sábado, 31 de janeiro de 2009

Plano Reserva Sustentável

Viviane Teixeira - Agência de Notícias do Acre

Identificar todas as famílias que residem na Reserva Extrativista Chico Mendes, diagnosticar a situação econômica, social e ambiental das pessoas e subsidiar a implementação de Políticas Públicas e ações necessárias ao desenvolvimento sustentável da comunidade.

Esses são os pontos centrais do Plano Reserva Sustentável que está sendo desenvolvido pelo Governo do Acre em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Incra, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Federação dos Trabalhadores Rurais do Acre (Fetacre), Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes e também prefeituras.

O plano de trabalho para a elaboração do Censo Comunitário da Reserva Extrativista Chico Mendes foi apresentado em Brasiléia durante encontro com representantes dos moradores da Reserva dos municípios de Brasiléia, Epitaciolândia e Assis Brasil. Esse levantamento é uma das etapas de implementação do Plano Reserva Sustentável, e será iniciado no dia 15 de fevereiro. De acordo com a chefe do Zoneamento Ecológico Econômico da Secretaria de Meio Ambiente, Naika Teixeira, cerca de 90 técnicos irão visitar 100% das colocações.

O questionário conterá informações da composição da família, da estrutura da unidade de produção, das atividades produtivas, da situação social, cultural e ambiental, além de fotografias da família e da unidade de produção. Para o presidente da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes, Walmir Brito, esse é o primeiro passo para que as políticas reflitam as necessidades dos pequenos produtores e extrativistas que moram na Reserva.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Epitaciolândia, Thelma Dias, completa dizendo que o levantamento é importante para que as autoridades saibam quem são realmente as pessoas que moram dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes. “Os moradores precisam continuar vivendo no lugar onde nasceram, mas devem também ter consciência de suas obrigações”, disse ela.

Após a conclusão do levantamento, o próximo passo dos executores do projeto será a definição de políticas públicas com ações de desenvolvimento voltadas à sustentabilidade econômica e ambiental dos moradores e respectivas unidades de produção, pautadas na manutenção da cultura e tradições extrativistas. “Nosso trabalho de campo será concluído em março, e até junho todo diagnóstico estará pronto para que no segundo semestre as ações comecem a ser executadas”, destacou o chefe da Reserva Extrativista Chico Mendes no Ibama, Sebastião Santos da Silva.

A identificação e disponibilização de relatórios, por meio de um sistema integrado, irá subsidiar as informações necessárias para a elaboração de um plano de ação eficaz por parte do Governo do Estado e das prefeituras. “Com esse levantamento temos dados reais da Reserva Extrativista Chico Mendes”, finalizou a prefeita de Brasiléia Leila Galvão.

Valorização do Ativo Ambiental

O Plano Reserva Sustentável é uma das ações do Governo do Estado para a implementação da Política de Valorização do Ativo Ambiental. De acordo com o diretor do Instituto de Defesa Agropecuária e Floresta, Paulo Viana, os dados coletados durante o Censo Comunitário da Reserva Extrativista Chico Mendes servirão de base para o Ativo Ambiental.


A Política de Valorização pretende garantir a preservação e a sustentabilidade das florestas acreanas, com mecanismos de incentivo à produção agroflorestal e recuperação de áreas desmatadas. Dentro dessa política está o Programa Estadual de Incentivo à Produção Florestal e Agroflorestal Familiar, que visa o fortalecimento da produção florestal e agroflorestal familiar do Acre, através de incentivo da comercialização dos produtos das famílias que moram na floresta. Hoje, estima-se que 33 mil famílias sobrevivam da agricultura familiar no Estado.

Reserva Extrativista Chico Mendes

A Reserva Extrativista Chico Mendes é uma Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável, criada através do Decreto N.º 99.144, de 12 de março de 1990. Está localizada na região sudeste do Estado do Acre, com uma área aproximada de 970.570 hectares. Abrange os municípios de Rio Branco, Capixaba, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Sena Madureira.

Atualmente vivem na Resex aproximadamente 1.800 famílias, segundo o último recadastramento realizado em 2005, divididas em várias categorias sociais. São pequenos agricultores, pescadores, castanheiros e seringueiros que vivem da caça, coleta de produtos florestais, pequena agricultura e pecuária, ocupando mais de 60 seringais, todos já desapropriados pelo IBAMA, tendo a concessão de uso aos moradores sido repassada através de contrato coletivo em nome das três Associações representativas dos moradores, a AMOPREAB, a AMOPREB e a AMOPREX.

A Reserva Extrativista Chico Mendes tem todos os instrumentos necessários para gestão da unidade, ou seja: o Plano de Manejo, o Plano de Utilização e o Contrato de Concessão de Direito Real de Uso, nos quais estão estabelecidas todas as regras de ocupação e uso.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Rio Branco é o norte para a Copa do Mundo

João Francisco Salomão

Até o dia 20 de março próximo, a Fifa escolherá as 12 cidades brasileiras que serão sedes da Copa do Mundo de 2014, conforme anunciou seu presidente, Joseph Blatter, na visita a nosso País. Ele também confirmou que um dos municípios contemplados será a Amazônia. Nesta região, posso afirmar, com toda a segurança, que Rio Branco é a melhor opção entre as candidatas locais. Como não sou adepto do achômetro e tampouco me arrisco a fazer previsões como aqueles que dizem estar a capital do Acre fora de cogitação, atenho-me apenas a fatos concretos e objetivos.

A seu favor, Rio Branco tem melhores condições geográficas e socioeconômicas, sobressaindo-se na comparação com as demais. A constatação – muito mais do que uma defesa apaixonada e sem bases consistentes – está nas propostas de melhorias a serem implementadas em Rio Branco, por meio de parcerias entre o setor privado e os governos estadual e municipal. Apresentadas em setembro de 2008 aos representantes da Fifa, as medidas causaram excelente impressão, sendo aplaudidas de pé.

Na verdade, a cidade está-se preparando para ter condições de competir com grande vantagem há muito tempo, desde o início de 2007. Contamos, desde já, com elevado grau de melhorias em infraestrutura, que deverão ser ainda mais incrementadas. Além da construção de uma vila olímpica para receber as delegações estrangeiras, de acordo com as exigências da Fifa, a rede hoteleira prevê a ampliação de sua capacidade. Os projetos incluem, ainda, o aperfeiçoamento das redes viárias, de ciclovias e meios de transporte, além de reforços adicionais nos mecanismos de segurança, setor que já apresenta índices muito positivos.

O grande palco do campeonato, o Estádio Arena da Floresta é, talvez, o melhor exemplo das qualificações que tem o Acre para sediar os jogos do Mundial. Ao lado do Maracanã e do Morumbi, respectivamente, os estádios carioca e paulistano que receberão os jogos, o Arena ocupa um posto de destaque entre os cinco mais modernos do Brasil. Para se ter uma ideia, 100% dos lugares disponíveis para o público pagante são confortáveis cadeiras – uma iniciativa pioneira no País no sentido de abolir o concreto duro e desconfortável das arquibancadas, e também para atender aos critérios da federação mundial.

O estádio conta com catracas eletrônicas em todos os setores, elevadores e toda a estrutura necessária para o trabalho da imprensa e a recepção dos convidados de honra. Finalizadas as melhorias em curso, que contemplam os detalhes finais para enquadrá-lo totalmente aos padrões da Fifa, o Arena da Floresta terá capacidade para 40 mil torcedores. Ele integra a Cidade do Esporte, que prevê um ginásio para 10 mil pessoas, destinado à prática desportiva e realização de shows, feiras e convenções.

Cabe dizer ainda que, na época em que o Arena da Floresta passava pelas reformas de melhoria, o jornal Lance publicou ranking dos melhores estádios nacionais. O “Vivaldão”, em Manaus, ficou aquém dos critérios de avaliação do jornal, enquanto o paraense “Mangueirão” chegou ao 8º posto, com observações sobre a necessidade de “vários ajustes”. Outro aspecto fundamental é a localização. Rio Branco está, praticamente, no coração da América Latina. Em um raio de mil quilômetros, que compreende países como Bolívia, Peru, Colômbia, Equador e parte do Chile, existem 30 milhões de habitantes. Este público terá a oportunidade de promover um intenso intercâmbio cultural, além de aquecer a economia local, colaborando para o crescimento do PIB e atraindo novos investimentos. Também são imensos os diferenciais de Rio Branco no âmbito da sustentabilidade – e o Acre, vale lembrar, é o berço da luta pela causa ambientalista.

