Eu nunca fui a Xapuri. Nunca visitei a casa de Chico Mendes. Sei que ainda está lá a marca de sangue na parede. Eu nunca vi, mas outro dia estive lá sem estar. A casa se parecia àquela em que morei em Rio Branco, pequena, de madeira, simples e aconchegante. Conversamos sobre seringalismo e seringueiras, sobre sindicato e fazendeiros gananciosos. Contei-lhe que meu bisavô materno foi herói da borracha, ele riu. Contei-lhe que meu avô paterno também foi seringueiro. Não perdemos tempo com lamentações sobre partidos, políticos corruptos e assassinos. Falamos sobre coisas simples da Amazônia. Sobre mata, capivaras e passarinhos. Ele me ofereceu uma branquinha, a princípio não aceitei por causa de medicamento, ele insistiu e eu acabei tomando uns goles. Depois de um tempo de prosa ele me repetiu, “é vivo que a gente fortalece essa luta”. Fiz silêncio e pensei: “essa luta nunca morre, e nem você, compadre acreano”.
Texto de Éverton Vidal Azevedo.
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