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sábado, 4 de abril de 2015

SONHOS E VERTIGENS

CLÁUDIO MOTTA PORFIRO

Percebo-os há tempos imemoriais.
Vidas a mim atadas pelo destino.
Fiz forças e forcei o próprio tino.
Em viagens por roteiros colossais.

Fui ontem deles quase um bom guia.
Lua a lua, em estafa, mas em benefício
Devotei-me sério por dever de ofício
Fui por sendas em frutificante euforia.

Vieram a alta idade e o amplo tirocínio.
Fui perdendo a tocata, o ritmo, a chama.
Hoje só a poesia soluça, grita e clama.

Acabou-se a fleuma e o peito inflama.
Tempo outro e a vida já quase derrama.
Já não há o caminho; foi embora alegria.
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*Autor de Janelas do tempo, livro de crônicas, de 2008; e O inverno dos anjos do sol poente, romance, de 2014, à venda na Livraria Nobel do Via Verde Shopping.

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