Caso se confirme, a anunciada e comentada desfiliação do governador Gladson Cameli do Progressistas (PP) deixará mais uma vez o deputado Antônio Pedro (Dem) e sua trupe de calças curtas em terreno alagadiço.
Já meio atabalhoado com o naufrágio da pré-candidatura do filho, Aílson, que se tornou recentemente promissor dono de supermercado, o parlamentar terá que se desdobrar para se manter na briga pela ponta da chapa de oposição à prefeitura.
Como creio que o nome de sua esposa, Carla, não vai adiante com a saída de Cameli do PP - e ela não poderá ser lançada por outra sigla – uma nova opção terá de ser buscada no chão árido do cardume que ele comanda no município.
Como lhe faltarão boas alternativas, a não ser que ressuscite nome do herdeiro e reponha o próprio Dem na disputa, Antônio Pedro terá pela frente algumas opções não muito aprazíveis, do ponto de vista de um deputado estadual da base de apoio ao governo.
Manter o nome da consorte pelo PP esvaziado pela saída do governador não me parece lógico. Abrir mão da cabeça de chapa me aparenta menos improvável, apesar de, concretizando-se, esse desfecho soar como desonrosa derrota.
Se render ao jovem advogado do MDB ou ao vereador do PSD que sonha em ser prefeito? Eis a questão, não tão elementar assim. É o chamado dilema, que na música do cantor inglês Ritchie, de grande sucesso no Brasil nos 1980, “nem o cinema sabe resolver”.
Se as coisas já não estão fáceis sob a sombra do poder da qual desfruta sozinho desde o começo do atual governo, imagine-se agora com o amparo se movendo em uma direção canhoteira a que seu grupelho bajulador tanto odeia e persegue em Xapuri.
São os descaminhos que a política costuma tomar, especialmente quando se faz opção, de maneira cristalina e despudorada, pela estratégia da “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Assim como o caldo entorna, o pirão desanda, o que aparenta ser o caso em questão.
Mas esperemos o desfecho da novela Cameli-PP-Socorro Neri, que poderá em breve me proporcionar o prazer de ver figuras locais que tanto desancam os esquerdistas batendo palmas para uma prefeita socialista, eleita por petistas.
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