Esse aspecto está contemplado na apresentação feita ao comitê da Fifa. O desenvolvimento do projeto “Gol Verde” contemplou também a intenção para mostrar que o esporte está alinhado às questões ambientais. O projeto mostra a integração da modernidade de Rio Branco com a Floresta Amazônica, transformando-se em um modelo de desenvolvimento sustentável. O município, que tem cerca de 350 mil habitantes, possui uma sociedade singular, engajada na preservação de valores e costumes da florestania – os princípios de respeito ao meio ambiente.

Certamente, se a Fifa decidir-se por nossa Capital, esta característica tem tudo para amplificar o apelo internacional por medidas sólidas de preservação do planeta, agregando valor ao campeonato. Em síntese, Rio Branco e todo o Estado do Acre têm propostas consistentes e melhores condições de sediar os jogos da Copa de 2014. E se depender do entusiasmo e de nossa torcida, este gol já está marcado.

◙ João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac).

Leia também: Ministro do Esporte reafirma que Acre continua na disputa para sediar jogos da Copa

A opinião que falta

Luciano Pires

A extradição de Cesare Battisti transformou-se em mais uma daquelas comédias macunaímicas tão brasileiras. Para quem não acompanhou, um resumo.

Cesare Battisti é um italiano que durante os anos setenta participou de um grupo de esquerda (Proletários Armados pelo Comunismo) praticando atos terroristas na Itália. Cesare foi preso, mas escapou da cadeia e foi para a França onde durante alguns anos recebeu refúgio de François Mitterrand, presidente de orientação socialista que protegeu ativistas de esquerda em território francês. Na Itália - mesmo sem sua presença - foi julgado e condenado a prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas. Quando o regime francês mudou, Cesare fugiu para o Brasil.

Em 2007 foi preso no Rio de Janeiro. A Itália pediu sua extradição e nosso Comitê Nacional para os Refugiados rejeitou por três votos a dois o pedido de refúgio político do italiano, que recorreu ao Ministro da Justiça Tarso Genro. Tarso concedeu-lhe refúgio dizendo que estudou o caso e viu vestígios de perseguição política. A Itália ficou indignada e chamou de volta seu embaixador, caracterizando uma crise diplomática. O caso será examinado pelo Supremo Tribunal Federal que ratificará ou não a decisão do ministro.

Em meio ao tiroteio, toneladas de informações - acusando ou defendendo o italiano - circulam pela internet tornando praticamente impossível estabelecer uma idéia clara do caso. Foram ouvidos amigos, inimigos, intelectuais, políticos, testemunhas e centenas de pessoas. E não se chega a uma conclusão.

Afinal, o Brasil deve extraditar Battisti ou não?

Sugiro que sejam ouvidas as opiniões de alguns italianos que conhecem bem o caso: um policial chamado Andrea Campagna, um joalheiro chamado Pierluigi Torregiani, um comerciante chamado Lino Sabbadin e Antonio Santoro, um agente penitenciário. Que seja perguntado a eles se um assassinato por motivações políticas deve ser tratado de forma diferente de um assassinato comum. Aposto que eles seriam unânimes em dizer que sob seu ponto de vista não faz nenhuma diferença a motivação para o assassinato.

De todas as opiniões, as desses quatro são as mais importantes. São as opiniões que faltam. Os juristas enrolam-se nos meandros das leis, os políticos em interesses de poder, os intelectuais em confusões ideológicas, os jornalistas na ignorância e sede pela audiência. Mas esses quatro italianos usariam um recurso que só eles têm: a experiência própria.

Andrea, Pierluigi, Lino e Santoro são os quatro que Battisti matou ou mandou matar. Para quem está enterrado - assim como para seus familiares - não faz diferença a motivação. A vida foi tirada, acabou, não tem volta.

Podemos argumentar sobre crimes políticos ou comuns que nos privam de objetos, bens, oportunidades ou direitos. Podemos argumentar sobre crimes que nos atacam a honra e a dignidade. Mas crimes que privam a vida - exceto em casos de legítima defesa - não permitem argumentação.
São assassinatos, a maior indignidade que se pode cometer contra um ser humano.

Crimes políticos devem ser tratados de forma diferente dos crimes comuns, sim senhor.

Mas só até o primeiro cadáver.

◙ Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mundo globalizado

Cooperativa Agroextrativista de Xapuri diz que baixo volume de compra de castanha é efeito da crise mundial



A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri - Caex - deve reduzir pela metade a compra de castanha na atual safra, de acordo com previsão do presidente da entidade, Luís Íris de Carvalho, o Licurgo (foto), que atribui o freio à crise econômica mundial.

Segundo Licurgo, em razão do preço da castanha ser determinado por empresas compradoras internacionais a Caex sente os reflexos da tormenta que toma conta dos mercados. Atualmente, a lata de 10 kg da castanha está sendo negociada ao preço de R$ 8,00 em Xapuri, quase a metade do valor máximo alcançado no ano passado, que foi de R$ 14,00.

Pouco atraente, o preço faz com que os extrativistas estoquem o produto a espera de uma alta futura. Até o momento, a Caex efetuou a compra de menos da metade do volume de castanha negociado no ano passado até o mês de janeiro, que foi de 10 mil latas de castanha de 10 quilogramas.

Durante o ano de 2008, foram beneficiadas na usina Chico Mendes, em Xapuri, 120 mil latas do produto. Neste ano, a previsão é de que esse número caia bastante e não há expectativa para uma melhora substancial nos preços que ora estão sendo oferecidos ao produtor.

A aquisição de borracha, o outro pilar da economia extrativista do Acre, também é inexpressiva pela Caex, que divide o que sobra da produção que é absorvida pela fábrica de preservativos Natex com outros compradores de igual ou maior "poderio" de compra.

Criada no bojo da luta liderada por Chico Mendes como alternativa de valorização para os produtos extrativistas e eliminar do processo a figura indesejável do atravessador, a Cooperativa de Xapuri não precisou esperar a chegada da crise mundial para ir à beira da bancarrota.

A verdade é que faz bastante tempo que as energias da Caex foram minadas por administrações que não seguiram à risca as recomendações do seringueiro famoso. Muita gente se beneficiou de forma pessoal deixando o maior interessado, o extrativista, como diz o velho ditado, "cheirando a vara do Batista".

Clique aqui para ler outras postagens sobre a Caex.

Catraia e barranco



Catraia transportando pessoas entre o bairro Sibéria e o centro de Xapuri no dia 20 de janeiro deste ano. As imagens, enviadas ao blog pela atriz Karla Martins, da Fundação Elias Mansour, são do fotógrafo Luiz Henrique, que veio do Rio de Janeiro para acompanhar a festa do padroeiro São Sebastião, na terra terra de Chico Mendes.



Os habitantes da quente Sibéria acreana convivem desde sempre com a rotina da rápida, mas nada cômoda, travessia oferecida pelas pequenas embarcações ora movidas a remo ora movidas a motor de popa. Preguiçosamente, o rio Acre embala o sonho de que uma ponte ponha fim à penitência das subidas e descidas impostas pelo impiedoso barranco.

Chuvas

As previsões da matereologia são de chuvas para toda a região Norte nesta sexta-feira. Há previsão de temporais no norte de Rondônia, Acre e Amazonas, com acumulado de quase 100 mm em 24 horas. Por conta da grande quantidade de nuvens, a temperatura permanece baixa em Rondônia, Acre e sudoeste do Amazonas. Preparem os guarda-chuvas.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Tião Viana: ‘Sarney não tem autoridade moral’

Do blog do Josias:



Confirmado como candidato à presidência do Senado, José Sarney insinuou que o rival Tião Viana deveria desistir.

Perguntou-se a Sarney se a disputa com Tião não prejudicaria a aliança entre PMDB e PT em torno do governo Lula.

