sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Alguns esclarecimentos

Tenho sido alvo de alguns ataques em lugares incertos da internet em razão de duas matérias assinadas por mim e veiculadas pelo jornal ac24horas que tratam da averiguação de uma denúncia feita contra o médico Antônio Costa dos Santos, que mesmo tendo contrato com a Sesacre para prestar serviços em Xapuri não comparecia ao trabalho há mais de seis meses.

O médico pagava uma colega para substituí-lo nos seus dias de plantão e, assim como ela, afirmou que não havia nada de errado na situação que tinha o objetivo de permitir que ele se capacitasse fora do estado sem perder o vínculo empregatício. Ainda segundo ele, seu caso não era isolado, uma vez que outro médico, Jean Alércio, havia feito isso por três anos “sem ninguém reclamar”.

Esse preâmbulo visa situar no assunto as pessoas que lerem esse esclarecimento, que não se destina nem se dispõe a perder tempo respondendo a quem me acusa levianamente de ser o responsável pelo encerramento do contrato do clínico feito pela Sesacre ao tomar conhecimento do fato. O propósito do texto é atender a quem realmente tenha o interesse de entender o que ocorreu. Quem faz barulho atoa com o fato apenas politiza uma questão que não tem a ver com política, mas com suposta irregularidade. 

Já as críticas que tenham como base os fatos e a sua relação com a legalidade, a ética e o bom senso eu não apenas as aceito com boa vontade como me ponho à disposição para discuti-las democraticamente desde que com alicerce na civilidade e no respeito. Para quem disso não entende, opto por mandar à lata do lixo suas inúteis e mal elaboradas reclamações.

Então, vamos aos fatos

Informado da situação, procurei o gerente do hospital, o enfermeiro Josimar dos Santos, e o questionei sobre o que ocorria. Respondeu confirmando a transação entre os dois médicos e afirmando que a Sesacre já havia sido comunicada e que o contrato de Antônio Costa seria cancelado, apesar de, segundo ele, não existir prejuízo ao hospital em decorrência do combinado entre os profissionais.

Em seguida, entrei em contato com os dois médicos que confirmaram o acordo que celebraram informalmente e afirmaram que não existia nenhuma irregularidade no procedimento, uma vez que os plantões estavam sendo “cobertos”. Ocorre que a Sesacre não foi consultada previamente ou mesmo informada posteriormente do que ocorria.

Contatada por meio da Assessoria de Comunicação, a Diretoria de Assistência em Saúde da Sesacre afirmou que a Secretaria não tinha conhecimento do caso relatado e disse que iria apurar a denúncia e tomar as providências para corrigir eventuais irregularidades. Dois dias depois veio a informação do encerramento do contrato do médico.

Algumas perguntas para reflexão

Se não havia irregularidade, por que o fato era escondido da Sesacre? Por que a Secretaria encerrou o vínculo do médico ao tomar conhecimento da situação? E se outros profissionais desejassem gozar do mesmo privilégio, como a direção do hospital resolveria a questão? E, por fim, por qual razão a imprensa não deveria dar publicidade ao caso?

Apoio popular

Muita gente foi às redes sociais prestar solidariedade ao médico e criticar a quem publicitou o fato. Alguns argumentaram que ele é um bom profissional e que, por isso, não deveria ser incomodado quanto ao acordo espúrio feito à revelia do órgão público que o contratou para trabalhar e não para estudar. Encorajado por isso, me enviou mensagens nada elegantes e me xingando de “sínico”.

Como não sou chinês, creio que ele quis me chamar de cínico, o que não é, exatamente, um elogio. Respondo-lhe que a mim não interessa o quão bom ele seja ou o quanto seja admirado pela população. No exercício da função de jornalista, que exerço de maneira legítima e fora do meu horário de serviço como funcionário público, atenho-me apenas à tríade legalidade, ética e bom senso.

Há previsão de legalidade na prática de um servidor público pagar a um colega para substituí-lo por meses a fio, mesmo que o regime seja de plantões? É ético que se faça uma negociata dessa natureza sem a anuência ou autorização do órgão empregador? Há bom senso de ambas as partes – uma de renunciar a responsabilidade própria e outra de assumir a alheia?

Postas as questões, que cada um se aposse daquilo que lhes cabe, assim como eu assumo a responsabilidade por aquilo que publico. Transferir aos outros o encargo dos seus próprios equívocos é peculiar aos que se escondem por trás da falta de caráter e de decência. Já as indiretas e ofensas vazias pela internet partem de gente vadia que desperdiça o tempo em bajular os patrões.

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