm — com o sacrifício da própria vida —, salvado os humanos de inúmeras doenças. São cobaias de laboratório, usados por cientistas para inocular os vírus e pesquisar a melhor maneira de combater seus próprios estragos à saúde humana. E por sua atuação no Camboja, uma rata africana gigante acaba de ser premiada com honras e glórias por, "corajosamente", farejar minas deixadas pela guerra. A medalha de ouro foi entregue pela Associação Veterinária Britânica (PDSA). Magawa, a rata, já "limpou" com segurança o equivalente a 20 campos de futebol.

Ratos se amam de maneira intensa, um casal pode ter mais de 200 filhotes em apenas um ano. Ratos adultos podem alcançar 50 cm de comprimento e pesar até 1 kg. Um casal de ratos em um celeiro, apenas durante duas estações, pode consumir cerca de 14 kg de grãos. Ratos causam 45% dos incêndios tidos como de origem desconhecida, 20% dos danos em linhas telefônicas, 31% dos rompimentos de cabos elétricos.

Como tudo na vida tem um outro lado, ratos mantêm a cidade limpa. Ágeis e flexíveis entram pelo esgoto, correm por apertadas tubulações que são suas rodovias, promovendo necessária desobstrução. Sem eles, haveria ainda mais entupimentos e enchentes.

Em uma entrevista que nos tempos de repórter fiz para a mídia, ouvi do veterinário italiano Angelo Boggio, um dos maiores "ratólogos" deste planeta então contratado pelo Metrô de São Paulo e carinhosamente apelidado pelos colegas como Doutor Ratão, a seguinte máxima: "Ratos integram o equilíbrio ambiental. Escorpiões matam e comem ratos. Galinhas comem escorpiões. E nós comemos galinhas."

Quem "come" o corrupto que come os recursos do povo?

Essa espécie de rato está no topo da cadeia alimentar, causa doenças crônicas como a raiva, move-se com agilidade pelos canais burocráticos do sistema e rói a dignidade. Começou a campanha política para as eleições deste ano em todo o País. Não deixe o seu voto ser roído pelos ratos, escolha bem os seus candidatos.

Ricardo Viveiros, jornalista e escritor, é autor de vários livros, entre os quais "Justiça Seja Feita", "A Vila que Descobriu o Brasil" e "Educação S/A".

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Frio em Xapuri

O sensores do sistema de monitoramento em tempo real da qualidade do ar, instalados no Acre no ano passado por uma parceria do Ministério Público Estadual com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e que podem ser acompanhados no site PurpleAir, indicaram que Xapuri foi a cidade que registrou a menor temperatura do estado na manhã desta sexta-feira, 21.

Enquanto a maioria das cidades acreanas registrou temperaturas que variaram entre o 14ºC e 17ºC, Xapuri chegou a 8ºC às 9:41AM e se manteve em 9ºC pelo restante da manhã. No começo da tarde, às 13:00, a temperatura registrada era de 10ºC.

Os dados foram confirmados pela comandante do 8º Batalhão do Corpo de Bombeiros, onde está instalado um dos sensores, tenente Marcela Sopchaki. Segundo ela, o sistema de monitoramento está baseando os estudos da Defesa Civil Acreana.

Outro dado da plataforma mostra que entre o horário das 13:30 de quinta-feira, 20, e às 5:20 desta sexta-feira, 21, a temperatura em Xapuri caiu de 37ºC para 8ºC, uma diferença de 29 graus em menos de 16 horas. 


Qualidade o ar 

O PurpleAir utiliza dados do Índice da Qualidade do Ar (AQI, na sigla americana) e da Agência de Produção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). O AQI utiliza uma escala de 0 a 500, onde 0 indica qualidade do ar satisfatória e 500, qualidade catastrófica; ou seja, implica em danos graves à saúde humana.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) toma como base a quantidade de partículas (PM, na sigla em inglês) emitidas no ar, que variam entre PM10 e PM2.5. PM é um indicador da qualidade do ar, e leva em consideração os níveis de: sulfato, nitrato, amônia, cloreto de sódio, carbono, poeira mineral e água.

Partículas com diâmetro igual ou menor que 10 micrômetros (PM10) penetram e se alojam no pulmão. Porém, partículas com diâmetro igual ou menor à 2,5 micrômetros (PM2.5) penetram na corrente sanguínea, e uma exposição crônica a elas pode causar doenças crônicas e cardiovasculares além de câncer de pulmão.