E ele: "Não sei. Acabei de entrar na disputa. A disposição do presidente [Lula] é que haja um candidato apenas".

Insinuou que, "em nome da unidade das forças que apóiam o governo", o adversário petista deveria retirar-se do ringue.

Abespinhado, Tião Viana disse ao blog o seguinte:

“O Sarney não tem autoridade moral para fazer um pedido desses. Sobretudo depois de ter dito a mim, cinco vezes, que não seria candidato e que votaria em mim...”

“...A chance de eu desistir é zero. Qualquer que seja o resultado, sou candidato. Estou com votos suficientes para disputar a eleição para ganhar...”

“...A toalha está no canto do ringue e lá vai permanecer. Continuaremos lutando. Não tem essa de jogar a toalha.”

Como se vê, a atmosfera do Senado ferve. No centro do caldeirão encontra-se a bancada do oposicionista PSDB, cujos votos decidirão a disputa entre os dois governistas.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Dengue pode ter matado professora xapuriense



A funcionária pública federal Júlia Maria Santana de Menezes, 51 anos, morreu no início da tarde desta terça-feira, 27, em Rio Branco, com suspeita de dengue hemorrágica, segundo noticiou o site Ac24horas.

Ainda segundo o site, Júlia foi a terceira vítima da doença, que teria vitimado mais duas pessoas em apenas vinte e sete dias do primeiro mês do ano na capital acreana.

Júlia Menezes, filha de família xapuriense, foi internada no hospital Santa Juliana no dia 17 de janeiro com suspeita da doença. Lá, ela foi atendida por uma médica de nome Luciene e em poucos dias já estava na UTI.

O irmão da vítima, Rubens Santana de Menezes, o Rubinho, 52, disse que há uma suspeita de Júlia ter se infectado com uma bactéria dentro da UTI do hospital.

"Ela foi internada com suspeita de dengue, após alguns dias o quadro evoluiu para uma infecção urinária e por conta disso seu corpo foi encharcando até comprometer os pulmões", revelou.

O pai de Júlia, o aposentado Francisco Calixto de Menezes, o seu Chiquinho, disse que já tinha perdido alguns irmãos, mas que a dor da perda de um filho é algo muito pior. "Nunca tinha experimentado a perda de um filho, é muito diferente", disse.

O corpo de Júlia Menezes está sendo velado na capela São João Batista e será sepultado na manhã desta quarta-feira, no cemitério Morada da Paz.

As informações são de Wania Pinheiro, no site Ac24horas.com

O blog presta solidariedade à família Santana de Menezes pela perda precoce e irreparável da filha Júlia.

Direito à memória e à verdade



Clique na imagem para ampliar e aqui para fazer o download do livro Direito à Memória e à Verdade.

Sexômetro



Clique na imagem para saber do que se trata.

Vassoura d'água

Fui cobrado por um ouvinte anônimo do programa que apresento na Rádio Educadora 6 de Agosto a comentar mais uma varrição de rua realizada em Xapuri cuja vassoura seria um potente jato d'água originado em um "caminhão-pipa".

O fato teria acontecido na última sexta-feira nas proximidades da igreja de São Sebastião e o motivo da cobrança a mim é por, no ano passado, haver criticado a atitude do ex-prefeito Vanderley Viana de utilizar o inadequado método.

Entrei então em contato com a assessoria de gabinete do prefeito Bira Vasconcelos e fui informado que realmente o fato ocorreu, mas não por determinação da prefeitura. Um desavisado coordenador de uma equipe de limpeza foi o autor da besteira.

A explicação da prefeitura, no entanto, não a exime da culpa. Qualquer funcionário deveria ter a obrigação de saber que não é ambientalmente correto varrer ruas com água seja qual for sua origem. Se tratando de Xapuri, então...

Ponto positivo, porém, para a maneira atenciosa com que as explicações foram dadas, diferentemente do que acontecia na administração passada. Erros sempre ocorrem e as críticas servem para que não reincidam.

Na terra onde as vassouras ecológicas de garrafas plásticas não vingaram, muito menos darão certo os jatos d'água tomados por elas. Isso se realmente temos o interesse de ver consolidadas políticas ambientais que condigam com o simbolismo ecológico que a cidade possui.

Resolução para controlar prisões temporárias

Agência CNJ de Notícias

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, na sessão plenária desta terça-feira (27/01), a edição de uma resolução para controlar as prisões temporárias no país. A medida foi proposta pela conselheira Andréa Pachá e confirmada pela maioria dos conselheiros. De três em três meses, os magistrados deverão encaminhar dados às corregedorias sobre a situação das prisões temporárias. A resolução vai criar mecanismos para que o Conselho tenha dados estatísticos da quantidade de prisões temporárias existentes no país. Além disso, permitirá que os juízes e tribunais acompanhem com mais controle e precisão os prazos referentes às prisões temporárias.

O presidente do CNJ, ministro Gilmar Mendes, destacou a aprovação da resolução. Segundo ele, o Brasil possui um número “elevadíssimo” de prisões temporárias. O ministro citou como exemplos, os dados do Maranhão com 74% dessas prisões, Bahia 73%, Minas Gerais 72% e Amazonas com cerca de 67%. “São números extremamente altos”, disse.

De acordo com o presidente do CNJ, não há dados precisos sobre esses casos, mas a estimativa é de que as prisões temporárias correspondam a mais de 50% nos Estados. Para ele, a resolução possibilitará a supervisão de uma área muito sensível dos direitos humanos. “Vamos acompanhar uma demanda quanto ao respeito aos direitos humanos e o combate á impunidade”, afirmou.

De acordo com a conselheira Andréa Pachá, relatora do processo, é fundamental a realização desse controle para garantir que as prisões sejam feitas de forma regular. Ela lembrou que nos mutirões carcerários realizados nos Estados do Maranhão, Rio de Janeiro, Piauí e Pará, foram soltos 1.400 presos que estavam em situação irregular.“É inadmissível que um preso em flagrante passe três a quatros anos na prisão, sem que o juiz saiba dessa situação”, afirmou.

Na avaliação do corregedor Nacional de Justiça,ministro Gilson Dipp, também favorável à medida, a edição da resolução é um alerta para os vários problemas do sistema carcerário brasileiro. Segundo ele, os dados vão ajudar principalmente os presos carentes, que não têm recursos para contratar advogados, o Judiciário, o Ministério Público e as defensorias públicas.

Controle trimestral

Segundo a relatora, os juízes de primeiro grau encaminharão as informações trimestrais à Corregedoria Geral de Justiça e os desembargadores para a presidência dos tribunais. Esses dados serão consolidados pelo CNJ, através da Corregedoria Nacional de Justiça.

O regulamento também vai possibilitar que os juízes tenham conhecimento dos processos parados há mais de três meses, cujos acusados estejam presos. “A resolução vai criar um controle para efetivar a atuação do juiz”, justifica Andréa Pachá. Ela argumenta que “as prisões temporárias devem ser uma exceção e não regra”. As prisões temporárias são aquelas cuja sentença não tenha transitado em julgado. Estão entre elas: as preventivas e em flagrante.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Diplomacia do século XXI necessita do turismo

Luiz Brun de Almeida e Souza

A paz é um processo difícil e tortuoso. Tudo o que aconteceu no século XX foi apenas a preparação para os desafios que vão se acentuar nos próximos anos. O turismo é uma forma prática, inteligente e objetiva de aproximar os povos, fazendo com que eles se conheçam melhor e compreendam os problemas respectivos.

Quem visita não só olha, contempla, observa, mas também absorve em parte as emoções predominantes no lugar visitado. O turismo, no plano internacional, exerce papel aglutinador, quase didático que vai semear o terreno das negociações. Hoje o diplomata necessita do apoio da opinião pública de seu país, para garantir os compromissos a serem assumidos nos planos comercial, financeiro e cultural. À medida que tal apoio estiver presente, o processo negociador terá o êxito desejado. Daí a importância do intercâmbio em todos os níveis, seja com os países desenvolvidos, seja com os países de menor desenvolvimento relativo. É como se a humanidade tivesse de se irmanar num imenso abraço de confraternização, produzido pela familiaridade com o próximo.

