Na terra dominada pelo PT desde 98, candidata de Lula à presidência patina. Já para o governo e Senado, os irmãos Viana lideram absolutos
Do Blog do Fernando Rodrigues, no Uol.
Sai hoje uma pesquisa do Ibope para o Estado do Acre e o resultado é uma pedrada para a candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff.
Eis os dados sobre a disputa presidencial (apenas entre os eleitores acrianos):
José Serra (PSDB) – 39%
Marina Silva (PV) – 29%
Dilma Rousseff (PT) – 16%
A pesquisa do Ibope no Acre foi realizada de 12 a 14 de julho. O registro no TSE é 19.641/2010. Foram entrevistados 602 eleitores e a margem de erro é de 4 pontos percentuais. O levantamento foi encomendado pela Federação das Indústrias do Acre. Aqui, levantamentos anteriores no Estado. Aqui, pesquisas presidenciais.
Lula sabe que as coisas não vão bem no Acre. Em geral, o presidente fala aos seus aliados: “Eu até compreendo que a Dilma possa ficar atrás da Marina, que é de lá. Mas do Serra não dá”.
A lógica no Acre seria Marina Silva, senadora pelo Estado, até liderasse todas as sondagens sobre a disputa para o Palácio do Planalto. Marina fez carreira no PT acriano e é muito popular. Nesse sentido, o resultado do Ibope é realmente uma surpresa ao dar o tucano José Serra em 1º lugar.
O Acre tem apenas 461.969 eleitores (0,34% do país), segundo dados do TSE (base de abril). Ou seja, não é grave quando um candidato a presidente perde a eleição entre os acrianos. Mas trata-se de uma local emblemático para o PT: é o Estado no qual o modelo petista de governar tem sido mais longevo.
Lula ganhou no Estado no primeiro turno de 2002 com 46,8%. À época, José Serra (PSDB) teve 19% dos votos dos acrianos. No primeiro turno de 2006, o petista votou a vencer com 58,6% contra 37,3% de Geraldo Alckmin (PSDB). Ou seja, apesar da hegemonia lulista, já era possível notar algum avanço do voto tucano há 4 anos. Agora, o PSDB lidera no Estado na disputa presidencial.
Mas essa vantagem dos tucanos não se repete nos votos para governador e senador. Eis os dados apurados pelo Ibope na pesquisa de 12 a 14 de julho:
Governador:
Tião Viana (PT) – 63%
Tião Bocalon (PSDB) – 18%
Gouveia (PRTB) – 2%
Indecisos – 13%
Brancos/Nulos – 4%
Senador (2 vagas; o eleitor escolhe 2 nomes):
Jorge Viana (PT) 67%
Sérgio Petecão (PMN) – 31%
Edvaldo Magalhães (PC do B) – 27%
João Correia (PMDB) – 11%
Citou só um candidato – 32%
Indecisos – 26%Brancos/Nulos – 5%
Esse caso do Acre é curioso. Revela muito sobre o comportamento do eleitor brasileiro e da tese da fadiga de material. Por algum motivo, os acrianos emitem sinais paradoxais na mesma eleição: parecem satisfeitos com a gestão petista local, mas rejeitam o nome indicado pelo PT para suceder a Lula.
Em tempo: Dilma Rousseff não agendou (ainda) visitas ao Acre.
Fernando Rodrigues é jornalista com mestrado em jornalismo internacional na City University, em Londres, Reino Unido (1986).
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