A qualidade do ar nesta sexta-feira em Xapuri tinha escala AQI de 52 e PM 2.5, que é considerada aceitável, mas que pode causar problemas de saúde moderados para um número muito pequeno de pessoas que são excepcionalmente sensíveis à poluição do ar, se forem expostas por um período de 24 horas. 

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Vai ou racha?

Com a proximidade do período de realização das convenções – 31 de agosto a 16 de setembro – destinadas a deliberar sobre coligações e a escolher candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores, os partidos políticos começam a dar indicações de como poderá ser o cenário das eleições do próximo dia 15 de novembro.

Pelo que se observa até o momento, a desejada união entre as siglas partidárias que apoiaram a eleição do governador Gladson Cameli no último pleito estadual não caminha para um final feliz. Falta de consenso diante da importância da união, provocações e propagação de fake news são algumas das razões para esse provável desfecho.

Nesta segunda-feira, 17, o pré-candidato a prefeito pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o advogado Carlos Venícius, fez mais uma de suas transmissões pelo Facebook, oportunidade na qual entrevistou um possível nome a acompanhá-lo na chapa majoritária do partido, o também advogado e policial federal aposentado Eden Barros Mota.

O detalhe é que Eden Barros é recém-filiado ao MDB, convidado exatamente por Carlos Venícius, de quem é tio, o que demonstra que é cada vez mais real a possibilidade de os emedebistas irem “puros” para a disputa da eleição. Outra opção caseira é a médica Raissa Ferraz, filha do presidente da Câmara de Xapuri, Ronaldo Cosmo Ferraz.

Há alguns dias, também por meio da internet, Carlos Venícius fez um comentário pouco enigmático sobre os rumos de uma possível aliança da oposição: “Alianças políticas são e serão bem-vindas desde que o interesse da população esteja em primeiro e único lugar. Qualquer união fora dessa regra será imediatamente afastada”, escreveu.

A mensagem do advogado deixa claro que o caminho da coalizão dos partidos de oposição no município está cada vez mais estreito e transparece ter relação com os boatos propagados por membros do grupo que apoia a pré-candidatura da empresária Carla Mendonça (PP), esposa do deputado Antônio Pedro (Dem), de que o MDB teria aceitado compor com ela uma chapa única indicando Venícius para o cargo de vice.

A resposta da Executiva Municipal do MDB foi imediata e a situação se transformou em bate-boca via redes sociais com acusações trocadas entre o presidente do partido no município, Celso Paraná, e o gerente do escritório local do Depasa, Marcos Mansour. A confusão parece ter sido a gota d’água que faltava para as negociações descambarem de vez.

Os principais movimentos dos partidos até o momento, além das tentativas de acordos que não surtem efeito, têm sido algumas andanças de pré-campanha e as inaugurações de diretórios municipais. No dia 31 de julho, o MDB lançou o seu com a presença do senador Marcio Bittar e do deputado estadual e pré-candidato à prefeitura de Rio Branco, Roberto Duarte.

No próximo dia 21, será a vez do Progressistas lançar o seu diretório. Em convite publicado em sua página no Facebook, a pré-candidata Carla Mendonça anuncia a presença do governador Gladson Cameli e do vice Major Rocha, dos deputados federais Alan Rick, Vanda Milani e Manoel Marcos, além do presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), Nicolau Júnior.

Se mantendo longe das discussões em torno da cada vez mais distante chapa única, o pré-candidato do PSD, vereador Gessi Nascimento, tem pautado a sua pré-campanha em visitas a localidades da zona rural, mas também não cogita tirar o seu nome da disputa. Nascimento, também conhecido como Capelão, migrou para o partido do senador Sérgio Petecão após perder a disputa interna pela pré-candidatura do MDB.

Resta aguardar o que as últimas semanas antes das convenções reservarão para o processo eleitoral em Xapuri. De maneira especial, a presença da comitiva liderada pelo governador no próximo dia 21 poderá trazer novos e bons capítulos a essa novela da oposição. De camarote, assistirá o atual prefeito e pré-candidato à reeleição, o petista Bira Vasconcelos. O desenlace dessa queda de braço poderá lhe ser amplamente favorável – ou não.