Atualmente, o turismo tem os instrumentos para viagens rápidas e produtivas, pelas quais podemos conhecer melhor sociedades outrora distantes e inatingíveis. É verdade que há barreiras como idiomas diferentes e complicados para a maioria. Existem também os cada vez mais rígidos sistemas de controle de segurança nos aeroportos e nas ruas de certos países. São constrangimentos que refletem o lado negro da globalização. Não podemos, porém, render-nos a tais obstáculos.

Parceria e humanismo

A diplomacia no século XXI requer a participação da opinião pública de forma crescente e determinante. Tudo estará sendo revelado pela mídia em tempo real. Pelo turismo, vamos conhecer melhor nossos interlocutores no campo da negociação, tornando-os, se possível, parceiros de investimentos e ajuda humanitária. Como resultado final desse turismo aproximador e revelador, o planeta se beneficiará porque os comportamentos destruidores que o agridem – como o aquecimento solar global e suas conseqüências funestas – serão de alguma forma atenuados ou transformados por um novo tipo de consciência ecológica, de impacto mundial.

No século atual, o turismo será assim um aliado imprescindível para uma diplomacia "transparente", sem segredos inúteis, onde conhecer o próximo significa o passo inicial de nossa sobrevivência no planeta. "Conhecereis a verdade e ela vos libertará", deverá ser mais do que nunca o lema do turismo a serviço da paz.

Luiz Brun de Almeida e Souza é vice-presidente executivo da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB).

domingo, 25 de janeiro de 2009

Perguntar não ofende

O que o novo prefeito de Xapuri estará pensando em fazer com duas invencionices largadas ao tempo pelas duas últimas administrações do município sem nunca terem se prestado à menor utilidade para a população?



A primeira é a Lavanderia Comunitária, localizada na rua Rotary, projeto da época do ex-prefeito Júlio Barbosa, que consumiu cerca de R$ 80 mil do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (veja aqui) sem nunca ter lavado uma cueca sequer.



A segunda é a maluquice chamada de Fábrica de Vassouras Ecológicas, idealizada pelo ex-prefeito Vanderley Viana, que não chegou a funcionar durante um mês. Um dos exemplos de ideias que fizeram com que Viana fosse varrido - espero que definitivamente - para a lixeira da política local.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

"Equívoco corrigível"



O professor José Everaldo Pereira, que se declara leitor assíduo deste blog, chama atenção, em comentário postado sobre a reinauguração da praça São Gabriel, localizada em frente à igreja de São Sebastião, para um "equívoco corrigível" da prefeitura de Xapuri. A praça, segundo ele, chama-se na verdade “Barão do Rio Branco” em homenagem a um dos signatários do Tratado de Petrópolis que anexou o Acre ao Brasil.

"A praça São Gabriel é o espaço localizado na esquina da Rua Sadala Kouri com a 24 de Janeiro, ornada com a hélice de um galeão - astúcia do maior contador de histórias em missão catequética, o saudoso Padre José Carneiro de Lima - e uma pedra mármore carrara, trazida da cidade de São Gabriel no Rio Grande do Sul, com uma foto em bronze de José Plácido de Castro, o filho mais querido da bela cidade gaúcha e nosso herói na Revolução Acreana, homenagem prestada na gestão Edson Dias Dantas. Desse modo, a Prefeitura Municipal cometeu equívoco corrigível e não menos diferente dos muitos já produzidos em nossa Xapuri, por conta da apropriação histórica de relevantes fatos de nossa Amazônia, no que espero vê-lo corrigido em prol das significações culturais e da correta versão dos fatos", esclarece o professor.

O também professor Náder Melo Sarkis já havia levantado suspeitas sobre o provável equívoco. Informado do possível erro, o prefeito Bira Vasconcelos prometeu verificar as informações disponíveis na sua prefeitura sobre as praças e proceder a devida correção. Outro conserto em favor da história que deve ser feito em futuro próximo é a devolução da hélice do padre José e o busto do herói da Revolução Acreana ao lugar de origem, citado pelo professor José Everaldo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Luz para o esporte



O estádio municipal Álvaro Felício Abrahão, principal praça de esportes de Xapuri, deve ganhar vida nova a partir do dia 22 de março, data do aniversário da cidade, quando deverá ser inaugurado um novo sistema de iluminação, conforme anunciou a prefeitura na semana passada.

O diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura e Desportos, Julinho Figueiredo, já recebeu a visita de um engenheiro, enviado pelo governo do Estado, que veio a Xapuri no último sábado, dia 17, para conhecer a situação do estádio e dar início à elaboração do projeto, que deverá dar nova luz ao futebol xapuriense.

É bom lembrar que essa inauguração está atrasada em 4 anos. Em 2005, o ex-prefeito Vanderley Viana também anunciou para o dia 22 de março a iluminação do velho Álvaro Felício, que já foi Góes e Castro. Como os tempos são outros, os desportistas de Xapuri estão confiantes que desta vez seja pra valer.

Praticamente abandonado nos últimos anos, o estádio municipal de Xapuri já foi palco de grandes campeonatos de futebol amador, e no seu gramado já desfilaram grandes jogadores - alguns legítimos craques - e tradicionais equipes que, com o passar dos anos, foram relegadas ao esquecimento.

O plano de governo do prefeito Bira Vasconcelos prevê o resgate do futebol xapuriense com suas equipes tradicionais, como: Brasília, Santiago, América, Vasco da Gama, Olaria e outras. A velha LXD - Liga Xapuriense de Desportos - deve ser revitalizada ou criada outra entidade que conduza o esporte.

Já para esse ano, está prevista a realização do campeonato xapuriense de futebol com três divisões e com as equipes recebendo apoio do município. Coisa que somente será possível com a existência de um estádio iluminado para que possa receber jogos noturnos.

Rio Acre



Rio Acre visto do bairro Sibéria, em Xapuri.

Amigos... de Xapuri



Festa de São Sebastião em Xapuri sempre proporciona momentos de confraternização e encontro de velhos amigos da cidade. A pelada dos Amigos de Xapuri é um desses momentos. Na partida realizada no último final de semana, os masters de Rio Branco venceram os de Xapuri pelo placar de 5x0. Além de vencer o jogo, o goleiro Leônidas Badaró ganhou carinhos e afagos do repórter fotográfico Gleílson Miranda, da Agência de Notícias do Acre.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cidade universitária

O prefeito Bira Vasconcelos revelou durante os festejos de São Sebastião que sonha com a transformação de Xapuri num polo universitário com foco na alta tecnologia em produtos florestais e pesquisa comunitária.

Para tornar real o sonho, um projeto já está sendo colocado em discussão por uma comissão nomeada pelo governador Binho Marques, apoiador da ideia. A intenção é atrair o interesse de alguma universidade e de pesquisadores para Xapuri.

Fábio Vaz, assessor especial do Governo, Sérgio Roberto, secretário adjunto de Saúde e professor da Ufac e Carlos Franco, pró-reitor de Planejamento da Universidade Federal do Acre (Ufac), são entusiastas da ideia e compõem a comissão.

Bira reconhece que o projeto é ousado, mas o considera plenamente viável. "Isso é uma coisa muito comum lá no interior de São Paulo, onde estudei, e podemos implantar aqui também", diz o prefeito, que é formado na área de Agronomia.

O local para o pólo universitário ser instalado já estaria, inclusive, definido: a área onde funcionou a extinta usina da Cila - Companhia de Laticínios do Acre, na Estrada da Borracha, e 2010 seria o ano para o início do funcionamento.

A ideia do prefeito de Xapuri é de que não sejam construídos alojamentos para os alunos. A intenção é incentivar a criação de albergues e valorizar o setor de aluguel de prédios de apartamentos na cidade.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Salve, São Sebastião!



Cerca de 20 mil pessoas, de acordo com estimativa da Polícia Militar, participaram da procissão de São Sebastião, em Xapuri, na tarde desta terça-feira. Desde as primeiras horas da manhã, os milhares de fiéis que lotaram a cidade passaram pela igreja do soldado cristão que desafiou o império romano em nome da fé.

