CLÁUDIO MOTTA PORFIRO
As chuvas torrenciais
Em grandes mananciais
Molhavam os destinos
E os mil desatinos
Dos que habitavam aquelas zonas ressequidas
De corações e vidas partidas
Com muito sal, muito mal
E sem nenhum mel
Ou tão somente fel.
Pássaros tortos ou mortos
Chocavam-se contra as vidraças
De um futuro quase inexistente,
Feito penitente, onipresente.
Vendavais arrancavam árvores
E florestas, sem aparar arestas
De almas entregues ao desamor
E ao distanciamento
Não sem algum fingimento
De um para com o outro.
Recordavam-se, sim,
Durante todos os infinitos segundos
De todos os dias rotundos
Das suas infelizes vidas vencidas
O quão haviam sido felizes
Apesar dos tantos deslizes
Sem nenhuma sombra de dúvida,
Isto, há muito pouco tempo
Ou por apenas alguns dias
Em tardes e noites frias,
Bem antes de acordar.
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*José Cláudio Mota Porfiro foi dado à luz do sol morno de um abril qualquer no Principado de Xapuri.
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