Remete-me à infância a imagem deste casarão abandonado que é história pura do processo de formação urbana de Xapuri, durante o século passado. O lugar foi palco dos primeiros e maravilhosos anos de minha vida, depois que subi o Rio Acre para viver na cidade.
Localizada à margem direita do rio, onde hoje é feita a travessia por balsa entre os dois lados da cidade, a antiga casa foi sede da fazenda Monte Líbano, cujas terras há muitos anos vêm sendo loteadas e vendidas pelos herdeiros da família Koury, e onde, em consequência disso, tem se formado a parte mais recente do espaço urbano do município.
Não sou muito conhecedor dos primórdios da história da fazenda e da família Koury, e a quem possuir informações que possam enriquecer este post ou mesmo corrigir as poucas que vão aqui, digo que será de uma grande satisfação recebê-las.
Quando cheguei a Xapuri para estudar, lá pelo fim dos anos de 1970, vindo do seringal Novo Catete, onde fui criado, entre as primeiras amizades que fiz estava um moleque de cabelos loiros, franzino e medroso chamado Cléber, um dos netos do professor Joffre Alves Koury, de saudosíssima memória.
Naquela época, Cléber e sua mãe Marion viviam na casa junto com o professor Joffre que estava viúvo há alguns anos. Nos fundos da residência, debaixo de uma velha mangueira, vivia uma senhora, também viúva, chamada dona Lúcia, que vem a ser mãe de dona Leuda, esposa do bancário aposentado Orlando Reis Praxedes. Dona Lúcia era surda e tinha um neto que a ela dava mais trabalho do que deu Euristeu a Hércules, na mitologia grega. O nome do moleque era Charles, que hoje é exemplar pai de família e reside em Rio Branco, segundo informação de seus familiares.
Foi na companhia dessa dupla fantástica que vivi minhas primeiras aventuras em Xapuri, para mim um mundo até então praticamente desconhecido. E o nosso universo girava em torno do velho casarão dos Koury. Das brincadeiras, do gosto pelas mangas e cajus que ali eram abundantes, dos abius, cujo leite pregava a boca da molecada, até a paixão pelo futebol, que nasceu no campinho do “Centro Social”, que ficava ali pertinho.
Daquele tempo, sobrou apenas o casarão. Há mais de 20 anos não vejo Charles nem Cléber. Professor Joffre, dona Lúcia e Marion já não estão mais entre nós. E o que me deixa triste não é a boa saudade daqueles bons tempos nem dos velhos amigos, mas a possibilidade desse verdadeiro patrimônio da história de Xapuri e de nossas vidas se perder pela ação inexorável do tempo e do abandono.
Soube, certa vez, que o Patrimônio Histórico Estadual havia demonstrado interesse em restaurar e tombar a velha casa, mas que as negociações com os representantes do espólio de Joffe Koury não prosperara, o que é uma pena tanto para história de Xapuri como para a própria família do professor de língua inglesa que chegou a ser prefeito da cidade e um dos nossos mais importantes educadores.
Em tempo: Para que não haja má interpretação, quando uso, no primeiro parágrafo, a expressão “casarão abandonado”, quero dizer que a casa não está sendo habitada. Representantes da família em Xapuri guardam o local.
4 comentários:
Rapaz meu caro Raimari.. olha que eu viajei no tempo quando vc fala dessa magnífica residência a qual quem de nós não tem uma ótima recordação daquela fazenda linda de se ver. E tambem das carreiras de vacas braba que existiam ali naquele curral onde depois de muito tempo foi construído Centro Social Urbano, e depois se transformou num insiguinificante alojamento da Banda de Música Dona Julia Gonçalves Passarinho, falo essa palavra insiguinificante, porque esse patrimônio histórico que é a nossa Banda Municipal a qual eu tenho o maior orgulho de fazer parte de sua corporação se os administradores não fizerem nada por ela vai se acabar. Eu sei que é chato e triste dizer isso mais é a verdade, porque essa mesma Banda já teve vários momentos de glória. E voltando falar sobre o velho casarão é uma pena a gente ver coisas tão importantes de nossa história e Cultural se acabando assim, esperamos que alguém possa fazer alguma coisa. Mais nada melhor pra boa memória da gente é dar uma lembradinha no passado.
Em Xapuri poucos conhecem a Lei de Lavoisier "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Aqui as coisas acontecem exatamente ao contrario, pena que um casarão desses fique abandonado fechado podendo fazer parte da nossa história, melhor dizendo poderiamos resgata a história não só do casarão e também da família dos koury, esta família que poucos conhecem, claro que por parte dela mesma que no meu ver parece que não querem que seja divulgado o nome da mesma nem a história do Sr. Jofre koury...Vamos lá gente não é só Chico Mendes que faz parte da história de Xapuri, outras pessoas importantes fazem parte da fundação da nossa Xapuri.Pensen nisso, e a população agradece.A história deste homem só iria enrriquecer mais a história e vida dos Xapurienses.
Caro amigo Raimauro,vc mecheu com minha infancia tambem,voce foi longe na epoca,que a maninada saia gritando pelas ruas do bairro la vem boiada,que por ali passava vindo do bairro da siberia cerca de 1000 cabeças de boi,e saudades quando atrepavamos nos pes de abiu que vc comentou na postagens a respeito da nossa patrimonio estorico,xapuriense,e so te lembrando o garoto fransino que vc citou filho da marion hoje reside se nao me engano em uma cidade do sul do brasil acho que e floripa.abraços de um xapuriense de coraçao e parabens´por esse blogge......
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