Durante todo o período que antecedeu a procissão, devotos permaneceram na igreja fazendo preces e oferecendo ex-votos à imagem postada ao lado direito do altar sagrado. A movimentação de pessoas aumentava com a proximidade do horário da missa que todos os anos antecede a saída do santo da igreja.

Na praça São Gabriel, localizada em frente à igreja, reinaugurada ontem para a festa deste ano, os fiéis se preparavam para o momento esperado de agradecer ao santo pelos pedidos atendidos. Pessoas descalças, umas trajando roupas vermelhas, outras nuas da cintura para cima, repetiam um ritual que completou 107 anos de história.

Por volta das 16 horas, uma grande multidão acompanhava a missa do lado de fora da igreja através dos carros de som distribuídos por vários locais da praça e das ruas próximas. A procissão saiu da igreja de São Sebastião às 17h14m e ganhou corpo no decorrer do trajeto de pouco mais de três quilômetros pelas principais ruas da cidade.

No percurso, quatro paradas tradicionais: no ginásio de esportes Álvaro Mota, onde o padre Francisco das Chagas proferiu mensagem à juventude; no museu Casa Branca, onde foi lembrada a Revolução Acreana; na praça de São Sebastião, quando o pároco pediu proteção do santo aos xapurienses; e no hospital da cidade, onde o padre rezou pelos enfermos.

Muita gente acompanhou o cortejo das sacadas e varandas das casas. Nas ruas do centro comercial, o raro momento em que os muitos bares que povoam essa região da cidade param em respeito à passagem do santo padroeiro. Ao final da procissão, de volta à igreja, o padre Chagas abençoou e se despediu dos romeiros que participaram de mais uma festa do santo padroeiro.

Problemas

A procissão deste ano foi marcada por alguns fatos inusitados e outros recorrentes. Numa das quatro paradas programadas, o inusitado: o caminhão de som que puxava o cortejo passou do ponto combinado, interrompendo a caminhada por alguns minutos, tempo que o padre aproveitou para conceder entrevista a uma emissora de TV.

O fato recorrente foi a péssima sonorização que mais uma vez prejudicou o andamento da procissão. Apesar da melhor qualidade dos carros de som contratados este ano, em vários pontos ocorreram interferências e perda de volume do áudio emitido pelo equipamento. Outro contratempo foi causado pelas falhas do microfone sem fio utilizado pelo padre.

Uma pane da operadora de telefonia Brasiltelecom - fato comum nos últimos tempos - causou prejuízos à transmissão da emissora de rádio local. Por cerca de uma hora os telefones fixos e celulares ficaram totalmente mudos na cidade. O problema tornou a transmissão precária e deixou os ouvintes em alguns momentos sem saber o que estava acontecendo durante a procissão.

Apesar dos problemas, a festa mostrou que continua forte e deve continuar movimentando a cidade até o próximo final de semana. O prefeito Bira Vasconcelos estima que R$ 1 milhão circulem no comércio local durante o período dos festejos. Os marreteiros tem permissão da prefeitura para permanecer até o dia 26, sem prorrogação de prazo.

Praça São Gabriel é devolvida à população



Tatiana Campos

A Praça São Gabriel, rodeada pela Igreja de São Sebastião, Sindicato dos Trabalhadores Rurais - onde o corpo de Chico Mendes foi velado - e pelo Quartel da Polícia Militar foi reconstruída e entregue para a população de Xapuri em 18 dias. O esforço, do Governo do Estado e a Prefeitura do município foi para oferecer à cidade, na festa do santo padroeiro, o aconchego da praça que é um dos símbolos do município e estava sem condições de uso.

"A Praça São Gabriel na verdade representa o começo da Festa de São Sebastião. Fica em frente à igreja, é um lugar que reúne os fiéis, que sempre esteve presente em nossa cidade. Lugar de muitas histórias, de muita simbologia. O esforço de reconstruir a praça em 18 dias para chamar o povo para a festa traduz bem o slogan da nossa administração: Todos por Xapuri", comentou o prefeito Bira Vasconcelos.

A reforma da praça custou ao Governo do Estado R$ 108 mil e será feita em duas etapas. A prefeitura entrou com a mão de obra e alguns equipamentos. A Praça Plácido de Castro, ao lado da São Gabriel, também está incluída na obra e deve ser entregue após o carnaval. As duas praças são separadas pelo corredor de ônibus intermunicipal e serão integradas com a reforma.

A professora Deise Pinheiro fez uma fala emocionada durante a reinauguração da principal praça da cidade. "Precisamos resgatar a história e a cultura de Xapuri, que consiste na essência da nossa identidade. Precisamos encontrar diretrizes para que possamos ressurgir das cinzas, de forma gloriosa e triunfante como éramos no passado. A praça é um emblema de amor por Xapuri, agora podemos voltar a sonhar".

O representante do governador na solenidade, Ermício Sena, ressaltou que durante a campanha de Bira para prefeitura, não foram feitas promessas, mas assumidos compromissos, que foram firmados em parceria com o governador Binho Marques. "O governador se comprometeu, num comício em frente a igreja, a começar uma revolução em Xapuri junto conosco e que as mudanças começariam pela praça. Foram 18 dias de obras para que ele fosse entregue antes da festa de São Sebastião. Estamos num novo tempo e tudo o que foi pactuado será cumprido".

■ Tatiana Campos é a repórter da Agência de Notícias do Acre deslocada para fazer a cobertura da Festa de São Sebastião em Xapuri. Clique aqui para ler as reportagens.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Exemplo de fé

Romeiro caminha 160 quilômetros de Senador Guiomard a Xapuri para pagar promessa ao padroeiro São Sebastião



O conselheiro tutelar do município de Senador Guiomard, Éder de Melo Nascimento, 26 anos, chegou a Xapuri na tarde desta segunda-feira (19), depois de caminhar cerca de 160 quilômetros pela BR-317 para pagar uma promessa feita ao santo padroeiro da cidade, São Sebastião.

Éder saiu de sua cidade na última quarta-feira às 5 horas da manhã e chegou a Xapuri depois de 130 horas de caminhada parando somente para dormir e se alimentar. Ao entrar na cidade, por volta das 17 horas desta segunda-feira, tinha um andar cambaleante somado ao objetivo firme de chegar até a igreja de São Sebastião, distante dali ainda 3 km.

O romeiro explicou que a promessa – feita há dois anos – não foi motivada por problemas de saúde, mas pelas dificuldades financeiras que atravessava, junto com sua família, vivendo mal por não ter emprego nem outro meio para sobreviver dignamente. Ouviu histórias de graças concedidas pelo santo a alguns conhecidos e resolveu pedir a ele que sua vida melhorasse.

Algum tempo depois de se valer de São Sebastião, a vida de Éder começou a mudar, segundo relata. Candidatou-se ao cargo de conselheiro tutelar do seu município, sendo eleito com mais de 300 votos de pessoas da comunidade. “São Sebastião ouviu o meu pedido e me proporcionou uma vida melhor. É por isso que estou aqui”, disse.

O devoto do padroeiro de Xapuri diz ainda que no caminho algumas pessoas tentaram dissuadi-lo do objetivo de chegar ao seu destino, andando a pé. “Nem as palavras de desestímulo nem o cansaço físico foram capazes de me demover do intuito de chegar até a igreja de São Sebastião e agradecer pela ajuda que ele me deu”, afirmou.

"Shopping Popular"



Batizado de Shopping Popular pelo prefeito Bira Vasconcelos, o novo espaço para abrigar os marreteiros mostra que não é preciso fazer mágica para tornar a maior festa anual de Xapuri numa coisa minimamente organizada.

Bastaram algumas dezenas de tendas bem distribuídas e coragem para enfrentar os descontentes para transformar a bagunça que era a área dos comércios ambulantes numa verdadeira feira, digna da importância da festa religiosa.



A praça de alimentação montada numa área da praça Plácido de Castro também é inovadora. Além de oferecer um ambiente mais amplo e agradável tanto para vende como para quem come e bebe, não se corre mais o risco de cair dentro de uma churrasqueira ao andar pelas ruas da cidade, onde esse tipo de atividade comercial era praticada até o ano passado.

Forró do Seringal


Teté e Juvenal Aquino: Forró do Seringal

O público abaixo do esperado não afetou em nada o brilho da abertura do festival musical Xapuri em Concerto, na última sexta-feira, evento integrante da programação da festa do padroeiro São Sebastião.

A noite começou com o som do saxofone do garoto Jardel, de 15 anos, revelação musical da cidade. Danah & os Nobres deram sequencia à noite tocando a nova MPB ainda com uma platéia desconfiada, que preferia se manter à distância, nos barzinhos.

Mas foi com a apresentação da Orquestra de Sanfonas, sob o comando dos sanfoneiros Teté, de Rio Branco, e Juvenal Aquino, de Xapuri, que a noite realmente esquentou. O "Forró do Seringal" tomou conta da praça e botou muita gente pra dançar.

O sanfoneiro Teté ainda se recupera de um AVC que o deixou dois anos longe da música. A apresentação em Xapuri mostrou que o derrame não tirou dele a habilidade para fazer o que mais gosta: pura arte regional de qualidade indubitável.

Juvenal Aquino é uma instituição xapuriense, exemplo da riqueza cultural que a cidade possui, mas que não recebe o merecido reconhecimento. Quem visita Xapuri e não conhece o "Forró do Juvenal", perde a viagem.

No domingo, a atração do festival foi a banda Mapinguari Blues. Nesta segunda, a partir das 20 horas, o encerramento do evento com Danah & os Nobres e as bandas Gaya, que sobe ao palco às 21 horas, e Yaconawa, que se apresenta a partir das 22 horas.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Saúde solidária



Cerca de 40 médicos recém-formados pela Universidade Federal do Acre estão em Xapuri, neste final de semana, participando do projeto "Saúde Solidária", fruto de uma parceria entre governo do Estado, prefeitura e Ufac.

A ação consiste em um grande mutirão de atendimento médico e realização de exames nos moldes do programa Saúde Itinerante, idealizado pelo senador Tião Viana. O atendimento acontece em duas escolas da cidade.

De acordo com o secretário estadual de saúde, Osvaldo Leal, o objetivo dos novos médicos, além de prestar atendimento de saúde à população, é o de agradecer à sociedade acreana pelo investimento feito nas suas formações.

A secretária municipal de saúde de Xapuri, Maria Maciel, destacou a importância do atendimento com o fato de que o atendimento básico de saúde está parado em Xapuri há mais de 20 dias. Sem médicos, os postos de saúde dos bairros estão funcionando de forma mínima.

Na próxima semana, três médicos disponibilizados pelo governo do Estado chegarão a Xapuri para reativar as unidades do Programa Saúde da Família. O município também estará recebendo medicamentos para suprir as prateleiras vazias dos postos de saúde.

Carro novo



A polícia Militar de Xapuri recebeu ontem, da Secretaria de Estado de Segurança Pública, uma moderna viatura para dar suporte ao trabalho de policiamento comunitário que vem sendo desenvolvido no município.

Em ato simbólico, a chave do veículo foi entregue pelo secretário interino de Segurança Pública do Acre, Ermício Sena, ao comandante da Cia. Ambiental de Xapuri, Denílson Lopes, e ao prefeito Bira Vasconcelos.

Desde o mês de novembro do ano passado, o comando da PM em Xapuri desenvolve um projeto de segurança preventiva que envolve as comunidades de alguns bairros periféricos da cidade em ações educativas contra a violência.

Madeira que cupim não rói



O repórter fotográfico da Agência de Notícias do Acre, Sérgio Valle, atentou para os detalhes da arquitetura da residência da família Leite, localizada na rua Cel. Brandão, no centro de Xapuri.

A riqueza da arquitetura em madeira existente em Xapuri foi tema da dissertação de mestrado transformada no livro "Madeira que cupim não rói - Xapuri em Arquitetura", de Ana Lúcia Reis Melo Fernandes da Costa.

A obra foi lançada em 2002, pela gráfica do Tribunal de Justiça do Estado do Acre, e merece ser lida por todo xapuriense. Nela, a autora faz uma viagem por histórias escondidas sob os traços arquitetônicos da pequena Xapuri.

Em breve, postarei informações sobre como obter o livro.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Imagem do sábado



Em plena tarde de sábado, flagrei o menino João Garrinha, proprietário da Pousada Chapurys, soltando pipa na calçada de casa com sorriso de moleque estampado no rosto. Exemplo de como a tempestade sempre passa e podemos continuar a viver felizes nesta terra abençoada por Deus, bonita por natureza, e amada por seus filhos verdadeiros. A vida é nova na cidade.

História de fé



Em Xapuri uma coisa não se desvanece com o passar do tempo: a força da fé e da devoção da população católica no santo padroeiro da cidade - São Sebastião. Em nenhum outro lugar do estado uma manifestação religiosa possui dimensão semelhante, seja pela mobilização de toda uma sociedade ou pela forma como interfere na vida social e econômica desta mesma comunidade independentemente do credo religioso de cada um de seus membros.

A história da Festa de São Sebastião se confunde com a história de Xapuri e acompanha, incólume, a trajetória de glórias e insucessos que fazem parte da vida da cidade no decorrer de mais de 100 anos de existência. As origens da festa são incertas, mas relatos antigos dão conta de que meses antes de estourar a Revolução Acreana, que faria o Acre brasileiro, os xapurienses já haviam elegido o soldado romano defensor do Cristianismo como seu eterno patrono.

Era 20 de janeiro de 1902, quando um grupo de mais ou menos 100 pessoas saiu às ruas em procissão, dando início a uma tradição que na década de 20 do século passado já era considerada como o maior acontecimento da próspera Xapuri dos imensos e ricos seringais e das grandes casas comerciais. A imagem que hoje está na igreja do santo só chegou a Xapuri em 1912, vinda da Itália depois de, segundo relatos, ter sido saudada pelo poeta Gabrielle D’Annunzio.

Leia na íntegra a contribuição deste blogueiro sobre a Festa de São Sebastião para o site Ac24horas.

“Não deixaram nem a cadeira do meu gabinete”.



O jornalista Luís Carlos Moreira Jorge entrevistou o prefeito de Xapuri, Bira Vasconcelos, no meio desta semana, quando o petista esteve em Rio Branco se encontrando com o governador Binho Marques, que tem sido o grande padrinho do município nesse início da nova administração. Nenhuma novidade com relação ao que já foi divulgado aqui neste blog, alguns pontos já são até enfadonhos para a população local, que já conhece de cor e salteado a bomba deixada nas mãos do novo prefeito, mas, enfim, vamos à entrevista:

Xapuri, a casa da mãe Joana

Por Luís Carlos Moreira Jorge

Quando foi lançado como candidato a prefeito de Xapuri, Bira Vasconcelos era apontado como uma zebra política, afinal, o PT, seu partido, com toda máquina do governo, com apoio do então prefeito Julio Barbosa (PT), foi derrotado pelo peemedebista Wanderley Viana, que como se diz na gíria, não tinha um pau para dar no gato.

Ao longo da campanha, bem organizada pelo subsecretário de Saúde, Sérgio Roberto, a candidatura de Bira foi crescendo, tomando corpo, e acabou ganhando a eleição com uma vantagem razoável sobre o segundo candidato. O ac24horas foi lhe ouvir como recebeu a prefeitura, suas metas, o que acha da expulsão de posseiros da Reserva Chico Mendes, e qual os seus primeiros passos para este mandato.

Ac24horas – Fala-se que você recebeu uma prefeitura depenada. O que há de verdade nesta história?

Bira Vasconcelos - Não recebi a Prefeitura. Foi uma transição apressada. No Natal fui procurado pelo ex-prefeito Wanderley Viana que pediu para fazermos as pazes. Mas, a documentação necessária para eu ter um perfil patrimonial, não me foi passada. Aos poucos é que fui me inteirando da situação, que é terrível. Para vocês terem uma idéia, quando cheguei no gabinete do prefeito não tinha nem cadeira para sentar, telefones mudos, o prédio em péssimas condições de conservação, enfim, uma desordem geral.

Ac24horas - Você falou em patrimônio depredado, o que vem a ser isso?

Bira Vasconcelos - Todos os imóveis municipais fisicamente em péssima conservação. Da patrulha mecanizada apenas um trator funciona, e um deles está jogado no meio de um ramal, arados em fazendas, e por aí em diante. Dos carros da prefeitura só um deles tem condições de trafegar. Para se ter uma idéia deste descaso, no relatório que recebi do ex-secretário de Agricultura, este diz em certo trecho sobre o paradeiro de um perfurador de solo que “só Deus sabe”. Por esta afirmação se vê como funcionava a prefeitura.

Ac24horas - E que providências você pretende tomar para esta bagunça?.

Bira Vasconcelos - Já tomei. Formei uma comissão de sindicância para levantar todo o patrimônio da prefeitura, composta por vereadores e secretários municipais, para que eu possa ter idéia com que vou contar de fato para administrar. Após a conclusão dos trabalhos vou enviar uma cópia para o Ministério Público Estadual para que tome as providências cabíveis e vou tratar de cumprir bem o meu mandato.

Ac24horas - Você assume em meio a um fato polêmico que é a expulsão de moradores da Reserva Chico Mendes, tida como santuário ecológico do PT, mas que foi transformada num grande campo de pecuária. O que você pensa disso e como vai se posicionar a respeito?

Bira Vasconcelos - Veja bem, existem duas situações distintas na Reserva Chico Mendes: uma a de pecuaristas com propriedades vizinhas, que foram agregando áreas da Reserva às suas terras. São profissionais liberais, empresários, funcionários públicos, cujos perfis não se enquadram na Reforma Agrária. Estes terão que sair. Mas, não pode ser de imediato. Tem que ser dado um bom prazo para que se retirem. A outra situação é de moradores da Reserva que extrapolaram o limite de desmate de 10% para criar gado. Estes terão que permanecer. O que o governo e os órgãos ambientais terão que fazer é financiar o reflorestamento e criar projetos que garanta um meio de vida dos seringueiros, que por falta de incentivo partiram para a pecuária.

Ac24horas - Mas você esquece que se tudo isso ocorreu é por culpa do IBAMA, do governo, que não moveu uma palha para evitar que a pecuária dominasse a Reserva Chico Mendes. Ou não foi assim?

Bira Vasconcelos - De fato desde 1990, quando a Reserva foi criada, e lá se vão 18 anos, que o Estado, os órgãos ambientais não cuidaram da preservação ambiental da área. Quem cuidava eram os próprios seringueiros, através de sua organização, mas estes não tinham poder de polícia para evitar o desmate. Houve de fato uma omissão do poder público neste aspecto. Não se pode esconder.

Ac24horas - Você já é prefeito, o palanque foi desmontado, e o que pretende fazer de imediato?

Bira Vasconcelos - Neste final de semana estaremos com 40 médicos atendendo a população e vamos fazer uma bela festa de São Sebastião: estão todos convidados.

◙ Luis Carlos Moreira Jorge é colunista do jornal A Gazeta e do site Ac24horas.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sede Verde da Copa de 2014



O Acre apresentou ontem à Fifa a proposta técnica da cidade de Rio Branco como candidata oficial à sede da Copa do Mundo Fifa 2014. A proposta da cidade de Rio Branco é de ser a "Sede Verde" do mundial.

O documento foi entregue na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por volta do meio-dia, pelo Presidente do Comitê Executivo da Proposta do Acre, o ex-governador Jorge Viana.

Também foram ao Rio de Janeiro, participar da entrega do projeto, a Presidente do Comitê do Legado, senadora Marina Silva, o coordenador técnico da proposta, engenheiro Luiz Volpato, e o secretário estadual de Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Marques.

Para receber os jogos de uma das sedes da copa, o estádio Arena da Floresta precisa ser ampliado para receber 40.900 pessoas. Os maiores custos seriam com a infra-estrutura da cidade, principalmente no setor hoteleiro.

Dona Júlia Gonçalves Passarinho

Eden Barros Mota

Fico triste todas as vezes que me dirijo a Xapuri e vejo a nossa querida Banda de Música Dona Júlia Gonçalves Passarinho, jogada dentro de um matagal no antigo Centro Social, localizado na antiga Variante. Cresci ouvindo nas festas da Pátria – 5 e 7 de setembro -, bem como no campo de futebol a nossa Bandinha.


Fico triste porque a cada dia que passa não vejo o empenho dos administradores em tentar reerguer um patrimônio histórico e cultural que apenas Xapuri tem o privilégio de possuir, uma vez que nenhum outro município do Acre, nem mesmo a capital dispõe (uma vez que a banda da Polícia Militar é do Estado).

Os administradores devem entender que a Banda de Música é um ótimo investimento para os jovens. Ali se pode aprender uma profissão. A Banda de Música não deve ser vista como algo que apenas anima alguns momentos solenes de nossa cidade, mas como um investimento voltado para a juventude.

Há muito tempo imagino a criação de uma escola de música municipal, abrangendo todos os tipos de instrumentos. Isso é cultura. Isso é dar possibilidade de crescimento para nossa juventude que se encontra carente de quase tudo.

◙ Eden Barros Mota é xapuriense, ex-funcionário do Tribunal de Justiça do Acre, atualmente agente da Polícia Federal. Veja na postagem
A cultura jogada no vaso fotografias do Centro Social, onde a Banda de Música de Xapuri - que leva o nome da genitora do ilustre xapuriense Jarbas Passarinho - ensaiava seus dobrados na última administração do município.

A próxima bomba

Luciano Pires

No canal GNT foi ao ar algum tempo atrás um documentário sobre as crianças israelenses e palestinas, mostrando o ódio que aprendem a nutrir entre si desde que nascem. Depois de uma extensa negociação, no momento mais dramático, o jornalista reúne numa mesma sala os dois grupos inimigos. O clima é pesadíssimo. A desconfiança, o ódio e o medo impregnam o ambiente.

São crianças normais, bonitas e divertidas. Os olhares são curiosos, mas naquele instante elas só são crianças na forma, nas feições. A expressão dos olhares não deixa dúvidas: o sentimento é de medo e ódio ao inimigo.

Posso entender o medo no olhar de uma criança. Mas não entendo o ódio.

Eu também era criança quando comecei a acompanhar a questão Israel x Palestina. E como minha fonte de informação primária é a imprensa, desconfio. Cada um conta a história com as cores que lhe interessam e neste caso recente dos ataques israelenses à faixa de Gaza, a grande arma é mesmo a imprensa. Mais propriamente: as fotografias. Principalmente as fotografias das crianças. Não existe argumento que justifique uma imagem de crianças mortas, cena capaz de destruir nossa capacidade de discutir racionalmente as circunstâncias daquelas mortes.

Crianças mortas são uma ofensa à humanidade. Ponto. Não interessam as razões. Elas estão mortas e isso é inaceitável.

Imagens têm uma força genuína que muda a história. O general vietnamita dando um tiro na cabeça do prisioneiro algemado. A menina correndo nua com o corpo queimado pelo Napalm. O monge imolando-se em praça pública... Foram imagens fortes que mudaram o destino da guerra do Vietnan, por exemplo.

Mas imagens - quando na mídia - são mais que a captura de um momento. São editoriais. Opiniões emitidas por quem tem um lado.

Por isso desconfio. Desconfio do enquadramento. Da iluminação. Do vermelho do sangue. Do choro da mãe. Dos olhos abertos da criança morta.

Do posicionamento da foto na página. Da sequência com que são publicadas. O terror da morte está lá, é inegável e indigno. Mas quem é que está me passando a mensagem? Que intenção está embutida nela? Que valores estão presentes ou ausentes? Se eu fosse palestino, como reagiria a ela? E se eu fosse israelense? Em que contexto a imagem foi obtida? Que reação pretendem que eu tenha diante dela? Indignação? Contra quem?

Estamos vivendo a guerra da propaganda, que extrapola o campo de batalha para tomar conta das televisões, jornais e revistas do mundo todo.

Sempre foi assim, mas agora está mais rápido. Mais cru. Mais tendencioso. E com a internet, então, mais manipulável.

E não interessa se somos pró-israelenses ou pró-palestinos. Devemos ter o cuidado de ouvir todas as opiniões, conhecer não só o contexto histórico, mas principalmente as idéias, ideologias e valores de quem está nos transmitindo a informação. Sobre quem está tentando nos convencer acerca do certo ou do errado.

Crianças mortas serão sempre um erro. Concluir sobre as responsabilidades é muito mais complicado.

E então acontece um momento mágico naquele documentário do GNT.

O jornalista pergunta para as crianças sobre o que elas mais gostam e a resposta é imediata e unânime entre palestinos e israelenses: futebol.

E quando ele pergunta para quem elas torcem, abrem-se sorrisos e os olhares tornam-se cúmplices: Brasil.

O clima de horror desaparece. O ódio transforma-se em sorrisos. Fica a paz, a satisfação. O futebol brasileiro, naquele momento, torna-se mais importante que a guerra. E as crianças esquecem as diferenças, quebram as barreiras e transformam-se naquilo que realmente são: crianças.

Pelo menos até a próxima bomba.

◙ Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Festa de São Sebastião mobiliza Xapuri

Devotos se preparam para uma das maiores manifestações religiosas do Acre



Seis meses antes que Plácido de Castro tomasse a então Mariscal Sucre, controlada pelos bolivianos, no dia 6 de agosto de 1902, dando início à Revolução Acreana, um grupo de cem pessoas saiu em procissão pelas ruas do vilarejo. Começava uma das mais importantes manifestações religiosas do Acre: a festa de São Sebastião, o santo padroeiro de Xapuri.

Não existem registros documentais das origens da procissão de São Sebastião na cidade. As informações são baseadas em depoimentos de pessoas da época que foram sendo repassadas às novas gerações. A história conta que a imagem do santo chegou a Xapuri em 1912, vinda da Itália, antes de ser embarcada para o Brasil pelo poeta e escritor Gabrielle D’Annunzio, autor do livro “O Martírio de São Sebastião".

No decorrer de 106 anos de realização ininterrupta, a festa do santo padroeiro de Xapuri cresceu e extrapolou a esfera religiosa. Os dias de janeiro que antecedem o “Vinte”, como passou a ser chamada a data da grande procissão, são marcados pela chegada de uma grande multidão de romeiros, turistas e comerciantes à cidade, que por vezes triplicam o número de habitantes da zona urbana.

Xapuri se transforma nesta época em um grande centro comercial temporário, onde as ruas são fechadas ao trânsito de veículos para dar lugar aos tradicionais “marreteiros”, que se deslocam de vários locais do Acre e de outros Estados. As festas noturnas começam a acontecer a partir desta quinta-feira, 15, em vários pontos da cidade.

Em 2009, a movimentação na cidade a seis dias do ponto alto da festa é menor que no ano passado neste mesmo período. Só agora os ambulantes começam a se instalar nos espaços disponibilizados pela prefeitura, que neste ano fez uma série de mudanças nas regras de ocupação do espaço. As velhas barracas de refugo deram lugar a modernas tendas dispostas em três ruas do centro da cidade.

O “Shopping Popular”, como está sendo chamado o novo espaço, contará com 128 comerciantes do ramo de confecções e 20 do ramo de bares e restaurantes, que ocuparão uma praça de alimentação improvisada pela prefeitura. De acordo com o prefeito Bira Vasconcelos, o objetivo é organizar essa tradição do comércio e dar mais conforto e segurança a todos, comerciantes e população.

O comércio local está otimista com a festa, apesar da concorrência que recebe do grande número de marreteiros. Para não ficar para trás, a maioria dos lojistas da cidade também garante seu espaço entre os ambulantes, como é o caso do comerciante João Honorato Cardoso, que trabalha no ramo há 24 anos. “As vendas aumentam em 50% para os lojistas que participam da festa”, diz ele.

O setor do comércio que mais fatura com a festa de São Sebastião é o de hotéis, pousadas e restaurantes. Nos hotéis é alto o número de pedidos de reservas e a previsão da maioria dos estabelecimentos é de que no fim de semana já não haja mais vagas disponíveis.

Exemplos de devoção

Num dos restaurantes mais tradicionais de Xapuri, a pensão da Tia Vicência, a proprietária Vicência Bezerra da Costa, 79, é uma das que trouxe a devoção em São Sebastião da sua terra natal, o Ceará, de onde veio para o Acre em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial. “O navio em que eu viajava com meus pais rumo ao Pará esteve na mira de um submarino. Foram momentos de pânico, mas graças a São Sebastião nada aconteceu e escapamos todos”, relembra.


Tia Vicência: devota de São Sebastião
desde o Ceará, sua terra natal.

Nesses dias que antecedem o ponto máximo da festa, é possível encontrar, na igreja do santo, várias personagens da história da fé em São Sebastião. A aposentada Mariete da Costa, 76, diz que em troca de uma graça recebida ela prometeu ornamentar a imagem de São Sebastião enquanto tivesse vida, trabalho que realiza todos os anos.

Considerada uma das mais respeitadas religiosas de Xapuri, a professora Euri Figueiredo, 73, é componente da equipe de liturgia da paróquia de São Sebastião. De acordo com ela, a principal preocupação da igreja é manter os fiéis em sintonia com o caráter religioso da festa. “Nós nos preocupamos com o robustecimento da fé e a transmissão da confiança em São Sebastião para que as pessoas não se prendam somente ao caráter comercial da festa.”

Programação

A programação religiosa da festa é restrita às celebrações e realização dos bingos e leilões. De forma paralela, a partir do próximo sábado, será desenvolvida uma programação cultural com o evento “Xapuri em Concerto”. Entre as atrações estão Danah & Os Nobres (Nova MPB), Mapinguari Blues (Blues e Rock), Banda Gaya (Reggae), Yaconawas (Hip Hop e Rap), Kelen Mendes (Popular), Grupo Harmonia (Forró do Seringal), Clube do Choro (Choro) e a Orquestra de Sanfonas (com músicos de Xapuri).

No domingo, 18, acontecerá o cortejo de bonecos gigantes, acompanhados pela banda de música Dona Júlia Gonçalves Passarinho e grupo Frutos da Terra. A saída do cortejo será às 17 horas da Praça São Gabriel, em frente à igreja, na rua Benjamin Constant. O ápice da festa acontece no dia 20, com a grande procissão, a partir das 16 horas, quando mais de 15 mil pessoas devem acompanhar a imagem de São Sebastião pelas principais ruas de Xapuri.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

São Sebastião - O início

Joscires Ângelo


Pagadora de promessa

Falar da Festa de São Sebastião é reviver uma época de prosperidade e ao mesmo tempo de agonia em Xapuri, é relembrar das figuras que povoam a memória do xapurienses, é lembrar da Dona Venília, do Sr. Tufic Salim, do Sr. Camurim, do Sr. Guilherme Zaire, da Irmã Madre Petronilla, Padre Felipe Galerani que se incubiram de deixar os primeiros relatos sobre a festa, dos saudosos músicos Zeca Torres, Pituba, Oscar, Aurélio, Beijuba entre tantos outros...

Não que sejam da minha época, mas de tanto ouvir falar dessas pessoas acabei me familiarizando com todas e corri atrás da vida de cada um e o principal de suas imagens. A lista é grande e não vou ser injusto e deixar alguns nomes sem citar, mas mesmo que 95% dessa pessoas já tenham adormecido para a eternidade é fácil ainda encontrarmos entres as pessoas acima de 60 anos depoimentos que surgem sem maiores dificuldades e com muita emoção de como era a Festa de São sebastião, agricultores, políticos, ex-seringalistas, seringueiros, professores, estudantes e aposentados do do “Funrural” falam com muito ardor sobre a importância da festa comemorada anualmente em Xapuri.

Sem importância e insignificante é o número dos que não querem prestar informações. Aliás, o reacionarismo, o medo de falar e a subserviência, até de pensamentos, são legados coloniais que atravessaram séculos e ainda hoje vivem nas cabeças de certos infelizes.

Leia o artigo completo no blog Xapuri News.